A Ultra do Céu é uma projeto independente sem fins lucrativos em que consiste em sair de um ponto a outro com as forças das próprias pernas. Neste caso específico, o trajeto começou na cidade de Ibertioga passando por Santa Rita de Ibitipoca, Vilarejo dos Moreiras, Conceição de Ibitipoca até o Parque Estadual de Ibitipoca. O ponto culminante é o local conhecido como Janela do Céu e por isso o nome do projeto.
"Das outras vezes fiz tudo sozinho, este ano, convidei alguns amigos e foi uma ótima confraternização entre amizade, esporte, saúde, natureza, vida e a montanha!", disse o idealizador Valmir Lana Jr.
Segue abaixo seu relato:
Ultramaratona é um nome que remete a uma coisa muito difícil, que poucos tem a audácia de se propor. Em contrapasso dessa ideia vem o Céu, que já é tido como um paraíso, passa uma ideia de plenitude. E com estes contornos se pode definir esta jornada, uma experiência surreal que já nos primeiros passos se mostrou suave com uma corrida leve e iluminada pelo brilho da lua e seu majestoso Arco-íris lunar.
Cada um em seu próprio passo, passeamos pelas estradas que ligam Ibertioga a Santa Rita de Ibitipoca, onde a abundancia em suprimentos nos surpreendeu e a gratidão ao "Torresmo" vulgo Marcos Loschi é tamanha. Minutos de descanso e avaliações, 25km já haviam ficado para trás e nos restavam alguns, ótimos, quilômetros até nosso objetivo, deixamos a praça de Santa Rita e em um acolhedor vilarejo chamado "Moreiras", nos encontramos todos e felizes partimos novamente.
Pernas já pesadas, a corrida suave já não era uma realidade palpável, o suor esfriava o corpo todo e o dia já raiava no horizonte. As lentes do habilidoso fotógrafo registrava tudo com maestria, é possível dizer que suas fotos tem vida, dá para ler o que o Thiago e todos nós 'Lemos" nelas.
A chegada no cruzamento que leva ao Parque foi muito comemorada e partimos com alegria e cansaço pela subida calçada que minava o corpo e alimentava a alma.
O relógio de sol, o paredão de Santo Antônio, a Ponte de Pedra, Lago das Miragens, Cachoeira da Pedra Quadrada, Cachoeira dos Macacos, Mirante poderiam já nos bastar por tamanha beleza e prazer em correr por todos estes pontos, alguns por ali ficaram com a certeza de que deram o máximo de suas forças e, que, por mais prazerosa que fosse, ainda assim era uma Ultramaratona.
Não havia receio de não chegar ao objetivo, com a consciência de que os quilômetros passados pesariam nas subidas e descidas do Pico do Pião, o subimos e o descemos com todo o encantamento de ali estar e partilhar toda aquela belezura!
Uma cachoeira no meio do caminho que só aparece nas épocas de muita chuva nos presenteou e as pernas iam sozinhas pelas técnicas trilhas que nos levou a outra cachoeira que, esta sim, é famosa "Cachoeirinha"… fotos e mais fotos e seguimos para sua base e chamá-la de "Cachoeirinha" era um absurdo… caudalosa e potente, poderíamos colocar qualquer sufixo, menos o diminutivo pelo qual era famosa!
Majestosa, imponente, linda, todos presentes tinham sorrisos nos olhos e adultos se transformaram em pequeninas crianças a se banhar e se banhar naquelas fortes águas.
A vontade de ficar ali o dia inteiro só não era maior que a vontade de, com mais alguns passos, chegar ao destino final, Janela do Céu… enfim, chegamos ao tão sonhado local que nos leva a pensar que estamos em algum paraíso ou coisa que o valha. Ficamos ali admirando e comemorando toda a jornada. Teoricamente ali era o fim, mas ainda tínhamos a volta pela Lombada, o ponto mais alto do Parque.
Subir, subir e subir para depois descer, descer e quando pensávamos que estaria chegando, descíamos mais ainda e até que, então, descíamos mais e parecia que não iria acabar nunca, mas a Ultra do Céu havia chegado ao seu final com memórias para uma vida inteira, memórias de amigos, monstros das corridas em montanhas, seres humanos incríveis que celebram a natureza, vivem o espírito da montanha, o espírito Outdoor e que são felizes assim, sempre seguindo em frente (Go On Outdoor)!