Relato da Xingu Liofoods no Troféu SP Ilhabela
Achei que eu não fosse ser capaz de escrever um relato sobre esta prova dado que na minha percepção inicial, ela não terminou bem, se comparado com os bons resultados que minha equipe havia obtido em provas recentes anteriores a esta e que, portanto, eu não teria nenhuma história interessante para contar. Mas aí, essa mesma equipe que se perdeu em um morro da Ilhabela e acabou por ser cortada, quer dizer, esquartejada na metade da “pequena e grossa” primeira etapa do recém-nascido Troféu SP, é que me mostrou os valores desta prova sem sucesso esportivo para a equipe, mas de onde saímos vencedores pelo simples fato de termos aceitado nossas fragilidades, nos unido, nos reconciliado, nos ajudado e por fim, nos animado de novo, terminando a prova com a cabeça em pé e o astral lá em cima, talvez melhor do que se tivéssemos ganhado (tudo bem, se tivéssemos ganhado teria sido muito mais legal, mas aí, provavelmente, este aprendizado não teria acontecido). Tudo tem seu valor.
Ou seja, se você quiser entender isto como um texto barato de auto-ajuda, sem dúvida vai conseguir, porque o que eu falo é justamente isto, que você pode olhar as coisas pelo lado ruim ou pelo lado bom. Tudo sempre será assim. Tudo terá os dois lados. De que lado você quer ficar, a escolha é sua.
Quando as coisas começaram a dar errado logo no começo da prova, eu, capitão e navegador, de salto alto (afinal, era só uma provinha de 50K), pulei para o lado ruim da coisa. Desesperei-me, perdi a concentração e enfiei o pé na jaca de vez (e olha que na Mata Atlântica tem jaca que fede demais). E mais uma vez, a vantagem de estar em quarteto se sobressalta, ainda mais quando você está ao lado de pessoas unidas pelo espírito de equipe. Estávamos todos no mesmo barco e iríamos juntos neste barco aonde quer que a correnteza o levasse. Do ponto de vista de um capitão de equipe, foi tudo de bom quando chegamos no PC6 e, ao sermos avisados que estávamos cortados (antes mesmo do corte oficial) e que poderíamos escolher entre ir para casa desclassificados ou correr 9K até o AT das bikes para pegá-las e continuar na prova, e a equipe, sem pedir minha opinião foi unânime: “Continuamos!” Quase chorei de felicidade ao ouvir aquilo, daquela maneira, cheia de convicção! Apesar de estarmos fora da competição pelos primeiros lugares, ninguém abandonou a prova, aliás, nem cogitou. Mais importante é que, todos estavam felizes de estar ali ainda, dentro da prova, apesar dos pesares.
Esta maturidade dos atletas da Equipe XINGU LIOFOODS, contem uma essência esportiva sem igual. Quer dizer, ela é a definição da essência esportiva. É também o exemplo clássico do banal, mas muito verdadeiro lema: “o importante é competir”. E é muito mais também: é o exemplo de compreensão e ajuda. Sabe quando você cai e alguém te dá à mão te levantando do chão? Sim, o capitão também cai. Mas uma equipe de corrida de aventura é formado por um capitão mais 3 capitães! Esse é o espírito. Essa foi à experiência deste final de semana.
Então é assim, cheio de arranhões e pancadas (uma muito forte na região do cóccix) no corpo e mais uma experiência de atitude, que a Equipe XINGU LIOFOODS se levanta, chacoalha a poeira e vai dar a volta por cima.
Apesar de eu ter dado mais importância às “coisas da alma” neste texto, tenho que terminar ressaltando a grande prova que foi esta primeira Etapa do Troféu SP. Nasceu ontem (anteontem mais precisamente), mas nasceu grande e maduro. Parabéns pela iniciativa, organização impecável e mais importante, pela “corrida de aventura de verdade” que vocês realizaram. Sei que este lema pertence ao Fran e o Lucas, mas tenho certeza que o sonho destes altruístas do esporte e também de todos os “corredores de aventura de verdade” é que este lema seja sempre levado à frente, por quem quer que seja. E o Troféu SP mostrou ao que veio logo de primeira. Show!
Quanto aos críticos, só uma palavra: aprendam a navegar.
Abraços a todos os amigos, ou melhor dizendo, familiares da corrida de aventura.
PAZ
Marcelo Catalan
Capitão Equipe XINGU LIOFOODS
02 Mar 2010 - 13h20 | relatos |
