Tudo começou quando nosso amigo Tumang escreveu para todos da equipe dizendo que a menina que faria a prova não poderia ir mais e que precisaríamos achar outra mulher para fazer a Haka Race, afinal eu estaria voltando de uma lesão no tornozelo e não estaria apta a correr.
Depois de várias sessões de fisioterapia e de algumas semanas de molho, eu senti que estava boa para correr novamente e me disponibilizei a ir pra prova, e como não acharam nenhuma outra mulher, eu fui mesmo assim, afinal era o teste para saber se eu estaria bem para ir para o Ecomotion Pro.
Com tudo acertado, fui para São Paulo na sexta feira de manhã e o Igor (que entrou na equipe recentemente) foi me buscar no aeroporto e fomos direto para Bragança Paulista. Encontraríamos o resto da equipe só no outro dia de manhã um pouco antes da largada.
Fizemos compras, jantamos, dormimos e no outro dia cedo já estava o Tumang ligando para botar aquela pilha que só ele sabe como fazer, nunca vi um cara tão pilhado antes das provas, (chega a ser engraçado). E não mais do que meia hora do telefonema dele, eles já estavam lá no hotel (ele, Emerson e Marcelinho) no café da manhã.
Me arrumei e fui encontrá-los para falarmos da prova e arrumar as coisas que ainda faltavam pra largada.
A largada foi uma loucura, como sempre. Largamos que nem uns loucos e com o Tumang gritando em nossos ouvidos "acelera galera, vamos nessa!". Meu Deus, ele só falava isso e lá fomos nós. Eu larguei sem mochila pra poder pedalar mais rápido e os meninos tiveram que me carregar na primeira perna de mountain bike até o PC3 AT, pois como tenho bronquite asmática, uso uma bombinha para asma o tempo todo e o começo da prova é sempre difícil pra mim, pois ainda não estou aquecida. Mas eles me levaram muito bem e já começamos a liderar a prova desde o começo.
Chegamos ao PC4 AT da primeira canoagem liderando, e saímos para 7km em caiaques duplos. Remada rápida e gostosa, e já estávamos correndo em direção a Serra do Gigante Adormecido (Pedra do Lopo), que divide Bragança Paulista de Joanópolis.
Como estávamos indo muito rápido, eu usei minha bombinha de asma mais de uma vez, ocasionando uma taquicardia, que só fui sentir na subida da montanha, em direção ao rapel (PC7).
Nossa, foi uma das coisas mais difíceis que eu já fiz, sofri demais, não pela altitude, mas porque como estava com o coração acelerado demais por causa do remédio, não conseguia dar mais do que 5 passos sem parar para respirar, e isso fez com que subíssemos mais devagar do que podíamos, mas mesmo assim mantivemos a liderança da prova.
Chegamos lá em cima (PC7) com um frio absurdo, os meninos logo pegaram seus anorak’s e eu fiquei só olhando e tossindo muito por causa do frio e da bronquite, pois não tinha levado o meu, mas como foi um rapel relativamente rápido, logo começamos a nos movimentar novamente.
A descida não foi fácil, era muito íngreme e ainda faltava muito chão pela frente (15km até o PC9), era só o começo da prova e eu já estava morta, achei que ia ter um treco literalmente. A taquicardia não passava de jeito nenhum e cheguei a achar que não daria conta de terminar a prova, pois se já no começo estava assim, imagina no meio pro final.
O Marcelinho e o Emer me puxavam em todas as subidas e mais pro final desse trekking, eles estavam me puxando no plano também, pois minhas perninhas nem respondiam mais. Nisso eu me esqueci de contar que o maluco do Tumang não parava de falar um minuto sequer e quando tinha que parar pra qualquer coisinha ele já gritava no nosso ouvido para irmos logo, que não podíamos perder tempo e etc. Nós 3 já estávamos quase batendo nele.
Chegamos no PC9 (local do AT) e mal consegui comer, tomei um litro de suco de caju sozinha, e estava com muito medo da segunda perna de mountain bike, apesar de adorar pedalar, achei que não ia dar conta e já na primeira subida clipei minha bike na do Emerson e fomos subindo devagar e sempre. Esta subida era de 500 metros!! Uma parede!
Depois da primeira subida, que aliás foi gigante, desclipei a minha bike da dele e comecei a subir sozinha, pois os outros dois estavam um pouco mais lentos que nós, então resolvi dar esse descanso pro Emerson. Fui subindo, subindo, subindo e a cada subida eu me sentia melhor, meu coração já não batia tão rápido e eu comecei a me sentir bem de novo.
