Assim como ocorre com tantos outros atletas amadores, a história de amor da executiva Sara Velloso com a corrida começou tarde. Fumante até os 33 anos, ela só deu suas primeiras passadas nas ruas aos 40. Progrediu dos 5 km à Maratona, mas acabou abandonando o esporte após uma fratura por stress ocorrida em função dos treinamentos para a Maratona de Berlim.
Sara, no entanto, não ficou longe dos esportes de endurance. Passou a praticar triathlon e ciclismo de estrada, tendo, inclusive, participado de alguns Audax (100, 200 3e 300 km) e do Long Distance Pirassununga. Foi aí que o então namorado (e futuro marido) a convenceu a voltar às maratonas e a concluir as chamadas Six Majors, “circuito” formado pelas seis maratonas mais famosas do mundo: Nova York, Berlim, Chicago, Tóquio, Londres e Boston. É essa história que Sara conta no livro “Seis corridas”, que será lançado dia 18 de fevereiro na Livraria Cultura, do Shopping Iguatemi.
A equipe do Adventuremag conversou com Sara sobre suas experiências e sobre o livro.
Adventuremag (AM): Como surgiu a ideia de escrever o livro?
Sara Velloso (SV): Durante muito tempo, fui fumante e sedentária. Aos 40 anos comecei a correr. Fiz a “escadinha clássica” 5km, 10km, 15km, 21km e a Maratona. Foi então que corri Berlim e tive uma fratura por stress quando resolvi abandonar as corridas de rua e a me dedicar a outros esportes. Fiz triathlon, ciclismo (inclusive três Audax) e, algum tempo depois, conheço meu marido, que incentivou a correr a Six Majors. Não sou uma super atleta. Corro maratona na média de cinco horas. A ideia do livro é a de mostrar que é possível, sim, correr provas como essas. As pessoas dizem “quando eu me casar”, “quando me formar”, “quando meu filho entrar na faculdade vou viver um desafio como esses” e acabam se esquecendo de viver o durante. Correr uma maratona é catalisar um período longo em um espaço de horas, ter todas as etapas da vida em um período curto. É um treinamento para a vida. Minha hipótese é a de que preenchi algumas das lacunas através do endurance. E o livro se propõe a chamar as pessoas para se desafiarem.
AM – Como executiva, você deve ter uma rotina apertada. Como concilia os treinamentos com o trabalho e outras atividades?
SV – Sou diretora financeira do Metro Jornal, do grupo Bandeirantes. Trabalho 10, 12 horas por dia para treinar, sou uma pessoa normal. O que aprendi através da corrida é me organizar melhor, administrar melhor a vida para ter tempo para treinar. Costumo dizer, tem gente que sai do trabalho e vai pro happy hour. Meu happy hour é antes do trabalho, no treino, quando encontro minhas amigas. Quando estou indo para o trabalho, estou na terceira ou quarta atividade do dia.
AM – Qual das Six Majors mais te marcou?
SV – A de Boston, pela história que possui e pelo ambiente, em si. É um circuito que vai por estrada e sobe e desce o tempo inteiro percorrendo nove cidades pequenas no percurso. É uma prova icônica por ser uma das mais antigas e certamente a maratona mais celebrada do mundo. Além disso, foi a primeira prova que teve uma mulher correndo (Kathrine Switzer), em 1967, o ano em que nasci. Tóquio também é especial, já que possui toda a grandiosidade de estar numa cultura muito diferente da brasileira. E os japoneses são incríveis; conseguem organizar uma prova com 30 mil pessoas e não sobrar um copinho no chão. Além disso, a prova é uma “grande São Silvestre”, já que os japoneses se fantasiam, enchem as ruas e promovem uma enorme festa.