Barkley Marathons: em 30 anos apenas 14 pessoas completaram suas 100 milhas – Adventuremag

As ultramaratonas são conhecidas pelas dificuldades de percorrer suas grandes distâncias e a necessidade do preparo fisico e mental dos participantes para cruzar a linha de chegada. E uma delas não é apenas considerada uma das mais dificeis do mundo, mas chama também a atenção pela aura de mistério ao seu redor.

Realizada anualmente no final de março, a Barkley Marathons recebe 40 atletas de todo o mundo dispostos a vencer as 5 voltas de 20 milhas (aprox 35 quilômetros) dentro do tempo limite de 60 horas. A corrida de 100 milhas tem desnível positivo e negativo de 59.100 pés (aproximadamente 18.000 metros), sem ajuda externa com exceção dos 2 pontos de hidratação estipulados pela organização. O caminho deve ser encontrado utilizando mapa e bússola e não há suporte médico no meio do caminho.

Além disso os participantes estão sempre correndo contra tempo, porque cada volta de 20 milhas deve ser feita dentro de 12 horas. Para provar que completou cada uma delas, você deve encontrar entre 9 e 11 livros (isso mesmo, livros) que são colocados em vários pontos ao longo do percurso. São como postos de controle e uma folha de cada livro deve ser entregue à organização ao final da volta.

Parece fácil? Desde a primeira edição em 1986, apenas 14 participantes conseguiram completar o desafio. Em 2015 ninguém terminou a prova. Dos 40 participantes que largaram, quase metade desistiu ou não completou a primeira volta dentro do horário de corte e os mais resistentes iniciaram a 4ª volta, mas acabaram desistindo.

A prova foi criada por Gary Cantrell, inspirado pela fuga fracassada de James Earl Ray da Brushy Mountain State Prison em 1977. Ele foi o assassino de Martin Luther King Jr e conseguiu percorrer somente 8 milhas (aprox. 12 Km) após 54 horas.

Como participar – Não existe um site oficial. Aliás, existe, mas não é atualizado desde 1995. O único jeito de se inscrever é conhecer algum ex-participante que faria "a ponte" com o organizador, que ainda pode demorar dias para responder por viver em uma pequena cidade norte-americana. Mesmo assim o limite de pedidos de inscrição se esgotam em minutos, obrigando a abertura de listas de espera.

Mas a melhor parte se refere a inscrição. A taxa para se registrar tem o valor de US$ 1,60 e a organização informa que é obrigatório. O interessado deve enviar também um texto explicando porque deve ser aceito (Why Should I want to run the Barkley).

Após ser aceito, os corredores são divididos em 3 grupos de acordo com sua experiência e o pagamento da inscrição segue o seguinte formato:

– Virgins (primeira participação na prova): a taxa é uma placa de carro de seu Estado ou País;
– Veteranos (que não conseguiram completar em anos anteriores): um par de gold-toe dress socks, meias pretas ou azuis que possuem as partes dos dedos na cor dourada;
– Alumni (um dos 14 atletas que já completaram a prova): um pacote de cigarros Camel.

A Bloomberg acompanhou a edição 2015 e relatou que nenhuma mulher completou a prova até hoje. A australiana de 40 anos Nicki Rehn fez sua tentativa e completou 1,5 volta. Ao final disse, "você não vem aqui para ser vitorioso, você vem para ser humilizado".

Neste link você encontra um relato de Edward Sandord, autor da foto acima, na edição 2015.

Em 2012 os produtores Annika Iltis e Timothy Kane decidiram fazer um documentário desta que é considerada uma das provas mais difíceis do mundo e deram o nome de "The Barkley Marathons: The Race that Eats its Young". A premiére no hemisfério sul acontecerá na Reel Wild Film Festival em maio, na cidade de Auckland, Nova Zelândia. Assista ao trailer abaixo:

Abaixo, outro documentário, produzido ano passado por Brendan Young.