A Carrasco é da Bahia - Relato da Gantuá Millennium Tia Sônia
Antes de começar o release gostaríamos de agradecer às empresas que tornam possível a nossa participação nas provas de corrida de aventura. Somos gratos à Millennium Inorganic Chemicals, que nos patrocina e nos mantém nas disputas; à Tia Sônia, que é nossa parceira há muitos anos; à Suum, que nos permite ter uma hidratação balanceada nos treinos e nas provas; e à Integralmédica, que nos fornece suplementação de qualidade.
O clima da Gantuá Millennium Tia Sônia antes da Carrasco estava cheio de incertezas, principalmente pela ausência de dois de nossos atletas: Pedro; que é um grande líder e navegador; e Ângelo, pelo clima de tranquilidade e organização que sempre deu à equipe. Restava apenas eu (Alan) e Diana para disputar a Carrasco. Apesar das dificuldades, estávamos com muita vontade de conquistar o bicampeonato da prova, o que nos motivou bastante a treinar. Traçamos um objetivo: dar o máximo. Abrimos mão de festas de fim de ano e férias para se preparar para a Carrasco. Nosso réveillon foi nas trilhas da Chapada Diamantina fazendo treinos exaustivos.
Mas treinar não foi nossa única preocupação. Ainda tivemos a missão de correr atrás de dois atletas que tivessem o mesmo objetivo que o nosso. Procuramos Xikito, sem muita pretensão, por saber que ele sempre é requisitado por outras equipes, e também chamamos Miguel Rampazzo, do Rio Grande do Sul, por receber indicação de outros atletas. Para nossa surpresa, deu tudo certo e estávamos com a equipe fechada.
Ficamos de olho nos detalhes fornecidos pela organização e cuidadosamente formamos nosso apoio. Chamamos duas pessoas que estavam acostumadas a fazer apoio: Pitanga, Fernanda, além de Alexandre, que é atleta e entende muito de bike. Sabíamos que isso faria a diferença, e como fez. Nosso apoio era tão bom, que outras equipes puderam usufruir também. rsrsrs
Faltando poucos dias para a prova, sentíamos uma sensação diferente, pois pela primeira vez a equipe seria formada com 50% de atletas que nunca haviam corrido com a gente.
Mas o bom clima na equipe começou desde o momento que fomos buscar Xikito na rodoviária. Foi lá que eu escutei pela primeira vez "Vou não, quero não, posso não, minha mulher não deixa, não", música que seria nossa distração durante os 240 km de Carrasco, sempre na voz de Xikito.
A prova começaria com um XC de bike de 53 km e uma premiação por categoria. Mas como havia a possibilidade de ajudar, optamos por começar a prova juntos para não perder tempo. E deu certo. Fomos o primeiro quarteto a assinar o PC 1, além de faturar o XC no feminino.
As primeiras colocações dos quartetos foram se alternando na primeira metade da prova. Os quartetos corriam no faro das flâmulas. Só que tinha uma dupla mineira "Os Brous" (parabéns galera), que sempre chegava antes da gente, nos deixando na vontade.
A prova começou a se definir quando a segunda perna de duck foi cancelada e substituída por um trekking. Havíamos acabado de fazer um trecho de bike em que decidimos pedalar forte esperando descansar as pernas no trecho seguinte. Tínhamos ultrapassado a Trotamundo e chegamos no AT junto com a Lagartixa, quando soubemos que seguiríamos num trekking monstruoso para enfrentar o trecho mais difícil da prova.
Não desanimamos e seguimos em frente revezando as flâmulas da liderança com a Lagartixa. Chegamos no PC 14 pouco mais de meia noite e subimos junto com a equipe gaúcha. O que seria difícil acabou se tornando impossível para a maioria das equipes que não conseguiram pegar o PC 16, objetivo que só a gente e a Lagartixa alcançou.
O temido trecho era uma cadeia de montanhas com árvores imensas, grandes lajedos de pedras lisas e muito espinho. Para piorar, sem água potável. Passamos a madrugada perdidos, sem comida e sem água, pois não nos programamos para passar tanto tempo nesse trecho. Só matamos parte da sede quando começou a chover. Tomamos água do chão, de algumas poças que se formaram nos lajedos de pedras.
Éramos oito pessoas em busca do caminho correto, testando todas as possíveis trilhas, enchendo as mãos de espinhos tentando passar a todo custo. Farejamos mesmo, como mandava o racebook.
Ao amanhecer já tínhamos subido e descido diversas vezes aquela montanha. Sem nos abater deixamos as nossas fraquezas de lado e não desistimos em momento algum. Não podíamos tornar todos os nossos esforços em vão! Então, pensamos em gritar até Deus ouvir! Até que ouvimos uma resposta, um oi que vinha de um local não muito distante e provavelmente era o PC. Para chegar lá, era preciso passar por debaixo de um grande tronco, depois por uma fenda em uma pedra e seguir os galhos picados (como o racebook alertava), pois não havia uma trilha demarcada.
Finalmente encontramos o PC 16 e fomos recompensados com biscoitos recheados (um pra cada rsrs), que aquela altura caíram como uma feijoada. Daí em diante seguimos batendo os PC's seguintes sem dificuldades.
No PC 21, algumas pessoas ficarem sem entender porque estávamos tranqüilos aguardando a chegada da Lagartixa no rapel, a apenas 3 km do pórtico de chegada. Mas após quase 10 horas de perrengue na montanha e de disputar por tanto tempo a primeira colocação, fizemos um pacto e era mais do que justo cruzarmos a chegada juntos, pois sem união seria difícil encontrar o PC 16. Para a Gantuá, foi uma honra chegar ao final e cruzar o pórtico ao lado de uma equipe forte como a Lagartixa.
Xiquitão: "Vou sim, quero sim, posso sim". Essa nova versão da música aprendi com você rsrsr. Você é caba homi! Miguelão braço de torno, valeu pelo clima de tranqüilidade e organização que envolveu a equipe. Di, parabéns, você é grande! rsrs
Parabéns aos organizadores da Carrasco pela constante inovação e pela verdadeira aventura que nos proporcionam. Não é a toa que a Carrasco atrai para a Bahia diversos competidores de todo o Brasil. Esperamos a próxima!
Alan Pedreira
Gantuá Millennium Tia Sônia
06 Fev 2011 - 09h39 | nordeste |
