A corrida Canfranc Canfranc abandonará a ITRA em 2020 porque seus organizadores não concorda com o sistema de avaliação das provas. Para eles é preciso incluir a dificuldade técnica junto as fatores distância e desnível acumulado.
A prova principal do evento possui 100 Km D+8.848m e envolve três estações de esqui, passando por dez grandes picos dos pireneus.
A organização comunicou que a avaliação recebida da ITRA para 2019 se reduziu em relação a anos anteriores e por entender que não reflete a real dificuldade da prova, prefere renunciar ao sistema a partir de 2020.
A ITRA passou a aplicar a avaliação das provas a partir de 2014 baseada em apenas 2 fatores, Km/d+, chegando a um número que se “encaixa” em uma tabela com seis escalas que chega ao famosos Pontos ITRA (obs: nem sempre os pontos ITRA são iguais pontos UTMB).
Essa escala foi alterada em 2018 e corridas mais técnicas tiveram suas pontuações reduzidas.
Em comunicado oficial, o diretor da prova Alex Varela diz que provavelmente este será o último ano que a prova dará pontos ITRA e que decidiram manter este ano porque já havia inscritos que poderiam ser prejudicados pela decisão.
Reações de corredores e organizadores
Luis Alberto Hernando (Campeão do mundo ITRA 2016-17-18): “Creio que não sou o corredor mais adequado para falar de pontos ITRA porque… Não consegui somar pontos para correr o UTMB 2019! Fiquei de fora e farei o CCC. Agora, falando sério: sempre escolhi fazer grandes provas, as ultras oficiais de ambas federações, e por buscar grandes provas ao final não tenho os 15 pontos, portanto prefiro não opinar. Corredores, organizações e vendedores de pontos são livres para escolher o que fazer, correr a corrida que gostamos mais, correr para somar pontos… ou correr pelo que seja.”
Ragna Debats (Campeã do Mundo ITRA 2018): “O tempo de prova varia muito de acordo com a dificuldade técnica e deve ser considerada na avaliação. Se há problemas com outras variáveis mais complexas, pode-se também se basear tendo como terceiro fator o tempo do primeiro e da primeira mulher, porque quanto maior a dificuldade técnica, mas tempo se leva para completar os mesmos Km/d+.”
Fernando Gonzalez (Comitê diretor ITRA e diretor Transgrancanaria): “Lógico e normal, não acredito que seja a última a abandonar e a ITRA deve responder a essa inquietude de muitas prova, sobretudo as que possuem trechos mais técnicos. Estou seguro que será questão de tempo para que a introdução do elemento técnico dentro da avaliação para elaborar os pontos ITRA seja uma realidade. Enquanto isso seguiremos pressionando para que essas e outras solicitações, pelo menos sejam ouvidas.”
Marino Perez (diretor do Desafio el Cainejo): “Como integrante do clube organizador das corrida Desafio Ultra el Cainejo e El Cainejin, no coração dos Picos da Europa, consideramos que as avaliações da ITRA estão sendo errôneas. Valorizam as corridas da mesma maneira pela Km/d+ quando nem todas possuem as mesmas condições e dificuldades técnicas. As avaliações deveriam incluir também as dificuldades do terreno por onde passa a prova. Além disso, a cada ano a avaliação é diferente e isso não pode acontecer. Em um ano te dão uns pontos… e no ano seguinte, com o mesmo percurso, dão pontos diferentes. Esperamos que a ITRA tenha em conta que nem todas as provas são iguais. Vamos melhorar para chegarmos em um ponto onde possamos estar cômodos por dar informação verdadeira ao corredor.”
Texto baseado no artigo original de Carreras de Montana e adaptado com autorização do autor Mayayo