Após receber tantos depoimentos emocionantes, onde chorei, ri e me diverti, fiquei pensando se deveria também falar um pouco da minha história na Extreme 2009 e novamente agradecer a todos! Cada um tem a sua e sempre trocamos algo...
É sempre complicado e suspeito falar de algo que você mesmo fez e ando ultimamente mais querendo ouvir do que falar...sonhar e agir!
Descrever emoções com palavras será sempre menor que as emoções, mas que bom sentir o peito preenchido e sentir uma alegria que não se sabe muito bem da onde vem.
Andar levemente na Av. Faria Lima na terça seguinte, com um sorriso imotivado, uma música na cabeça (sutilmente do Skank) e a certeza de que independentemente de onde estamos, o que vale é o que temos dentro de nós. Construir nossa história! Dizia um amigo: temos a nossa própria taça para ser enchida!
Como é bom também o sentimento de superação! Somos capazes de ir além, de encarar desafios maiores e nos sairmos bem. Usar a inteligência, a perseverança, a força e a habilidade de lidar com várias pessoas em prol de um resultado! Ser uma equipe. Ver as ondas da Brasil Wild se propagarem...
Criar um percurso para a Extreme é um misto de experiência, ousadia, olho de pintor, buscar o mais bacana, passar no máximo de lugares interessantes, criatividade, flexibilidade e mente aberta. Ter um conceito e persegui-lo: mostrar o Brasil através das corridas de aventura. Fazer uma prova segura, dinâmica, com um forte tempero e linda!
Montar a logística é o refino da concepção, e conseguir as autorizações, mais uma longa e trabalhosa jornada. O indeferimento do Rafting 20 dias antes da prova: ficar muito triste e um final de semana inteiro no escritório isolado escrevendo um recurso. Ir despachar pessoalmente, sentir a tensão na mandíbula, saber que nunca é fácil...
Colocar umas flores, um violãozinho no briefing vai cair bem!!
A corrida para nós começa muito antes! Dar a largada é como empurrar o dominó que vai dar início ao caminho que os outros, na medida em que forem caindo, vão percorrer e produzir o resultado final esperado. Até a largada, ir colocando estes outros dominós alinhados, peça por peça, na posição certa, na distãncia certa é o que vai fazer a diferença lá na frente... Ter a consciência de cuidar do detalhe, de caprichar, de mandar bala...
Chego na Mumbuca, o pórtico no lugar errado. Mudar ou não mudar...Ouvir, ter paciência, decidir: muda. Carregar as travessas do pórtico para depois do Rio até quase meia noite...Desatolar os ônibus, reorganizar as coisas. Tratar as pessoas na boa, não se perder em nervosismos...Queria curtir a recepção com o povo de lá e tomar uma sopinha! Ainda deu meia hora na fogueira e antes de dormir um pouco, dar uma pequena caminhada solitária, com a luz do impressionante luar, dar uma meditada e fazer uma união e conexão com a minha percepção atual de Deus e de como me relaciono com algo superior e profundo. Agradecer, pedir proteção para todos e que tudo dê certo...
Cantar o hino nacional! Se não ajudarmos a construir o país, quem vai? Diz um escritor famoso que o ser humano é inviável...
Largar na hora! Credibilidade! Felicidade, muita! Alívio e tensão! Novamente me emociono... Agora a coisa toda ganha vida própria! Não dá mais para pegar um apito e apitar uma falta ou mandar parar...Torcer para tudo o que planejamos dar certo. Sempre ouvimos falar, em todos os locais que já montamos corridas, que existem cobras. Confesso que neste trecho tinha sim uma preocupação grande. Se precaver, se ocupar com o problema...soro com todos os médicos!
Antes de zarpar, me despedir de pessoas queridas da Mumbuca e uma rápida conversa informal com o pessoal do Naturatins e do ICMbio. - Olha, vocês podem até não estar muito contentes comigo...Porém, se estas pessoas aqui puderem ter um mínimo de saneamento básico, uma educação e saúde de qualidade e o turismo puder ajudar, vou ficar muito feliz, porque este evento que vocês estão vendo, pode sim ajudar no desenvolvimento do turismo e o sustentável passa por isto também. Além disto a troca com o povo daqui foi especial para nós e para eles.
