Conhecida nas corridas de aventura no Brasil como integrante da QuasarLontra e também no Exterior, onde integrou a Columbia Vidaraid na Expedition Alaska, Tessa Roorda chegou de uma forma diferente na Ultra Fiord 2017: totalmente desconhecida. E isso pode ter sido uma grande vantagem, pois evitou o assédio e a pressão por um bom resultado. E nada como voltar com o título de campeã das 100 Milhas em sua primeira participação na Ultra Fiord.
Mas falando em resultado, quem a conhece sabia que ela andaria bem e estaria entre os primeiros, ainda mais em um competição onde as condições se assemelham muito às corridas de aventura: clima imprevisível, terreno variável, noite sem dormir e uma paisagem de tirar o fôlego.
Provavelmente a única diferença seria estar sozinha por 100 milhas, mas isso também não seria novidade. Apesar da distância ser maior dessa vez, em 2014 a atleta conquistou o 4º lugar na Lavaredo Ultra Trail, uma prova com percurso de 120 Km de 5.800m de desnível na Itália.
Marcelo Sinoca, Fernando Nazário, Veronica Bravo (Chile) e Tessa Rooda ao chegar em Puerto Natales
A largada do percurso de 100 Milhas aconteceu na madrugada de quinta-feira (06) para sexta feira (07), em uma noite congelante e logo sumiram na escuridão no fim do mundo. Os encontramos novamente na primeira área de abastecimento montado nas Cabanas del Paine, onde passaram rapidamente, buscando não perder muito tempo.
Impressionante como a fisionomia da Tessa não se altera durante toda a corrida, seja nos primeiros quilômetros, depois de 100 Km ou na chegada. No pós prova ela comentou sobre outros atletas conseguirem chegar inteiros e que gostaria de ser igual, mas ela não fica para trás.
Tessa posa ao lado de Marcelo Sinoca pouco antes da largada das 100 Milhas
"Eu sabia e (ao mesmo tempo) não sabia o que esperar. Eu já imaginava que não seria apenas uma corrida de montanha, a Ultra Fiord é mais uma aventura. Pelas fotos e pelos relatos dos amigos sabia que o nivel técnico seria bem alto, que não seria um ritmo muito intenso, mas como corredora de aventura eu contava um pouco com isso. Sabia que ia ser um tipo de experiência que eu gosto, mas eu não sabia como ia me comportar em 100 milhas, porque nunca tinha feito essa distância", disse Tessa após a corrida.
"Fiquei contente com o resultado, claro, mas não foi nada fácil. Confesso que o final da prova foi a parte mais dura mentalmente. Depois que você completa 100-110 Km você tem todo o conforto de um reabastecimento, com os amigos, e (pela frente seria) uma parte da prova que não foi tecnicamente exigente, mas muito monótono e à noite."
Depois de passar pelos trechos mais bonitos e técnicos da corrida, tendo como ponto literalmente alto a travessia do Glaciar Chacabulco, os participantes enfrentaram aproximadamente 60 quilômetros por estradas de terra e caminhos abandonados até a chegada em Puerto Natales.
Chegando na área de reabastecimento na Estância Perales, depois de aproximadamente 100 quilômetros percorridos
"É uma prova muito exigente, não é uma prova que você desenvolve a corrida. Quem está acostumado a correr acaba saindo muito frustrado. Tem que vir disposto a ter uma vivência, uma experiência."
Falando sobre como os interessados devem encarar a prova, Tessa disse "a Patagonia é imprevisível. Você pode ter um clima incrível ou infernal. Você não sabe o que pode acontecer e tudo pode mudar no mesmo dia. Tem que estar preparado não só com equipamentos, mas psicológicamente para o que der e vier e isso é o que assusta tanto. O Ultra Fiord me assustava muito nesse sentido. Por mais experiência que tinha na aventura, não sabia como me sairia."
E como sabem, ela se saiu muito bem, com podem ver na foto do pódio.
1º Tessa Rooda; 2º Junko Kazukawa; 3º Jean Duvall