Toda prova longa requer uma preparação antecipada no quesito logística e organização, para estarmos tranqüilos nos dias que antecedem a competição . Depois de algumas respostas negativas a respeito de ajuda financeira, nos utilizamos das primeiras técnicas desenvolvidas para captação de verbas: a boa e velha rifa !!! Fora a ajuda de amigos para conseguirmos participar da prova. Nessa hora vemos que a equipe SELVA é querida e conseguimos viabilizar nossa ida, mas fizemos como antigamente no começo da equipe e parcelamos as passagens aéreas e a inscrição, mas estavamos na prova!!!!!
Uma parte muito importante e indispensável para equipe foi o ajuste das mochilas na Kailash. Fui pessoalmente falar com o Francisco (diretor da Kailash) pedir para fazer alguns ajustes na mochila que ficou perfeita, confortável e bem resistente para suportar os 5 dias de prova com uma carga pesada sem tirar das costas.
Finalmente chegou o dia de embarcar para Palmas. O Marcelinho embarcou antes e isso ajudou com a nossa economia, pois passei a missão de arrumar uma carona do aeroporto para o hotel, sendo que eu, a Sabrina e o João chegaríamos à meia noite. Não me pergunte como, mas ele conseguiu um fazendeiro com uma picape que fez essa boa ação para a SELVA. Fizzemos um amigo e economizamos mais um pouco!!!
No dia seguinte começamos a arrumar os materiais bike , etc... e já vimos que tínhamos 2 problemas: uma gancheira quebrada da bike da Sabrina e o pistão de freio quebrado da bike do João. Logo pensei: ainda bem que temos uma reserva!!!!!A Sabrina pegou a reserva e não serviu ...agora sim era um problema!!!!!, Daí liga par um, para outro... Enquanto isso o Marcelinho levou a peça para um torneiro na cidade que a reproduziu em metal e deu certo! Por incrível que pareça, problema resolvido!!!! Calma que tem mais: o freio a disco da bike do João quebrou... Caraca e agora? Dei a sugestão de colar com super bonder....ficou novo!!!!!!.
Como falei, sexta e sábado ficamos o dia inteiro na arrumação e com a posse do mapa e sua preparação, além do ajuste da logística de material e alimentação em 2 sacos e 1 caixa que iríamos encontrar no caminho no decorrer da prova.
Domingo saímos com o comboio para a vila Quilombola de Mumbuca, onde pernoitaríamos e seria a largada no dia seguinte. Se extraviaram 4 camelbacks no transporte do ônibus e tivemos que pedir mais algumas caramanholas para as outras equipes para conseguir largar com água suficiente para os trechos até a caixa, pois tínhamos uma reserva. Fizemos uma boa refeição e dormimos bem para a largada.
A largada aconteceu em uma lugar espetacular, com a visão de chapadões. Saímos de trekking pelo cerrado naquele ritmo forte de largada parecido com uma prova de 30 km. Percorremos 16 km com trilhas e depois não existia mais um caminho definido no cerrado por 30 km. Cada equipe traçou sua rota e seguiu para o PC 1, o virtual em uma curva de rio e o final do trekking no inicio da flutuação no Rio Novo (rio com água potável). Colocamos nosso ritmo nos poupando um pouco. Após o PC1 e um desvio do azimute, perdemos uns 30mim e chegamos na 4ª posição para começar a flutuação. Flutuamos com nossas bóias e chegamos no PC 3 para inicio do rafting. Passamos uma equipe e chegamos no tão esperado Dark Zone na 3ª posição.
Fizemos comida, tomamos vinho, arrumamos as coisas e montamos a barraca para mais uma noite de sono... nem parece corrida de aventura!!!! Por questão de segurança na descida do rio, fomos obrigados a fazer essa parada, mas por outro ponto foi interessante, pois acordamos em um lugar maravilhoso na beira do rio onde pudemos apreciar sua beleza.
Relargada, todas as equipes partiram com um tempo de 2min de diferença para não ter acumulo nas corredeiras. A Selva fez apenas uma portagem obrigatória e as opcionais descemos todas sem problemas e chegamos no final do rafting para fazer o Special Test, no qual o Marcelinho e o João passaram por baixo da Cachoeira da Velha.
Começamos uma bike de 60 km em um ritmo bom até chegar a hora de atacar pelo cerrado de trekking na busca de um virtual que proporcionaria um bônus de 2:30 no tempo total da prova. Foi uma decepção, pois eu e o Marcelinho ficamos 2hs na busca e não o encontramos e voltamos desidratados, cansados e com 2hs perdidas em vão...pela experiência que adquiri nesses anos, achar um folha A4 escondida em um mapa de 1:100000, em que a curva de nível é até 40mts, é quase impossível. Além de precisão, desta vez não pudemos contar também com um outro fator: a sorte, que desta vez estava para o lado dos nossos amigos da Trotamundo (que tem em sua equipe um navegador excepcional!! ).
A prova continua, um pouco desidratados, mas logo encontramos um rio e pudemos reabastecer e suplementar com R4 para recuperar as energias. Chegamos no PC 8 na 11ª posição para o inicio do trekking longo de 64 km. Fizemos a estratégia de separação da equipe: o Marcelinho e a Sabrina foram pela estrada e eu o João fomos pela trilha em busca de 4 PCs virtuais obrigatórios.
Passamos bem com pequenos erros pelo PC 9 e PC 10. Já para atravessar um serra para o PC 11, tivemos problemas em encontrar a trilha certa e pouca paciência em procurar. Tomamos a atitude de atravessar no vara-mato e acabamos tendo de descer alguns penhascos para chegar na estrada do PC 11. Foi perigoso e desgastante, mas quando você acha que está em uma situação ruim, sempre tem gente pior. A QuasarLontra, que estava 4 hs na nossa frente, estava ali.
