Mais uma vez nossa equipe partiu para a terra de nossos "hermanos" para participar do Circuito XK Race, desta vez em uma região inédita pra gente, na Patagônia Argentina, cidade (linda) de El Bolson!
Com uma formação que contava comigo, Juninho, Fredy Guerra e Paulinha Bastos, íamos fortes e com grande responsabilidade de defender os grandes resultados que vínhamos obtendo em nossas ultimas participações no Circuito XK, o mais importante da Argentina e um dos mais legais da América do Sul.
© Marcelo Tucuna
El Bolson é uma cidade linda e turistica, que no verão recebe mais turistas que sua vizinha Bariloche. Os principais atrativos são os diversos picos e lagos ao redor da cidade, todos com estrutura para receber o turista com refúgios e trilhas bem consolidadas. Vale a pena conhecer.
E como nem tudo nas corridas de aventura é fazer força e sofrimento, sempre aproveitamos as provas para desfrutar desses momentos únicos de contato íntimo com a natureza, que é o que nos motiva a seguir competindo nesse esporte de "loucos".
A prova – Com 210km divididos entre 4 pernadas de bike, 3 pernadas de trekking e uma de canoagem no belissimo lago Epuyen, a prova foi muito dura fisicamente e também muito técnica, exigindo concentração e força durante todas as 30 horas que nos tardou em terminar.
© Alejandra Melideo
Logo na bike inicial subíamos desde El Bolson até Cabeza del Indio, uns 300m e depois continuava ascendendo até a região do Glaciar Hielo Azul, onde começava o 1º trekking de 30km, que nos tomou 8h.
Esse trekking foi de beleza e dureza singulares, pois subiamos o vale do Rio Azul, passando pelo impressionante Cajon del Azul e subindo de 600m a 2250m de altitude, passando por bosques patagônicos, muitas pedras e campos de gelo até chegar ao cume! E depois, despencamos até a bike, descendo correndo por 1h10 sem parar! Haja pernas!
Neste trekking optamos, como quase todas as equipes da ponta, em fazer um PC Extra, tanto pelas 5h que descontavam no tempo de prova, quanto pela perspectiva de belas e desafiadoras paisagens. Agora, olhando em retrospectiva, posso dizer que valeu a pena por ambos os motivos.
Comemos empanadas na transição e conseguimos sair antes da Trek Uruguai, com quem disputamos a 3ª posição durante todo esse trekking. Pegamos a bike ao entardecer para mais 35 km voltando para El Bolson na gélida noite andina.
Chegamos na transição onde ficamos por 20 minutos e os uruguaios não chegaram, sinal de que ter forçado o ritmo na bike nos tinha valido uma semi consolidação na 3ª posição da prova.
Neste ponto tínhamos que escolher fazer a seção B (Bike 11km subindo brutalmente 1000m e depois trekking 4km subindo 1100m, descendo tudo de volta a El Bolson) ou seção C (30km de bike + 13km canoagem + 15km trekking + 30 km de bike).
Como já eram 22h, optamos por fazer uma bike rápda até a canoagem e remar por volta da meia noite, quando quase não haveria vento e o frio seria menos intenso que nas horas que antecedem o alvorecer (por volta das 8h da manhã nesta região sul da patagônia). Quando chegamos nos caiaques só tinha um trio masculino na água, e por um momento pensamos que tínhamos escolhido a estratégia errada (já que os líderes da prova estavam todos na seção B). Foi uma hesitação momentânea e em poucos minutos eu e a Paulinha (só dois remavam) colocamos as roupas de frio e começamos a remar no deslumbrante lago Epuyen. Tínhamos 3 PC´s pra encontrar no azimute, sob o céu estrelado e com as lanternas apagadas aproveitamos ao máximo aqueles momentos! Achamos os PC´s e em 2h30 voltamos para encontrar o Juninho e o Fredy para o trekking com mais montanhas pra escalar de despencar abaixo.
Tivemos um pequeno problema que nos custou 1 hora, porque chegamos ao local (uma ponte de madeira) onde estaria o cartaz da prova e não encontramos. Procuramos na beira do Lago Los Alerces, procuramos muito até que decidi abrir o rádio e me comunicar com a organização. Nos disseram que aparentemente algum turista tinha tirado o cartaz. Ficamos meio frustrados, mas tiramos uma foto na ponte e seguimos para nova transição onde pegaríamos as bikes e encararíamos a última escalada da prova durante a seção C, subindo de El Bolson (300m) até o cume do Cerro Piltriquitron (2350m!!!).
© Marcelo Tucuna
Na saída da bike cruzamos novamente com os uruguaios da Trek Uruguai, e pelos cálculos que fizemos, tínhamos uns 40 min de frente sobre eles. Teríamos que fazer a seção C no mínimo no mesmo tempo que eles para consolidar nosso tão sonhado pódio.
A seção C começava com uma subida brutal de 11km para 1000m de altitude, muito dificil tecnicamente e desgastante fisicamente, para quem já estava nas montanhas havia mais de 24h. Vencemos essa subida em exatas 2h e perguntamos para o Pablo quanto tempo as equipes estava fazendo o trekking de 8km subindo 1100m para depois descer. Ele nos disse que pelo menos 4h. Era o limite que tínhamos pensado para tentar ficar em 3º.
Começamos a subir a montanha, depois andamos num platô até chegar à ascensão final de 700m em 1,5km, mais uma vez nossa capacidade de escalar e suportar a dor e o sofrimento seriam colocados à prova. Subimos num ritmo bom, sem parar como aliás durante quase toda prova, e chegamos surpresos ao cume com 2h. Descemos com 1h e tínhamos feito um tempo incrivel no trecho mais dificil da prova! Brutalizamos demais.
Depois era despencar por 11km e chegar em El Bolson com aquele frio na barriga pra saber se os uruguaios tinham chegado! Colo, um dos organizadores, nos confirmou que ainda não e comemoramos muito nossa 3ª posição nessa prova linda e exigente!
Ainda descobrimos que tiramos bastante tempo da 1ª e da 2ª equipe, e que se não tivessemos procurado em vão por 1h um PC inexistente tínhamos garantido o vice campeonato!
Mas apesar disso, ficamos muito felizes com nosso desempenho e mais uma vez o Circuito XK Race nos recebeu com grande alegria e satisfação, e certamente todas as vezes que nos aventuramos por terras argentinas esse calor humano de toda equipe XK nos faz querer voltar mais e mais!
Abraços aventureiros e em 20 dias temos o Tierra Viva!! #NQSF!! Vamos com tudo!!