Foi um moutain bike muito gostoso de fazer, tínhamos muita luz e isso significa velocidade e como eu estava me sentindo melhor, descíamos os downhills que nem uns loucos. Conseguimos imprimir um ritmo muito bom e cada vez mais nos distanciávamos das outras equipes. A única coisa diferente era que o Tumang já não pedia pra gente acelerar o tempo todo, agora ele ficava brigando porque a gente não o esperava e nem o ajudava. Eu e o Marcelinho não parávamos de rir é lógico, e o Emerson, que é o mais tranquilo, foi lá ficar perto dele e eu dizia pra ele: Tá vendo, eu disse pra você maneirar que depois você ia sentir... ele respondia: não quero nem saber, mesmo se tiverem que me carregar é pra gente acelerar. Afffffffff, tava com a macaca esse Tumang.
Pedalamos bem e chegamos no PC12 (AT) para um novo trekking super bem, comemos, tomamos aquela coca-cola e saímos pro trekking que acabava na represa de Atibainha. Não posso deixar de mencionar o nosso apoio, que era composto pelo Igor e Rott, e o Ygor não parava de gritar pra gente ir logo também, a gente mal chegava nos ATs e ele já começava a gritar pra gente sair logo de lá, parecia até que tinha feito um pacto com o Tumang rsrs, mas que no fim das contas foi ótimo, assim não perdemos nada de tempo nas transições.
Esse trekking foi tranquilo, bem plano e o Tumang navegou muito bem, achamos o PC virtual que era uma placa com o nome de um sítio, seguimos em frente e conversávamos bastante entre nós, o clima da equipe estava excelente desde o começo. Um pouco antes de chegarmos no PC14 (AT da Canoagem), Comemos e nos preparamos para a perna de 2:30h de remo. O Emerson estava muito animado e simplesmente passou todo o trecho contando as remadas e cantando RAPs. Foi muito engraçado, eu e o Tumang remamos juntos e o Emer remou com o Marcelinho que não conseguia parar de rir um minuto sequer das maluquices que o Emerson falava.
O melhor é que ele é bem calado normalmente e fala pouco durante a prova, e ele falou o que ele não fala em 3 dias de prova e todos nós nos divertimos muito nessa remada, até a dupla que estava com a gente achou engraçado.
O final da remada fez bastante frio e chegamos no PC15 AT com muuuuuito frio. Trocamos de roupa, comemos e fomos pro fim da prova que era um último mountain bike que chegava em Bragança de novo.
Saímos de lá de noite ainda e pegamos o sol nascendo no alto da serra que divide Nazaré Paulista de Bragança. Fez um dia lindo e mais uma vez conseguimos pedalar super bem, não paramos pra nada e o Tumi (apelido do Tumang) navegou super bem, não errou nadinha sequer, aliás, se não fosse por um errinho ao sair da cidade na 2ª perna de bike, ele teria zerado a prova, mas tá valendo né, não estava tão fácil assim e mesmo assim ele não errou nadinha.
Chegamos em Bragança com tranqüilidade depois desse MTB que não foi tão fácil, tinha algumas subidas ainda, mas estávamos todos muito bem, ninguém se machucou e chegamos todos fisicamente bem fortes. A equipe, junto com o apoio é claro, está de parabéns, fizemos uma prova bonita e não erramos quase nada.
Ajudamos uns aos outros quando precisamos e o entrosamento da equipe também contou para essa vitória. Atravessar o pórtico em primeiríssimo lugar depois de ter achado que nem ia conseguir continuar foi especial pra mim e vencer com essas pessoas foi simplesmente BOM DEMAIS! Anotem aí, essa foi só a primeira de muitas que virão pela frente.
Aos meus amigos Tumi, Emer (PAZ) e Marcelinho eu agradeço muito por terem me ajudado tanto no começo da prova e por serem essas pessoas fantásticas que vocês são e aos apoios Igor e Rott um obrigada especial, afinal fazer apoio é competir também e sem levar o troféu no final. Sem nos esquecermos do apoio mais que especial que tive desde a hora que cheguei no aeroporto de Guarulhos até a hora de eu ir embora, nem os sandwiches precisei fazer e o carinho foi literalmente inesquecível.
Agradeço muito também a academia COMPETITION, que acredita na nossa equipe e é a grande responsável por essas experiências maravilhosas que temos, pois sem ela nada disso seria tão possível.
Agradeço aos amigos e familiares que ficam torcendo por nós todas as corridas e principalmente as esposas que ficam não só torcendo, mas cuidando da família para que esses guerreiros possam competir e espero que cada vez mais possa valer a pena esse esforço que sabemos que não é fácil.
Muitíssimo obrigada por fazerem parte dessa conquista.
Um beijo grande à todos!
P.S. o Igor acabou de me dizer o nome do amigo dele que fez o apoio....ROTT, muito obrigadaaaa, você foi um excelente apoio e é uma pessoa incrivel e o Igor acabou de confessar que tinha sim um pacto com o Tumang, hehehe.
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