Simbora pro PC 1. Começa a viagem...Sem ninguém na escuta!
Sem vontade de sair de lá! Ver as equipes chegando e saindo, ver as cenas que imaginei. Sensacional aquele PC 1, ficar ali no mínimo até o pôr do sol...Mas, entre curtição e a responsa não tenho muita escolha. Talvez conseguir relaxar mais seria bom! Toca pro 5...Certeza que o ônibus da mídia vai encalhar novamente. Segurar eles na bifurcação e arrumar um caminhão para transportar a galera da estrada ao 5. Antever os problemas, bom para a corrida, bom para a vida!
Como estará o site na internet! Alguém na escuta? Sim, começou a falar...
Entendemos a ansiedade dos familiares e dos que acompanham a prova on line e sentimos não ter conseguido transmitir desde o começo... Lidamos com uma gama grande de imprevisibilidades e a comunicação no primeiro dia foi uma delas e também quando tivemos que transferir a base. Provas com o desenho de largar de um lugar e chegar em outro com uma distãncia de quase 500 Km, correm este risco. Fizemos o possível, desculpem nossa falha. Pedimos sim que continuem enviando suas críticas e fazemos questão de manter o espaço aberto e democrático. Peço apenas que haja um mínimo de educação e respeito em espaços democráticos como este e lembro que não é uma transmissão em real time. Também que uma organização não deveria ser publicamente desmerecida por causa da cobertura, a qual não se propõe a ser em real time, e porque no local tem muita coisa acontecendo em real time e muita gente trabalhando duro para isto.
Dark Zone de tirar o chapéu! Tinha que chamar Cariocas! Se encomendasse não saíria tão bom. Que prainha de água doce! Integração, descanso, bom para os atletas e para a logística! Uma noite no mínimo engraçada e inesquecível! Dormir de qualquer jeito em qualquer lugar. Torcer para todo mundo chegar, não haver hipotermias. Relargada, atenção na cornometragem, e aquele Rio Novo pela frente, brilhante e límpido.
Sair antes das equipes, junto com o biológo e a imprensa.
Ver a galera passar pondo para baixo!
Emocionante! E o pato mergulhão lá...
Complexa, cara e arriscada operação de Rafting! Sem precedentes! Gratidão e parabéns pra turma. Vale muito a pena!!!
Oportunidade e detalhe - Special test! Ficar na surdina...Duas tentativas de atravessar durante a montagem frustradas. Não vai dar! Antes do briefing: manda a galera tirar este material do saco 2, montamos a segurança, os bombeiros abraçaram! Vai dar certo...Uma reclamação gostosa de uma atleta: “Dá próxima vez faz os quatro passarem”.
Há momentos que você não sabe mais se está correndo, se está na corrida, se virou a própria corrida...Que dia é hoje, o que aconteceu no Brasil, no mundo, na minha família? Estamos ali, agora, presentes, atuando e dirigindo, comsigo mesmo, com sua equipe, com outro alguém, e sempre a imponente e selvagem natureza. A lua, as estrelas, a imensidão. O calor, o frio, a fome, o valor das coisas...da comida, da água, da sobrevivência, da bondade, do ser humano...Sensibilidade aguçada, institos alertas...Tamo bicho!!!
Ufa, ainda bem que alguém achou o PC 7. Quando o Jean, da Caverá, falou que olhou os morrinhos e nem foi...Tudo bem, em uma proporção entre os que procuraram e acharam, além da técnica, o fator sorte também contou. Mas para quem ela costuma aparecer?
Tenho um carinho especial, uma admiração e até mesmo um orgulho da nossa galera...
Galera do bem, leve, pra cima...Uma vibe boa!
Escolher uma música para o slide show, pro vídeo, pedir para mostrar o máximo de pessoas, por a galera para chorar!
