Costa Rica. Para muitos um país da América Central, mas foi na cidade de mesmo nome no Mato Grosso do Sul, região centro-oeste brasileira, que alguns privilegiados atletas do Brasil, Argentina e Paraguai estiveram presentes para a participação na 2ª edição da Copa América de Corrida de Aventura.
Situada na divisa com Goiás e com estimados 20.000 habitantes, Costa Rica impressionou a todos. Antes mesmo de chegar na cidade, os atletas que estavam no ônibus oferecido pela prefeitura para fazer o transfer a partir do aeroporto de Campo Grande tiveram um boa notícia: todas as escolas onde eles ficariam alojados tinha ar condicionado nas salas de aula. Informação passada pelo pequeno Cleverson, filho do motorista que por um tempo deixou seu pai sozinho e veio conversar durante o trajeto de 400 quilômetros entre as duas cidades.
Uma das escolas utilizadas como alojamento das equipes – Foto: Paula Pereira
Foram oferecidas 3 escolas como alojamento e cada equipe pôde se acomodar em uma sala, com espaço para todas as suas coisas e tranquilidade de não ser incomodado por outras pessoas. E pode tirar da cabeça aquela imagem que temos (pelo menos nós, paulistas) das escolas públicas. Tudo era muito limpo e organizado, assim como a cidade em geral.
As atividades tiveram início com o checkin no Parque Natural Salto do Sucuriu. Depois de verificar seus equipamentos alguns atletas ficaram por ali para almoçar, nadar na piscina natural e conhecer as cachoeiras. Na parte da tarde, foi realizado o projeto sócio-ambiental com o plantio de mudas nativas no Parque Ecológico.
Apesar de projetos semelhantes terem sidos realizados anteriomente, dessa vez foi diferente. Ao lado de cada muda foi colocada uma placa de metal com o nome da equipe, nomes dos atletas e a bandeira do Estado ou País representado. E as equipes registravam com muito orgulho aquele pequeno espaço com seus nomes registrados, garantindo uma personalização inesperada em um projeto "comum" no esporte.
A corrida – quem conhecia Lucas Gerônimo e Francisco Perez de longa data da Chauás, sabia que essa não seria um prova fácil, mas ela se provou muito mais dificil que o esperado. A navegação com os mapas na escala 1:100.000 e o ritmo lento imposto pela mata fechada colocou navegadores e o preparo fisico à prova.
O começo de prova foi rápido. As equipes partiram correndo a pé do Centro de Eventos Ramez Tebet e cruzaram a cidade até o Parque Ecológico Villibaldo Rodrigues Barbosa "Viliboldo", onde pegaram suas bicicletas e cruzaram novamente a cidade, desta vez em sentido contrário, para o verdadeiro começo da aventura.
Estradas de terra fofa em meio a plantações foram o cenário desta segunda seção da corrida. A dupla Advogado Aventureiro foi a primeira equipe a surgir na longa reta interminável, mas logo depois os pequenos pelotões apareceram, com os atletas alinhados como se estivessem num pedal no asfalto.
Ainda era começo de corrida e as equipes chegaram praticamente juntas por volta das 13h00 na transição para o primeiro trekking. Sob sol forte e temperatura por volta dos 35ºC os atletas seguiram em direção ao Morro Seios de Moça e depois, para o fundo do cânion rumo ao desconhecido e em busca de um posto de controle que se mostrou um dos primeiros grandes desafios da prova.
A partir desse momento a corrida passou por uma reviravolta. As estratégias e escolhas de diferentes rotas pelos navegadores pôde ser visto logo na descida do morro, mas depois a maioria das equipes acabou se encontrando e trocando informações para tentar descobrir onde estavam e para onde seguir. Enquanto algumas equipes se juntaram, outras optaram por se separar e encontrar uma solução sozinhas.
E o "pulo do gato" foi dado pela Terra de Gigantes/Selva, ainda no alto do morro. Ao invés de seguir pelo caminho sugerido no mapa e por onde todas as outras equipes seguiram, os atletas optaram por descer pelo lado contrário, cortar um longo trecho do trekking e sair mais perto do posto de controle. Mas não foi fácil e simples. O capitão Philipe Campello disse que eles utilizaram a corda de 20m (equipamento obrigatório) para descer alguns trechos do morro. E vale ressaltar que Philipe possui experiência como montanhista e escalador, garantindo a segurança de todos na descida.
Foram 8 horas caminhando pela mata até volta para as bicicletas e manter a liderança até o final. Enquanto isso as outras equipes "batiam cabeça" dentro do cânion. Como esperado, a temperatura caiu bastante durante a noite (aproximadamente 10ºC de diferença) se juntando aos desafios de navegação, às formigas tucandeiras e os carrapatos.
As equipes argentinas Team Ansilta Viento Andino, Kuntur e Sportotal se uniram e foram as próximas a sair do cânion, mas isso aconteceu somente às 06h20 da manhã do dia seguinte, aproximadamente 8 horas depois da primeira colocada. Aos poucos as equipes foram "surgindo" no horizonte, prontos para seguir em frente.
E como explicado no briefing, a corrida continuou difícil, aliviando somente na reta final, quando os atletas se dirigiram novamente para o Parque Natural Salto do Sucuriu para descer um tirolesa e então pedalar pela cidade até a chegada.
Esse é um formato de prova que volta às origens das corridas de aventura no Brasil. Navegação exigente, mata fechada, muito tempo perdido e estratégias que mudam a classificação. Muitos atletas sentem falta disso e apesar de poucas equipes terem conseguido completar não vi nenhuma delas reclamando, pelo contrário, curtiram muito a prova e as dificuldades enfrentadas. Se são pessoas normais ou não é assunto para outra hora.
Nesta segunda edição da Copa América de Corrida de Aventura o pódio fez jus ao título da prova e mesclou equipes de diferentes paises do continente. Quem sabe na próxima edição muitos outros países estejam presentes, aumentando a disputa e a mistura no pódio.
Terra de Gigantes/Selva ao lado do prefeito Waldeli dos Santos Rosa
A cidade de Costa Rica possui um grande potencial para o turismo de aventura e para a prática de atividades esportivas. Os participantes da 2ª edição da Copa América de Corrida de Aventura tiveram apenas uma pequena amostra do que a região pode oferecer e alguns participantes tem 2 motivos para retornar: cuidar e verificar o crescimento da muda plantada por sua equipe e voltar para encontrar o PC6 no fundo do cânion.
Pódio Final
Quartetos Mistos
1 – Terra de Gigantes / Selva
2 – Team Ansilta Viento Andino
3 – Kuntur
4 – Saci AKSA
5 – Gallo Specialized