E continuamos na prova, pegamos o PC 11 E 12 e seguimos para mais uma travessia de cerrado de 8 km, agora com companhia da Lontra. Finalmente chegamos no PC 13 da caixa de reabastecimento com tudo preparado, pois a Sabrina e o Marcelinho se encontravam lá desde as 3 da madrugada pela estratégia que fizemos e conseguiram descansar.
Fizemos a transição e fomos para a canoagem longa de 60km. Com menos de 10 km descobrimos que os barcos estavam furados (cadê a sorte da Selva??) . Ainda bem que o rio estava fluindo bem com uma corrente, mas perdemos um certo tempo com isso...e erramos em não aproveitar esse trecho que a corrente estava ajudando para eu e o João descansarmos. Chegarmos todos bem na bike, porém o barco estava ruim para fazer leme e nós temos mais experiência na condução.
Finalmente terminamos o remo e saímos para uma bike longa e complicada, principalmente para mim, pois não havia descansado e estava com um sono muito forte. Esse sono nos custou 16 km a mais de bike e muito tempo perdido na volta da estrada que era a certa, pois pensei que tinha saído da rota certa, é difícil de explicar!!!!! Mas o cansaço bateu depois de mais de 250km com atenção no mapa.
O João assumiu a navegação até o final da bike com sucesso e eu fui tentando me segurar acordado, foi difícil!!!!! Teve uma hora que comecei a ficar nervoso porque o sono não passava e costumo dar uns tapas no rosto para acordar, só que o tapa saiu muito forte! Eu me derrubei da bike e quase derrubei o João também, e sai rolando no cerrado (risos).
Paramos umas 3 vezes por 25min para dormir. Terminamos a bike e começou amanhecer na quinta-feira e o João estava enjoado. Ele chamou um médico, tomou uma injeção, deu uma vomitadinha básica e 2min depois começou a comer, incrível!!!!! Se sou eu, só iria conseguir comer depois de horas...
Saimos para o trekking ainda na 3ª posição para chegar em um rapel. Como a estrada era proibida tivemos que ir pelo leito de um rio até o inicio da trilha para a cachoeira do Roncador. Nossa progressão foi lenta no vara-mato.
Chegamos na cachoeira e a Sabrina e o Marcelinho fizeram o rapel e seguimos para a Fazenda Encantada para mais uma sessão de vertical e uma pista de orientação. O local era maravilhoso. Uma cachoeira mais linda que a outra, Cumprimos tudo e seguimos para mais um vara-mato de 2 km lento até chegar em uma trilha que levaria ao PC 19, transição para fazer o último trecho de bike de 40km até o inicio da canoagem.
Nessa hora entramos no Parque Estadual do Lajeado. Passamos por 2 PCs virtuais. O primeiro o João esqueceu de ver e avisar que tinha um PC virtual, mas nossa sorte é que o Marcelinho tinha lido a faixa, senão teríamos que voltar.
Passamos pelo 2º virtual e chegamos até que em um ritmo bom até o começo da descida da serra, que foi extremamente lenta, e demos margem para a equipe Trotamundo nos alcançar. Como eles tinham a vantagem do PC bonus, não expressamos reação. Chegamos no PC 22 e fizemos a transição lenta e saímos sem muita motivação para ultima perna de canoagem de 22 km à noite.
A falta de motivação é igual a muito sono e alucinações. O João pensava que não estávamos saindo do lugar e mesmo remando em uma represa ele falava que tinha uma corrente maritima...isso mesmo, mar em Tocantins!!!!!!! E a nossa progressão seguia lenta. O Marcelinho apagava sem perceber e parava de remar.
Chegou em um trecho que tínhamos que cruzar 14 km separando da costa em direção a uma ponte para pegar o ultimo virtual antes da chegada e foi duro ficar acordado. Teve uma hora que o barco do João e da Sabrina começou a separar, pois eles acharam que tinha alguém dando sinal para a equipe na ponte, mas era algum carro com p pisca alerta ligado. Depois de muita luta conseguimos chegar no virtual e tínhamos mais 5 km até a chegada e só conseguimos chegar pois eu inventei que tinha uma equipe na nossa cola e daí todos acordaram, pois já havíamos perdido a 3ª posição ...só faltava perder a 4ª.
Chegamos finalmente...e mesmo não sendo os ganhadores para muitos, para a equipe fomos vencedores, pois conseguimos enfrentar muitos problemas e completar a prova seguindo todo regulamento. E o mais importante, sem discussões e com toda a integridade física.
O incrível destas provas é que na verdade são uma reprodução de nossas vidas e sempre que conseguimos superar obstáculos, saímos melhores destas situações!!!
Obrigado Fê Franco, Fernanda e Togumi pela recepção na praia da Graciosa.
Agradecimentos:
A equipe SELVA pela superação e crescimento como equipe e pessoas por mais este desafio superado;
A todos os alunos, amigos e familiares pelo apoio que deram antes e durante a prova e com os recados no site;
A equipe Selva que ficou em SP, pelo todo apoio e motivação antes e durante a prova.
Um agradecimento especial a Kailash pela confiança depositada em todos estes anos de aventuras e pelos equipamentos que nos possibilitam sair quebrando tudo!!!!
Aos patrocinadores especiais, mais conhecidos como compradores de rifa!!!!!
A Mari em especial que trocou suas milhas para a passagem do Marcelinho.
A Probiótica, pela toda suplementação nos treinos e competições.
A Sport Star pelo cuidado com as bikes e ao Djalma por toda a atenção conosco e bikes na prova!!!
Ao NEAF pelos reparos e remendo nos atletas, valeu Mó!!!
Obrigado
SELVVVAAAA!!!!!
Caco Fonseca
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