A cem milha Basca, Ehunmilak 2017, coroa Javi Domínguez e Silvia Trigueros – Adventuremag

A corrida Ehunmilak 2017 foi um recorde em todos os sentidos. A demanda popular foi grande e dois dos três eventos tiveram as vagas esgostadas meses antes da prova: a Marimurumendi Marathon (42 Km) e a Goierriko 2 Haundiak (88 Km). Além disso, os 409 participantes registrados na Ehunmilak Ultra-Trail 168 Km também marcou uma novo patamar, cujo terreno técnico e o desnível acumulado de 11.000m a torna muito mais exigente que a renomada Ultra-Trail du Mont Blanc. No geral, o evento reuniu 1.200 corredores vindos de 17 países, recebidos e cortejados pelos 1.500 voluntários.

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Ehunmilak Ultra Trail – 168km/D+11.000m. A 100 Milhas Basca é única.
A 100 Milhas Basca chegou à sua oitava edição como uma nova referência global nas provas ultra trail. Ela serve como qualificatória para a UTMB (6 pontos) e HardRock, mas muito mais importante, a corrida oferece uma experiência única para cada corredor, unindo um grande desafio em montanha com o charme de alcançar os picos das montanhas Txindoki e Aizkorri, enquanto recebem a todo momento apoio dos fãs que se espalham por toda a subida.

A edição deste ano foi realizada sob uma onda de calor que varreu a região e levou os termômetros a mais de 37ºC em Beasain, na hora da largada, às 18h. Por sorte o céu ficou encoberto e à noite a temperatura caiu e chegou acompanhada de neblina e chuvisco que trouxeram um charme a mais ao correr pelos morros esverdeados, florestas densas e cristas de montanhas íngremes que marcaram o percurso pelos parques naturais Aralar e Aizkorri-Aratz.

A corrida viu novamente o sucesso de dois de seus grandes entusiastas: Javi Dominguez (Vibram) e Silvia Trigueros (Land). Ambos conquistaram a vitória em 2016 e 2017, mas tiveram que lutar muito para manter o titulo este ano. Para Javier foi sua quarta "txapela", a boina basca que honra os campeões em Beasain, onde ele estabeleceu também um novo recorde com 22h22m, um grande passo para os 22h59 de Imanol Aleson. Na largada ele confirmou seu objetivo de bater o recorde e utilizou bastões pela primeira vez.

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Mas para surpresa de todos, no primeiro posto de controle a liderança estava com Jon Aizpuru, o terceiro colocado em 2016 e seu principal rival em 2017. Jon demonstrou uma grande evolução, correndo lado a lado com o grande dominante de Ehunmilak, ambos dando o máximo enquanto baixavam seus tempos. Um pequeno erro cometido por Javi durante a noite em meio à neblina colocou Jon na liderança novamente em Tolosa, após 77 Km. Javi conseguiu reconquistar o primeiro lugar, mas a diferença estava abaixo dos 10 minutos quanto alcançaram o último terço da prova. Foi somente quando chegou à segunda subida icônica da prova até o pico da Aizkorri que ele finalmente conseguiu abrir uma vantagem significativa e ficar confiante com a vitória.

Ele decidiu continuar fazendo força até o final para tentar um novo recorde e finalmente Javier Dominguez Ledo cruzou a linha de chegada com 22h00m22s, dedicando sua quarta vitória e recorde do percurso à memória de Alberto Zerain, montanhista que morreu recentemente no Himalaya, enquanto subia o Nanga Parbat. Em segundo lugar chegou Jon Aizpuru (23h14m) e em terceiro outro veterano de Ehunmilak, Felipe Artigue (23h53m).

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Entre as mulheres tivemos a segunda edição da grande disputa entre a polonesa Ewa Majer (Salomon-Suunto) e Silveia Trigueros (Land) que venceu aqui cinco vezes: duas nas 100 milhas e outras três nos 88 Km de G2H. Assim como no ano passado, Ewa Majer saiu na frente desde a largada, enquanto Silvia a seguia pouco atrás. A chegada em Tolosa após 77 Km a diferença era de apenas alguns segundos. Ao saírem, Silvia manteve seu ritmo e ganhava terreno, enquanto Ewa sofria de problemas estomacais que num primeiro momento a deixou em segundo lugar e posteriormente a fez abandonar a prova.

Silvia então ficou sozinha na segunda metade da prova e cruzou a linha de chegada conquistando sua terceira vitória após 168 Km com 28h45m. A segunda colocada foi Elena Calvillo (28h55m) e o pódio se completou com Jone Urkizu (32h43m), formando o trio mais rápido da história da corrida.

Goierriko 2 Haundiak, uma grande ultra que conquista os picos da Txindoki e Aizkorri em 88km/D+6.000m
A corrida mais popular do evento este ano teve Dani Aguirre (vencedor de 2016) como grande favorito. O atleta buscava pela primeira vez o sub10h, quando no ano passado terminou em 10h09m. Para isso ele buscou chegar na prova em excelente forma. Entre as mulheres a corrida foi mais disputada, com a terceira colocada em 2016, Aitziber Osinalde, como favorita.

Dani Aguirre (Land) estabeleceu um ritmo forte no começo, mas a vantagem era de apenas 2 minutos após 20 Km, quando por volta da 1h00 da manhã ele começou a abrir espaço em meio a centenas de fãs que vibravam sob a chuva na pequena vila de montanha de Larraitz. Esse foi um dos momentos mais emocionantes para os participantes.

Atrás deles vinha o veterano Mikel Etxeberria, que fez uma grande prova, sempre deixando Dani próximo e não permitindo que ele relaxasse. Foram milhas e milhas assim até que no posto de controle em Mutiloa, a apenas 6 km da chegada, a diferença chegou nos 15 minutos. Foi somente após essa referência que Mikel finalmente diminuiu um pouco e permitiu que o campeão aumentasse sua vantagem. Dani Aguirre tornou-se campeão pela segunda vez, apesar do seu tempo de 10h17 ter sido mais alto que ano passado.

Na disputa das mulheres a liderança se alternou durante a prova. Nos primeiros quilômetros Monica Grajera estava à frente, com Oihane Pérez e Aitziber Osinalde em sua perseguição. Com o passar das horas, Aitziber se colocou à frente e manteve a posição até a chegada com 13h02m, melhorando sua marca em 53 minutos. Monica chegou em segundo com 13h16 e Mayi Mujika ficou em terceiro com 13h54.

Marimurumendi, uma bela maratona de montanha – 42km/D+2.300m.
Essa foi a terceira edição da prova e foi preenchida meses antes da prova. O polonês Bartoscz Gorzcyka era a referência na largada, mesmo tendo dedicado o dia e noite anteriores apoiando sua amiga Ewa nas 100 milhas. Assim que foi dada a largada, o corredor da Salomon-Suunto se posicionou na liderança, marcando um ritmo que ninguém conseguiu seguir.

Bartoscz Gorczyca cruzou a linha de chegada com 3h39, pouco acima do recorde de 3h32 conquistado por Aritz Egea ano passado. Dois corredores catalãos completaram o pódio, Aleix Bautista (3h40) e Ruben Hernandez (3h41).

A maratona feminina teve a corida Ester Casajuana (Raidlight) com grande dominadora (4h27), muita à frente de Oihava Arratzibel (4h38) e Amaiur Iglesias (4h43).