3.2. Como organizador de competições
Como regra geral o organizador de eventos antes de tudo é um praticante do esporte, e já passou, e ainda passa, por tudo que foi mencionado anteriormente na visão do atleta e com isso possui uma análise crítica do que é bom ou ruim em uma competição.
O organizador deve possuir preocupações adicionais quando está formulando umaprova, estas preocupações devem extrapolar todos os limites para que tudo ocorra de acordo com o planejado.
Como já foram constatadas as diferenças na prática de cada um dos esportes que envolvem a Orientação Cartográfica, as organizações de provas também acompanham estas diferenças que são um conjunto de particularidades e peculiares a cada tipo de competição. O que tem em comum no sistema organizacional em qualquer nível são as preocupações ligadas à parte técnica das provas que definem o grau de dificuldade que os atletas enfrentarão durante a competição; a parte administrativa que se preocupa com a infra-estrutura da competição e regras que abarcam uma série de medidas antes, durante e após o evento que se não forem bem planejadas poderão comprometer o bom andamento da prova e finalmente a parte relacionada à segurança da prova que são imprescindíveis para o sucesso da competição e existem para preservar a integridade física e assegurar a tranqüilidade de todos envolvidos nas provas.
Com a experiência de já ter organizado Corridas de Orientação, Corridas de Aventura e Radical Trekking, foi possível perceber as dificuldades enfrentadas, e fica a afirmação: se não for uma atividade prazerosa, com dedicação, comprometimento e amor, ela passa a ser uma atividade extremamente estressante.
Outro fator imprescindível para o sucesso são as parcerias para viabilizar a organização das competições, esta parceria pode ser apoio ou patrocínio, sem isto, os eventos tornam-se inviáveis economicamente e somente as taxas de inscrições não são capazes de tornar o evento auto-sustentável financeiramente, e o prejuízo financeiro é certo. Estas colocações foram baseadas em competições que contenham excelente qualidade, muito boa estrutura de organização, segurança e boa premiação para os participantes.
Deixando de lado a parte administrativa e financeira que são as mais difíceis para os organizadores, existe a parte onde a Geografia é intensamente exercitada, em três fases interligadas, no planejamento, na preparação e na definição da dinâmica do percurso, ou seja, quando o organizador está exercendo sua responsabilidade técnica sobre a prova, ele trava um contanto intenso com o espaço geográfico, e lida
com os mapas, as regiões, o relevo, a vegetação, a hidrografia, as vias de acesso, os lugares, as populações e povoados, entre outros.
Para se levantar um percurso de uma competição, o organizador segue rigorosamente várias etapas ligadas à preparação e execução da montagem.
Basicamente após a definição do local de realização da prova, é pesquisado se a região já é mapeada na escala de interesse do organizador para atender o regulamento da competição. Estes trabalhos abrem duas vertentes: a primeira é se já for mapeada, é avaliada a qualidade do mapa e posteriormente é verificada a
necessidade de atualizações; a outra vertente é se não existe mapeamento na região ou se o existente não atende as necessidades do organizador, é executado o mapeamento da área de interesse, obedecendo às regras de mapeamento para que a qualidade do produto final seja fidedigna com a região mapeada.
De posse do mapa, o organizador começa seu trabalho de levantamento dos possíveis pontos de controle da competição e já consegue visualizar as possíveis rotas dos participantes, só que não é tão simples assim.
Antes de o percurso ser totalmente definido é executado um trabalho de campo minucioso e incansável praticamente em cada “palmo de chão” que os atletas percorrerão, este trabalho trará tranqüilidade ao organizador no dia do evento, pois ele saberá exatamente onde são os pontos fáceis, pontos difíceis, pontos críticos, áreas proibidas, locais evitados para não provocar impactos ambientais etc. De forma inteligente, e com uma visão global da área do evento, o organizador utiliza sua experiência para fazer as intervenções necessárias durante a montagem da prova, para a competição possuir uma boa dinâmica, excelente qualidade técnica, e conduza os participantes por opções de itinerários de beleza exuberante. Um organizador bem sucedido possui habilidade de pensar ao mesmo tempo em tudo que está relacionado ao evento, direta ou indiretamente. Neste contexto está incluído das coisas simples até as mais complexas. O que ajuda muito os organizadores é o fato de que a maioria deles carregam uma bagagem de experiência adquirida com os anos na prática do esporte que ele está organizando, com isso tendo a visão crítica do atleta.