Relato da equipe Chauá na Gralha Azul Expedition 2017 – Adventuremag

Como você aproveitou seu feriado? Eu e uma tropa de malucos fomos a Guarapuava participar da prova maos casca de corrida de aventura dos ultimos tempos. Quem conhece o Heitor e o Capitão Veigantes sabem que estes dois são feras em colocar seus atletas em lugares incríveis.


Foto: Luiz Fabiano / Íbex Imagens

Guarapuava está localizada no terceiro planalto do Paraná e tem características muito fortes. A região é quente durante o dia e muito fria a noite. Com serras intermináveis e cachoeiras gigantes, ela se destaca também pela pela agricultura e pecuária.

A largada de madrugada foi um dos pontos em que mais "pegaram" nesta prova, ou seja, já no início testou nossa habilidade de nos mantermos acordados.

Com grandes nomes da corrida de aventura do Brasil largando lado a lado, a nossa expectativa era grande e junto com isso vinha uma ansiedade enorme de largar e espantar o sono com corrida.


Foto: Luiz Fabiano / Íbex Imagens

Desde o primeiro PC a prova já mostrava que cobraria muito de todos, inclusive aquele treino de navegação e um olhar apurado aos detalhes dos mapas. Estes estavam com uma qualidade impecável, ponto positivo para a dupla Heitor e Capitão Veigantes.

Logo chega o primeiro AT. Ali nos situamos e nos organizamos, sabíamos que a prova tinha acabado de começar e que a indefinição ainda era grande. Nos alimentamos e saímos para um pedal sinistro, com subidas intermináveis e alguns visuais bacanas. Para esta parte da prova a sequência era pedal + trekking + canyoning + trekking e bike. Mais ou menos 130 km de prova para fazer sem encontrar nosso apoio.

O sol já havia saído de cena, mas enquanto ele estava lá nos tirou forças, por isso tomamos cuidado para não nos desidratar. O pedal foi duro até chegar na cachoeira onde começava o canyoning, mas o visual dessa parte compensou cada gota de suor. Desce a serra, sobe a serra, reencontra a bike e navega.

Nesta segunda perna de bike tínhamos vários caminhos possíveis e nos encontramos com outras equipes várias vezes, cada uma com sua estratégia de navegação definida. Claro que não podia ser fácil e antes de ver nosso apoio tivemos que fazer um super empurra bike, montanha acima é claro. As horas passavam e íamos nos aproximando do nosso apoio, foram muitas horas imersos nas trilhas, montanhas… hora empurrava a bike, hora estávamos num Downhill alucinante.

Enfim chegamos no nosso apoio. Lá ouvimos relatos de várias desistências e equipes que ainda não haviam passado por pontos em que passamos a várias horas atrás. Nosso desgaste até este ponto da prova foi grande, era Guarapuava cobrando sua parte!

Vamos remar!!! Inicio com algumas quedas super legais e depois um rio largo mais manso. Isso foi ruim porque a água era tão calma que se parasse de remar o caiaque praticamente não saia do lugar. Empurrar a embarcação no início foi como um aviso de que aquele rio também cobraria sua parte nesta peleja. Tínhamos uma previsão de quase 10 horas remando e nossa conta acabou dando certo, mas esta exposição a água gelada foi  muito pior do que poderíamos imaginar, as chances de hipotermia eram grandes. As horas passavam e nós, já próximos da saída da canoagem, fomos contemplados com um momento único: à nossa direita acabara de nascer a lua, com tom laranja… foi espetacular esse momento.

A região se mostrou muito difícil, mas de beleza ímpar, não só pela lua mas por toda natureza à nossa volta.

Saímos do caiaque literalmente em processo de hipotermia. Encontramos nosso apoio já com uma fogueira acesa e comida quente, trocamos de roupas, nos alimentamos e nos organizamos para o que seria a última perna de bike. Mal sabíamos o que o Heitor e o Capitão tinham reservados para nós…

Entre indas e vindas, encontros e desencontros, acabamos nos organizando junto com a equipe Guartelá para tentar amenizar o perrengue. A navegação difícil exigiu 4 navegadores e 2 horas de descanso para nos achar. Fogueira e equipes na beira da fogueira para não congelar. Contínua, encontra #TamoJunto #Manbanegra e segue o perrengue.

Daqui em diante a cabeça domina o corpo pensando em passar o pórtico e terminar mais uma prova. Amanhece novamente, pedala, empurra a bike, previsões ja não dão certo, nada mais de comida desce e toma mais subida… como é possível uma prova de 300 Km ter o último PC sendo como o mais difícil? Por quê aquela última subida insana? Por quê? Por quê…

Acreditamos que isso tudo é para mostrar que a Gralha não é para qualquer um, que sem treino vai sim ficar pelo caminho e que o ser humano é uma máquina sem limites e você pode fazer tudo, absolutamente tudo! Desde que treine duro! Só assim terá êxito.

Prova top demais, sem moleza, só lugares lindos escolhidos a dedo.

Queria deixar meu agradecimento especial a Chauá pelo convite. Foi uma honra competir com vocês; Luiz Fabiano (Íbex Imagens), nosso canivete suíço: apoio + mestre cuca + cobertura de imagens; Guartelá juntos somos mais fortes e Mamba Negra e Tamo Junto, vocês são demais; aos nossos patrocinadores Crossfit I9 e Restaurante Caponata e a todos que torcem por nós e nos incentivam a seguir nessa vida esportiva.

Foto: Luiz Fabiano / Íbex Imagens

Só acaba quando termina!!!!

Nao teria frase para resumir uma prova da Gralha Azul Expedições.

Abraços
Eriston Schypula
Chauá Adventure