Ventos ciclónicos, chuva e frio varreram a maior extensão de praia do mundo entre Chuí e Rio Grande, RS, Brasil. Nessa enorme e desértica extensão de areia ladeada pelo mar largaram 60 participantes para percorrer os 223 km de prova em até 60 horas.
A manhã nasceu tranquila e com temperaturas bem moderadas o que anunciava uma corrida mais tranquila e tempos médios bem mais altos que o previsto. Assim foi até a primeira de quatro bases de apoio. Os que conseguiram atingir a segunda base, Farol do Albardão, antes da noite se fechar quase todos terminaram. Quem partiu na madrugada foi assolado por ventos ciclónicos de 140 km/hora, chuva e muitos raios. É nessa hora que a organização tem de tomar decisões e a decisão foi resgatar quem estava no percurso com a ajuda do Exercito Brasileiro. Alguns ainda tentaram resistir à medida, mas essa, hoje que estão passados alguns dias, foi a mais sensata das medidas.
A noite e madrugada foram terríveis e todos esperavam uma manhã mais sossegada. Realmente foi. Foi porque parou de chover e cair trovões, mas o vento continuou de nordeste levantando uma poeira fina que feria os olhos, a pele e se aloja em tudo o que é lugar. Esse "nordestão" bem conhecido pelos Rio Grandinos, ou Papa Areia, ainda assim foi dos males menores. Caso o vento fosse de sul, as águas do mar subiriam até obrigar a correr nas dunas. Entre um e outro venha o diabo e escolha!
Com estas condições finalizaram a prova 17 participantes. Gente que teve muita coragem e capacidade de sofrimento. Alguns deles não consideraram os alertas da organização sobre a qualidade necessária dos equipamentos. Uns, os mais resistentes e que se conseguiram abrigar e proteger do frio nas bases de apoio, ou nas dunas chegaram ao final. Outros pouco tempo resistiram a tamanha intempérie.
Aníbal Lavandeira, uruguaio, foi o vencedor com 33:52 horas. Durante mais de metade da prova seguiu em segundo atrás do "enorme" Oraldo Romualdo. Oraldo não resistiu ao cansaço e adormeceu numa altura que procurou abrigo para se proteger do mau tempo.
Entre as mulheres, Andreia Coelho mostrou-se uma guerreira capaz de grandes feitos. Venceu a classe feminina e colocou-se em 5º da geral. Em pouco mais de 40 horas Andreia concluiu a sua prova. Um tempo fantástico.
Fechou a contagem o equatoriano Raul Bautista com 58:24 horas. Um tempo que dá razão à organização quando estabeleceu as 60 horas como limite.
Sessenta horas foi uma escolha da organização a pensar em todos aqueles que participam numa perspectiva de viver uma experiência de superação e evasão. São cada vez mais e em todo o mundo. Participam para experienciar, conhecer, conviver e por fim terminar. São eles os "maraturistas".
A segunda edição já está a ser planejada e deverá acontecer na mesma época em 2016.