O trauma de crânio é a lesão mais frequente entre os esportistas, perdendo apenas para as lesões ortopédicas. Além disso, sabe-se que a maioria dos acidentes no esporte com lesões cerebrais tem relação direta com a falta do uso de equipamento de segurança.
Segundo dados do Datasus (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil), cerca de 30 mil brasileiros sofreram algum tipo de fratura no crânio e ossos do rosto no último ano. Nos Estados Unidos, trauma de crânio é a principal causa de morte e contribui com 30% de todas as lesões fatais.
Os traumas de crânio têm importância principalmente porque acometem mais frequentemente pessoas jovens e saudáveis. Estudos realizados pelo site brasileiro Mapa da Violência mostram que a maioria dos acidentes com traumatismo craniano ocorrem com pessoas de até 30 anos de idade. Daqueles que sobrevivem, muitos ainda podem apresentar sintomas neurológicos como alteração de humor, perda de memória, dores de cabeça crônicas, epilepsia, entre outros problemas que podem durar dias ou até perdurar por toda a vida.
Na prática esportiva, o simples uso do capacete já diminui em 72% o risco e a gravidade de lesões, além de reduzir a probabilidade de morte em até 39%, segundo pesquisas.
O equipamento de segurança individual (EPI) tem sido recomendado em diversas práticas esportivas como nas corridas de aventura, ciclismo, motociclismo, patinação, automobilismo, hóquei, futebol americano, beisebol, esqui na neve, snowboard e também esportes radicais como skate, rapel e alpinismo.
Na corrida de aventura, os riscos de um trauma de crânio são incalculáveis, uma vez que não há um roteiro específico a ser seguido, deixando os corredores submetidos a diferentes riscos. Além disso, existem os tais riscos previsíveis como quedas pela irregularidade do terreno ou pela presença de pedras no caminho, e a queda de objetos na cabeça ao passar por árvores e encostas. Outro ponto é que a corrida de aventura, ao contrário do que o nome faria pensar, engloba diversos esportes (rapel, ciclismo, escalada, etc.) e por isso acarreta nos riscos decorrentes de cada modalidade. Isso tudo associado à fadiga muscular e muitas vezes exaustão aumenta ainda mais as chances de traumas.
Também importante lembrar que em atividades como trekking e mountain bike, o acesso ao atendimento médico é sempre mais restrito devido às condições do local, sendo mais importante ainda a prevenção com o uso correto dos equipamentos de segurança.
Há quem diga, como o campeão olímpico, o ciclista britânico Chris Boardman, há dois anos atrás, que o uso do capacete afastaria atletas amadores dos esportes por ser desconfortável. O medalhista levantou a polêmica se é ou não dispensável tal equipamento de segurança para aqueles que fazem esportes apenas para recreação. No entanto, entidades ligadas ao ciclismo, contestam o argumento de Boardman dizendo que o capacete é um acessório indispensável. Dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de São Paulo, por exemplo, mostram que cerca de 30 ciclistas morrem por ano na capital paulista por lesões na cabeça.
Mesmo sendo desconfortável, o item ajuda muito a evitar um dano maior à cabeça no caso de acidentes. E qualquer esportista, seja em trajetos de aventura ou passeios urbanos, está sujeito a eles.
*Sobre o capacete: Importante Equipamento de Proteção Individual (EPI) ao esportista. Tem validade de até três anos e deve ter o selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Durante o uso, a fivela deve ser bem encaixada, já que com o impacto o acessório pode sair da cabeça e deixar a pessoa totalmente vulnerável.
Dra. Ana Gandolfi é neurocirurgiã e especializada em neurocirurgia do esporte
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Título de especialista pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia: 142.344
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