Thiago Bonini relata sua participação na Expedición Cimarrones 2015 – Adventuremag

Ao abrir meu facebook num certo dia, vi uma mensagem com um convite inusitado: "Thiago, quiere correr lá Expedicion Cimarrones no Uruguai com nuestro equipo??"

Tratei logo de ver se havia alguma prova prevista para a minha equipe Competition Aroeira e perguntar ao nosso capitão Emerson Furlanetto se não haveria problema. Quando percebi, em menos de uma semana eu já estava no Uruguai para fazer uma prova que não conhecia, com pessoas que não falavam nada de português e em um ambiente que havia estado apenas uma vez.

Uruguai Natural Ultra Sports

A correria para chegar ao local da largada, fazer check-in, charla técnica (risos) e arrumar os equipamentos nada muda em relação ao Brasil. Enfim, estávamos atrasados como aqui.

Iniciamos a prova e o diálogo como já era de se esperar, não acontecia. Algumas palavras trocadas indicando direções e nada mais, muito complicado para quem arranha um "portunhol" e ainda estava navegando com um mapa e road book todo em espanhol, entregues na largada após termos feito um Rogame na cidade.

Em nossa tentativa de conversa inicial, havia dito que no segundo dia de prova já estaríamos nos entendo normalmente e assim foi. No primeiro dia de prova estávamos bem, com nossa capitã Federica muito forte e decidida e Guillermo Nantes, um atleta fora do comum, me ajudando em alguns trechos devido ao pedal forte que imprimimos com um vento que nunca havia visto antes, enquanto eu tentava levar a equipe aos pontos corretos, muito difíceis de encontrar devido à neblina e chuva.

Início da primeira noite e se eu achava que nossos problemas seriam apenas o dialogo e a capacidade física estava enganado. Frio, muito frio! Um frio eu não havia passado em meus 10 anos de corrida de aventura! Em alguns momentos pensei em me enrolar na manta térmica, me enfiar no bivac e não sair de lá jamais. Federica, em nossas conversas pelo face, disse que não estava frio na região. Besta eu… Claro que não, eles estão acostumados! Eu moro na praia, 20º C é frio e não 2º C como passamos, fora o vento que parecia que íamos sair voando.

Após esta noite em um trekking muito duro atrás de PCs difíceis de achar, eu clamava por estar correndo com minha equipe ou qualquer outra do Brasil, para poder dizer o que estava passando. Iniciamos um MTB longo e com mais vento contra. A partir daí entrei no mapa e na navegação e as conversas começaram a fluir normalmente e mal sabíamos que somente 3 equipe haviam saído do treeking. E estávamos entre elas.

Deste MTB em diante parei de sofrer com o frio e como estava totalmente agasalhado da noite anterior, comecei a "ver estrelas" e fui ao chão pedalando devido ao calor que passava. Frederica voltou e perguntou assustada: "Que passas? Estas bien?" Um minuto depois já estava em pé e continuamos a pedalar.

Passamos por lugares que nunca imaginei que teriam no Uruguai. Montanhas, muitas montanhas. Pequenas, mas estavam ali. Sobe, desce, pula cerca e volta a pular novamente, devemos chegar em "La cachê". O que é "La chache"? (risos). Acabei descobrindo depois e já incorporava um Uruguaio nato.

No início da segunda noite a organização nos informou que a equipe que saiu após a nossa do primeiro treeking estava a 6 horas de distância, então foi só manter o ritmo e contemplar a bela paisagem, pois sabíamos que somente a equipe que estava a frente, nós e a "Gacelas Herniadas" passariam pelo horário de corte.

Após uma longa noite de MTB – com direito a parada de 20 minutos em um curral – e uma manhã ensolarada, onde pela primeira vez consegui somente ficar com uma segunda pele e o colete de prova, cruzamos o pórtico junto com a "Gacelas Herniadas", esta que estavam conosco em bons trechos da prova, fazendo com que melhorasse ainda mais meu portunhol.

Posso considerar que tive um curso intensivo de espanhol, conheci pessoas maravilhosas, lugares que nunca imaginaria estar e pude desfrutar do melhor do Uruguai.

Gostaria de agradecer a equipe Uruguai Natural Ultra Sports pela oportunidade; agradecer muito o grande atleta Ruben Manduré, pela confiança de me deixar substituir o grande navegador que é; não esquecendo Federica Frontini e Guillermo Nantes, que fizeram com que chegássemos no primeiro posto na categoria e segundo posto na classificação geral.

Não poderia deixar de agradecer também a organização da prova que me acolheu muito bem, sem exceção, e fez com que eu passasse por momentos maravilhosos que nunca deixarei de lembrar.

O IMPORTANTE É COMPETITION……ANDANDO NA FRENTE…

Thiago Bonini