Comecei o ano com uma cabeça diferente. No ano passado eu havia trancado a faculdade para me dedicar 100% à corrida de aventura e foi o ano do mundial no Brasil. Com a Oskalunga, conseguimos o melhor resultado da historia, o 4° lugar. Para 2009 voltei para as aulas, no último ano de arquitetura, e como achei que não poderia conciliar equipe e faculdade, resolvi encarar o Ironman. Assim não deixaria de treinar e caso não conseguisse ir bem, isso seria problema só meu!
Fato é que mal sabia eu da carga de treinos que viria pela frente. Nunca treinei tanto como para o Ironman! Tive que ter muita disciplina para conciliar com meus trabalhos, mas felizmente deu certo.
O pior dos treinos pra mim, com certeza, foi a natação. Como venho da canoagem e das corridas de aventura, não treinava natação e não tinha técnica nenhuma (ainda estou tentando ter!), fora que o tempo foi ficando frio e a piscina de treino (no estádio do Pacaembu) era descoberta e pouco aquecida. Haja coragem para encarar! Na bike ganhei uma base muito grande pois os treinos eram sempre longos (mais de 100km) e na corrida também, por ter subido meu volume semanal, mais de uma maratona por semana.
Quando chegou a prova estava muito ansiosa! Tinha me preparado bem e estava focada, mas aquilo tudo era muito novo pra mim.
No dia da largada o mar estava super mexido, o que me deixou mais tensa! Coloquei a cabeça no lugar e pensei que seria só o começo, não adianta eu forçar agora, a natação é um décimo da prova! Largou... Com o mar daquele jeito, uma das bóias de marcação deslocou mais para o fundo e tivemos que nadar mais ainda do que os 3.8km. Estava bem e completei a etapa tranqüila, no tempo previsto, apesar dos pesares.
Na bike foi só alegria, me senti super bem e gostei demais de pedalar por lá. Quando estava acabando queria até pedalar mais! Mas ao contrário disso, vinha uma maratona pela frente! Encarei bem para quem estava iniciando no triatlhon e a completei em 4 horas.
Meu objetivo na prova era apenas completá-la bem, mas além disso consegui ganhar a minha categoria (18-24 anos) e agora vou para o Havaí em outubro disputar com as melhores do mundo na minha idade.
Voltando para São Paulo, a Cris, minha treinadora, me ligou pedindo para eu embarcar no lugar dela para o Brasil Wild Extreme! Ela: “Você vai agüentar bem. Leandro Macedo, Alexandre Ribeiro e eu já fizemos muito Ironman e Xterra na semana seguinte, vai que vai!” Tá... Olha com quem foi a comparação! Só me deixou mais apreensiva!
Coloquei a cabeça na prova e comecei a separar meus equipamentos. 480km sem apoio, no Jalapão a 40 graus... Esse sim seria um dos maiores desafios da minha vida. Isso porque já tinha achado uma semana antes que já havia encarado um dos maiores desafios, agora encarar uma prova de expedição de aventura, pós Ironman, loucura, mas...
Mentalizei dia-dia a prova, trabalhando minha mente. Seria ela quem me faria completar o Brasil Wild Extreme. Pedalei bem leve todos os dias da semana para ir soltando as pernas, na segunda mal conseguia subir na bike, mas gradativamente fui tendo esperança de estar bem no dia da largada.
Lá fui eu, rumo a Palmas na sexta feira. Dessa vez a prova era em equipe e meus parceiros eram grandes amigos, um time novo que nunca tinha corrido junto, mas que já havia uma grande sintonia. Mateus, Gui e Ícaro iriam me ajudar...
Começamos a prova em ritmo tranqüilo, ainda viriam mais 4 dias pela frente! Fui sentindo meu corpo um pouco cansado no começo, mas fui melhorando. Na dark zone do primeiro dia, passei todo tipo de creme relaxante nas minhas pernas e pensei positivo. No dia seguinte, para minha alegria, estava zero! Seguimos firmes acabando na 2° colocação após 83 horas de prova! Ainda chegamos a liderar a prova por um dia inteiro, mas acabamos pouco mais de uma hora atrás dos primeiros, a Lontra. Ótima colocação para o que nos propusemos a fazer. Vencer esse desafio foi incrível, fiquei muito feliz!
Mas não satisfeita com tudo isso, ainda parti para o 3° e último desafio. Dessa vez o Xterra. Só 4 horinhas para quem já havia feito 95 horas! Nessa eu entrei porque estou participando do circuito nacional. São 10 provas ao longo do ano e contam os cinco melhores resultados. Já havia vencido uma das etapas e estou pontuando bem no circuito, por isso achei importante estar lá, mas confesso que essa foi dura! Estava mortinha, mal consegui fazer força! Mas enfim, conquistei o 3° lugar e continuo firme no circuito.
Agora corro atrás do tempo para terminar o semestre bem na minha faculdade! Aqui sim tive alguns prejuízos, mas devo conseguir resolve-los até o fim da semana!
Ter feito 3 provas seguidas dessa forma me fez conhecer meu corpo mais a fundo e encarar cada competição de forma diferente, sem tanta obrigação de ir bem, mas sim, fazer o meu melhor e com certeza esse pensamento me fez concluir super bem cada uma das provas: 1° lugar na categoria do Ironman, 2° lugar no Brasil Wild Extreme de 480km e 3 ° lugar no Xterra regional. Também devo essa vitória à Clínica 449 de nutrição esportiva. Para cada prova fizemos uma estratégia nutricional que deu certo e entre as provas a qualidade da alimentação foi fundamental.
O próximo objetivo é o Brasília Multisport dia 18 de julho. Agora é descansar muito e voltar devagarinho aos treinos.
Camila Araújo Nicolau
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