Fazer amigos que continuarão e os momentãneos... Apreciar aquele local com brilho no olho, que nos ensina simplicidade, humildade. Uma, duas ou mais idéias com alguém que dão uma clareada. Intensidade! Autenticidade! Não ter muitas prisões, ser feliz de verdade, na maior parte do tempo...
Dar uma reabastecida geral em Ponte Alta. Todo mundo! Encontrar as caixas, com mensagens impressas. Sensacional ter uma equipe comprometida, que age e quer fazer o melhor. Novamente muita gratidão. Canoagem longa, mas com uma correnteza para ajudar e o Rio com características Amazônicas tinha sim muita arraia!
Refazer os planos, vai ter muita gente que vai demorar mais do que o esperado para chegar no 13. Pedir para os bombeiros voltarem. Com o tempo pode parecer comum ou trivial o que fazemos, mas o bicho pega! Espero nunca perder a consciência disto...
Nem disto, nem dos outros, de mim e do porquê que as coisas acontecem, ou não acontecem. Acho que ter consciência é estratégico para evoluir, para terminar a corrida!
Não dá para ficar por aqui, vamos pra frente porque já tem ou vai acontecer muita coisa por lá também. As coisas conspiram para dar certo: estamos parados na estrada fazendo uma ponte no rádio e o helicóptero, que não estava achando Taquaruçu, nos avista e consegue pousar ao lado. Algo errado com as coordenadas. Subo e avisto nossa conhecida antena atrás de uma serra. Mountain Bike de primeira pela frente, organizar o saco 2. Apesar de longa, fluía, tinha orientação, algumas partes mais técnicas! Deixar rolar e torcer para que muitos passem o corte!
Chega a hora dos verticais e como é bom ter uma galera lá que eu respeito, escuto e principalmente confio. Tradicionalmente já fizemos operações de verticais nas provas que depois avaliamos que foi um trabalho insano. Mas como achamos que vale a pena, continuamos a ousar e a contar com esta galera. A geografia não permitia muita ousadia, mas mesmo assim queríamos fazer algo marcante. Foi lá, em Taquaruçu que ancoramos!
Acredito que estamos nesta jornada aqui na Terra para evoluirmos e algumas situações nos fazem reorientar e subir um degrauzinho. A Extreme tem esta transcendência...
Para mim é uma oportunidade única conviver com várias tribos diferentes, com demandas e trabalhos específicos...Os médios, as equipes, o rádio, a equipe de filmagem, os vários relacionamentes tudo ao mesmo tempo agora. Cresço muito após um evento deste.
Somos viáveis...
Ter paciência, escutar, amanhã continua...Tamo quase lá!
A Lontra na frente, Canoar pela Amazônia, Trotamundo afora...
Mais uma rápida bike com um incrível visual e um single-trek para poucos.
Jovens arrepiando!!!
No Lago de Palmas o sol começa a se pôr e na Graciosa praia estamos na expectativa.
O primeiro termina e dá uma enorme tranquilidade. Funcionou...Daqui para frente é deixar rolar e dar o tempo para que todos cheguem. Colocar a mídia no local certo na hora certa. Conversar com a galera, ouvir as histórias, ir marcando as possíveis melhorias para as próximas.
Descansar um pouco, procurar relaxar, se recuperar. Ficar satisfeito, grato, almejar continuar trabalhando em algo que gosto muito de fazer, com mais estrutura para a prova e para todos trabalharem, dinheiro para dar mais prêmio e pagar melhor todo mundo...Com o tempo formamos um Staff na Brasil Wild que entende nosso estilo, que se respeita, ajuda e dá um gás! Obrigado a todos que continuam prestigiando e participando das provas da Brasil Wild e aos que contribuiram e fizeram a Extreme 2009 desenrolar e rolar...
Um brinde com todos as taças internas! Acho que tenho um olhar romântico da aventura! Especial mesmo esta Brasil Wild Extreme do Jalapão!!! Bom demais...
Foi um privilégio...
Um abraço presente, sentido! Obrigado mesmo!!!
Muita vontade e motivação para fazer a próxima...
Júlio Pieroni
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