Como dizem Chauás é Chauás.
Todo circuito de corridas de aventuras tem seus diferenciais e uma das particularidades do Chauás são suas trilhas vermelhas ou rasga mato.
Nos mapas, as trilhas são demarcadas por linhas pontilhas em preto, esse é o padrão internacional e com o tempo, o Lucas e o Fran (organizadores do Chauás) criaram essa referencia em vermelho para poder de certa forma orientar os competidores sobre o que seria a melhor opção de caminho a ser tomado.
E como não podia deixar de ser, tínhamos algumas nessa prova.
Durante toda a semana de preparação o clima prometia muita chuva, o que só aumenta a dificuldade dos atletas…como se precisasse de mais perrengue.
Desta vez por opção e estar indo correr como convidado num quarteto com a Priscila, Newton Tche e o Miro, não o meu oficial da Matadentro. Resolvi ir no sábado de madrugada e retornar após a prova ou me virar para descansar antes de vir.
Sexta à noite quando vou colocar as coisas no carro, lá vem ela, uma baita chuva e pensei vai ser assim do início ao fim e felizmente para a alegria de todos, minutos antes da largada a chuva parou e ainda fez um dia e uma noite espetacular.
Com mapa e race book em mãos, traçar o percurso separar equipamentos e alimentação, pois só encontraríamos a caixa de reabastecimento com praticamente 2/3 da prova realizados, então o negocio era sair bem abastecido.
Largamos de trekking num trecho até o PC04/AT01 transição para a bike.
Trecho rápido, variando entre asfalto e trilhas curtas, cortando as pequenas praias existentes ali. A programação da organização era de que a prova tivesse trechos de costeira, mas devido às chuvas e por segurança a organização numa sábia decisão liberou o asfalto.
Primeiro trecho de vara-mato curto e com várias equipes juntas, o que se via eram atletas por todos os lados.
PC04/AT01 – transição rápida já que a única coisa a se fazer ali, era pegar as bikes e seguir por uma perna única na prova de 75km, trechos rápidos de asfalto, alternados com subidas técnicas de terra devido à dificuldade das pedras.
Saímos da Praia do Guaraú em direção ao bairro Ana Dias, cruzando longos trechos de bananais, que, claro até nós renderam umas bem maduras e saborosas.
Uma alça por lá e voltamos tudo, passando pela serrinha de asfalto do Guaraú em direção agora a Ilha do Ameixal Rodrigues PC08/AT02, transição para o segundo trekking.
O PC09 ficava do outro lado de uma montanha e podia ser acessado por dois caminhos a critério dos atletas; no entanto a organização determinava que, independente do sentido, o trecho não poderia ser utilizado para retornar e era exatamente nesse trecho que havia o rasga mato mais desafiador da prova, pois a maioria das equipes o faria a noite.
Quem saiu em direção à esquerda fazia a maior parte do percurso bem marcado por trilha existem ficando a mais difícil praticamente no final, opção da maioria.
Apenas algumas equipes optaram por tentar fazê-lo ao contrário.
E eu fui um deles, imaginando que por ainda estar claro e com algumas horas de luz seria mais fácil achar a saída do vara mato em baixo e fazê-lo subindo, ganhando tempo, mas, se tratando de Chauás, nem tudo que parece é tão fácil.
Nós e mais umas 4 duplas batemos cabeça por ali até o momento de definir que para não perder mais tempo o melhor seria ir mesmo pelo óbvio e assim o fizemos.
Até esse momento da prova vínhamos num ritmo muito bom disputando a quarta colocação com a equipe Saci Aksa, com a qual alternamos as posições algumas vezes no trecho de bike.
Saímos um pouco atrás deles no PC04, quase chegando no PC05 os encontramos, quando de repente eles resolvem voltar achando que já tinham passado da entrada do PC ou que o mesmo não estivesse no lugar devido. Sou muito amigo de vários atletas e dependendo da situação com certeza irei ajudar muitos, mas nessas horas, amizades a parte, não questionei e segui na minha navegação e chegamos ao PC uns 500mts após a curva onde retornaram, afinal às vezes todos cometemos pequenos erros e outras equipes se favorecem.
Outro ponto a nosso favor foi mais à frente quando íamos chegando numa bifurcação e até bateu uma dúvida se seria a correta mesmo;quando chegamos lá, estava a equipe Tubaína se fartando daquelas deliciosas bananas que comentei, vindo de volta e seguindo em frente;mais uma analisada no mapa, pega algumas bananas, o Tche desceu pra tirar uma pequena dúvida e seguimos.
Um pneu furado do Miro antes de chegar no asfalto, entramos uma antes da Ponte e pá a Saci Aksa nos passa e ainda iríamos nos cruzar na serrinha, chegando na transição vimos eles saindo.
Voltando a rasgamato do segundo trekking evapós decidirmos abandonar a opção de fazê-lo invertido, passamos pela Mansão Provenzanono PC09, subimos a trilha e borá pro rasgamato, azimute e sobe e desce, visibilidade zero a noite e a decisão de descer pelo rio até a trilha que já havíamos passado, durante o dia procurando a subida, show de volta ao PC08 que agora era o PC10/AT03.
Transição para o remo em busca do PC11 virtual ea missão era ler uma placa e retornar para a transição no PC12/AT04.
Remo com uma lua iluminado animal e haviauma opção de encurtar a volta por uma canal próximo a praia e tentamos arriscar; o que não contávamos era com a maré baixa demais deixando bancos de área que impossibilitou seguir.
Voltamos e aí perdemos mais algum tempo, Priscila remando sem parar na tentativa de se aquecer, pois estava com frio, no PC um tempo na fogueira, água e comida para finalizarmos o último trekking e vamos nos completar a prova.
Nesse trecho final iriamos passar por três praias praticamente desertas, cruzando morros num sobe e desce até chegar no canal e pra finalizar uma nadadinha até o outro lado e lá estamos nós concluindo a percurso.
Destaque nessa prova foi poder presenciar a volta do Caco Fonseca às prova dando um show de estratégia e navegação, finalizando a prova em primeiro na geral e solo, fazendo o trekking ao PC09 subindo o rasga mato ao contrário, optando ainda pelo canal no remo.
Detalhe dessa prova que infelizmente só quem esteve presente irá lembrar, foram as diversas trocas de posição entre as primeiras equipes, Boa de Brasília e Curtlo Loboguará, trocando PC a PC, seguidas vezes até a virada final da equipe Tubaína que, como eu já havia dito ao Fran havia idopra ganhar e assim o fizeram.
Parabéns a todos os atletas, organização, staffs pela bela prova, lugares incríveis e muito bom ver as provas de São Paulo tomando a forma que me fizeram me apaixonar pelas corridas de aventura, com vários circuito e provas durante o ano.
Agradeço o convite desses três guerreiros por todo empenho e esforço, Priscila por se superar e vencer seus medos das descidas de bike e pirambas no rasga mato, Newton Tchese superando a cada subida nós trekking e Miro mesmo sem estar na sua melhor forma, se superou na madrugada lutando contra o sono.