Vencedora do Western States 2016, Kaci Lickteig começou a correr ainda na adolescência seguindo os passos de sua mãe, Lori Leonard, que deixou de fumar nos anos 90 e procurou por hábitos mais saudáveis para diminuir os danos causados pelo cigarro.
Ass duas treinavam juntas, de 5 Km a 10 Km e até maratonas – até que Lickteig foi para a faculdade, onde entrou para a equipe de cross-country.
Quando possível as duas faziam algumas corridas juntas, como a Boston Marathon 2013, quando terminaram juntas com o tempo de 03h37m13s. Foi quando Lickteig foi apresentada para as ultramaratonas, correndo sua primeira prova de 50 Km e a partir daí, procurava as provas cada vez mais longas.
Apesar do orgulho da filha, Lori achava que tinha alcançado seu limite e se contentava em fazer apoio dela nas ultras ao invés de correr. “Eu gosto de ir além dos meus limites, mas quando ela me disse que iria correr 100 milhas, achei uma loucura.”
Mas a curiosidade a levou para as ultras. Hoje com 58 anos, Lori completou duas provas de 50 milhas até o final de 2017. Tendo conseguido terminar “metade de caminho” de 100 milhas, ela se rendeu à persistência de sua filha.
Em 2018 ela se inscreveu para Kettle Moraine 100 em Wisconsin. Lickteig, com 33 anos, como sua coach foi aos poucos aumentando sua quilometragem, chegando a 55 milhas por semana.
No dia da corrida ela largou mais rápido que o previsto devido à ansiedade e seguindo o ritmo dos outros participantes. As subidas castigaram seus quadríceps e ela rezava para chegar na marca de 62 milhas, onde se encontraria com Lickteig, que seguiria como pacer nas últimas 38 milhas.
A duplas seguiu na estratégia correr-andar, saindo do plano apenas quando uma tempestade inesperado começou a se formar.
“Estávamos em uma crista, bastante exposta, e de repente minha mãe disparou”, disse Lickteig. “Eu pensei, ‘como assim?’. Foi revigorante e tive que fazer força para conseguir manter o ritmo.”
Quando começaram a aparecer placas indicando a distância que faltava, Lori pediu para que sua filha não falasse. Ela não queria saber quanto tinha pela frente. A única que ficou feliz de ouvir foi quando apareceu a placa que indicava faltar apenas uma milha.
Ela cruzou a linha de chegada em 26 horas, 46 minutos e 47 segundos.
Apesar de ficar com as pernas para cima durante uma semana para se recuperar, ela retornou para a prova em 2019 e diminuiu seu tempo em 90 minutos. Ela acredita que seu preparo melhorou ao fazer provas mais longas como preparação.
E o vírus da corrida se espalhou ainda mais na família, com a avó de Lickteg, com 81 anos, começar a “correr” após ver filha e neta correndo. O trio faz percursos de 5 Km quando estão juntas.