Quem já passou dos trinta lembra deste seriado, aonde uma turma cai em um planeta habitado por, ora bolas, gigantes. Não gigantes do pé de feijão que comem frango babando, gigantes meio Nazi, meio Ets. Uma coisa bizarra de se ver.
No caso da Chauás Botucatu o Gigante tomou outra forma.
Durante as 21 horas que corremos tentava nos engolir, dava rasteiras e nos enganava com alguns caminhos...mais longos...
Mas também nos agraciou com seu esplendor e magia, nos permitindo chegar.
O desafio era grande.
Iríamos enfrentar um terreno arenoso, pesado e técnico.
Equipes locais e outras duplas mistas que disputariam além da pontuação dobrada, a chance de assumir a liderança do Circuito Chauás 2009.
Antes da largada a homenagem para o Pedrinho (rapaz, local de Botucatu, que perdeu a vida em um acidente de carro voltando do Ecomotion Pro 2007) foi emocionante.
Limpei as lágrimas no colete prova da Lu e fomos para a contagem regressiva rumo ao desconhecido mundo dos gigantes.
Largamos no bolo das equipes. Para percorrer 105 KM. Caminhando por Fazendas, Dentro de riachos e Cuestas. Pedalando por estradas de areia e pedras entre muito sobe e desce. Remando...Bom remar foi um capítulo à parte. Depois explico.
Corremos por 8 km para chegar na primeira das inúmeras caminhadas que faríamos por dentro de riachos.
Com nossos bastões de trekking levamos alguma vantagem e conseguimos ultrapassar algumas equipes.
Nosso ritmo estava bom e constante, mas minha atenção estava fraca e cometi alguns erros que quase comprometeram a prova.
Erramos na primeira bike e caímos algumas posições na checagem de equipamentos surpresa.
No Trekking das Cuestas erramos na parte final e percorremos quase 3 km a mais por dentro de um rio, perdendo ai umas duas horas e maltratando ainda mais as bolhas que ardiam em nossos pés.
Depois pedalamos por caminhos estreitos e pedregosos, caminhos abandonados de tempos antigos.
Chegamos para a canoagem quase meia-noite e descobrimos (já sabíamos) que o riacho estava seco. Baixo, no nível dos tornozelos. Dos 6 km apenas 200 metros eram remáveis...
Tentamos diversas técnicas, por hora inovadoras, que se revelaram inúteis e toscas..
Até....
“ - Para de brincar de inventar e vamos pela margem de uma vez por todas !!” Era a Lu cansada de ver minhas macaquices, brava a esta altura...
“-Ok! Vamos murchar essa tranqueira e levar dobrado apoiando nos remos, pela margem, tá bom!” Disse eu.
E assim fomos nós pulando cercas de arame farpado, carregando, puxando e empurrando o duck com os remos em nossos ombros.
Cruzávamos o rio de lá pra cá e por hora, no “Vietnan Style” íamos andando na água com o bote murcho e dobrado com água pela altura do peito.
Tínhamos que esvaziar a água que entrava nas dobras e desatolar os pés no charco que por vezes aparecia nas margens do estreito riacho.
Pesadelo na Terra de Gigantes que nos segurava pelo colarinho rindo de nossa inabilidade em escapar.
Nunca me senti tão bípede.
Sobrevivemos ao rio e fomos para a última perna de bike.
Erramos logo de cara para pedalar 12 Km a mais pelo caminho, que sabe lá Deus aonde minha cabeça estava às 5 da manhã...
Encontramos, essa foi nossa sorte, um rapaz local que descia a serra, vindo de onde tínhamos descido. Da Marechal Rondon...
Estávamos voltando para trás....
Falei:
” -não é possível, como assim? Tá errado !”
” -amigo eu moro AQUI !! Ele disse.
Caim, caim caim...Ok Ok !
Volta tudo então...
Pedalamos forte com uma certa raiva, que no caso nos fez bem.
Encontramos a trilha com o dia raiando e partimos para a chegada. Escalando a deliciosa Serra do Mirante da Bocaina.
Um pedal com uns 300 metros de desnível + ou -, mas totalmente pedalavel por seus 4 Km de subida.
O gigante dormia e nos deu uma folga dessa vez.
Chegamos na terceira colocação da nossa categoria.
Com esse resultado possivelmente assumimos a liderança do Circuito Chauás e fincamos o pé entre as 5 primeiras do Brasil de Duplas Mistas.
Com toda essa turma forte que vem ai, vamos ter que correr muito
Boas provas são uma forma de expressão da ordem e caos.
Toda a dinâmica imprevisível e maluca do mistério.
Agradecemos a Natureza Mágica de Botucatu pelas Manifestações Auspiciosas.
Ao apoio da Nexcare 3M e os produtos que cuidam das nossas feridas e bolhas, deixando “completinho” nosso kit de primeiro socorros na hora da checagem obrigatória.
Ao Restaurante Riso & Altro e ao Beppe pelas refeições de primeira qualidade.
A hospitalidade da equipe Sacis e o gole de cerveja gelada no PC11. Impagável.
A belíssima carta do Zé Pupo para a família do Pedrinho que emocionou tanta gente.
A equipe Chauás que coordenou o Caos com a habilidade surreal de sempre.
Aloha
Ozi
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