Desde que comecei a correr o Haka Race, em 2008, meu aniversário, dia 20 de agosto, sempre calhou de ser comemorado nos finais de semana da terceira etapa do circuito. Algumas vezes, a prova me fez comemorar com mais alegria – como em 2015, quando conquistamos um incontestável primeiro lugar em Botucatu, minha cidade – e em outras oportunidades, trouxe lições – como em 2014, também em Botucatu, quando sofri o maior acidente da minha ‘carreira’.
Em 2017, não foi diferente: prova em Itanhandu (MG) dia 19 de agosto, véspera do meu aniversário. Considerando que para mim e meu colega de equipe, André Siqueira, a temporada vinha sendo desastrosa, com um corte na primeira etapa (Ubatuba) e um erro de navegação grotesco que nos levou a um resultado ridículo na segunda prova (Itapetininga). Se no ano passado não ficamos em uma etapa fora do pódio, neste sequer havíamos completado uma prova dignamente. Restava fazer um papel mais condizente com nossa tradição na prova de Itanhandu.
Como sempre acontece em locais mais turísticos, escolhemos um hotel bacana e levamos nossas esposas e filhos. Afinal, correr o Haka é uma oportunidade pra um final de semana em família.
Como não conseguimos encontrar hospedagem em Itanhandu – faltando 1 mês para a prova, todos os hotéis já estavam cheios! -, acabamos por reservar um hotel na vizinha São Sebastião do Rio Verde (cerca de 15 km), na Pousada Spa São Sebastião – um espaço super tranquilo, relativamente afastado de Itanhandu, mas perto o suficiente pra tomarmos um café tranquilamente e irmos com tempo pra largada – mais informações sobre a pousada no final do texto.
Viajamos pra Itanhandu na sexta com o tempo super fechado em São Paulo e uma previsão de final de semana chuvoso. Uma pena, pois a pousada parecia ser bem bacana e ótima pra nossa família aproveitar enquanto corríamos.
Felizmente, o dia amanheceu fechado, mas sem chuva, ideal pra correr. Diferentemente do que ocorre em toda largada, chegamos na base uma hora antes, com folga pra checar os equipamentos e resolver todas as questões pendentes – como um acerto de última hora na calibragem dos pneus. Num Haka normal, mesmo com tudo resolvido, ficaríamos super nervosos minutos da largada. Mas não havia motivo pra isso. Afinal, com chance zero de vencer o circuito, estávamos ali pra fazer uma prova divertida.
Largamos e fizemos uma longa perna de bike até o primeiro AT, no water trekking. Estava preparando um review do tênis Salomon Speedtrak e esse trecho seria ótimo pra verificar como ele se sairia fazendo treeking num rio pedregoso – o resultado do review você confere aqui.
Diferentemente de outras provas em que tivemos de fazer water trekking, em Itanhandu os PCs estavam super fáceis de encontrar, o que facilitou a navegação. Fosse com em Passa Quatro 2015, por exemplo, em que eram virtuais e estavam bem escondidos, teríamos perdido mais de duas horas ali. Com os PCs à mostra, a prova ficou rápida pra todos.
Na sequência, mais trekking e uma longa perna de bike, sempre percorrendo os vales da região, aos pés da Mantiqueira. O fato de a organização ter montado a prova, basicamente, utilizando estradas e trilhas que percorrem vales, em vez de nos fazer encarar pirambas numa das regiões mais montanhosas do País também contribuiu para que o Haka Itanhandu fosse uma corrida rápida.
O fato de estar usando o Speedtrak em vez de meu Salomon XA Pro 3D (este bem mais pesado), me permitiu desenvolver bem a corrida.
Em circunstâncias normais, se estivéssemos disputando o título da temporada, imprimiríamos um ritmo de corrida bem forte nesses trechos de reta. Mas não foi o caso; fizemos num ritmo tranquilo. O André havia completado uma maratona duas semanas antes e ainda não estava 100% recuperado. Corremos, sim, mas também caminhamos sem medo de sermos felizes.
Um dos destaques foi a escalada em rocha, modalidade que estava deixando muitos colegas atletas preocupados. Eu mesmo, pra garantir que teria algum controle sobre meu crônico medo de altura, treinei duas semanas antes na Casa de Pedra, um ginásio de escalada de São Paulo; mas, na prova, descobrimos que, como diz o ditado, a montanha havia parido um rato: não era necessário descobrir as vias e subir encontrando as agarras pra chegar no topo. Em nome da agilidade da prova, própria organização preparou um top rope com nós em forma de escada nas cordas, permitindo que subíssemos agarrando esses nós. Em três minutos – usando quase nada de técnica e apenas a força dos braços -, dei conta de subir e descer pra voltarmos à corrida.
Mais um trecho de trekking e chegamos no último AT para pegar nossas bikes e seguir com elas até a chegada. Nesse final de prova, seguimos junto com os amigos Ude Lotfi e Luciana Silveira, da equipe Ratos do MatAdentro – Eu Vou. Sem correria, mas lembrando de histórias de outras provas e dando risada. Afinal, são esses ‘causos’ que valem o esforço e os perrengues.
Cruzamos a linha de chegada às 13h54. Àquela altura, o que todos imaginavam que seria um diz chuvoso já tinha se transformado numa deliciosa tarde ensolarada. Almoçamos num dos restaurantes da praça, tomamos uma cerveja com os amigos contando ‘causos’ da prova e aproveitamos para passear pelo centrinho de Itanhandu com nossas famílias. Ficamos na sétima posição. Sem pressão e sem compromisso. E, pra mim, foi mais um aniversário inesquecível.
Hospedagem
Em São Sebastião do Rio Verde, ficamos na Pousada Spa Rio Verde. O espaço é bem completo: possui um Spa, como o nome sugere, parquinho (ideal para a atual fase do meu filho, Dante, de 2 anos), lago de Pesca (ideal para o meu sogro, Vanderlei, que ama esse esporte) e Internet – ideal pra mim, já que, por conta de alguns free lances, não posso ficar fora do ar por mais de um dia.
A piscina é aquecida – não chega a ser quente, mas suficientemente morna pra arriscar um mergulho, mesmo no fio da Mantiqueira. E o café da manhã, bem generoso, nos proporcionou uma ótima manhã de domingo no dia seguinte à prova.
Nossos agradecimentos à Irene, simpaticíssima proprietária da pousada e sua equipe, que nos receberam super bem.
Mais informações: www.saosebastiaospa.com/amenities.htm