Ana Paula Silveira sagrou-se campeã da Ultra Trail 70K Brasil Ride 2019 sob o forte calor de Botucatu, finalizando com o tempo de 07:56:28.324.
Funcionária pública e estudante de nutrição, a atleta começou a correr em 2012 para emagrecer e hoje é uma das convocadas da seleção brasileira para o Mundial de Skyrunning 2020.
Qual seu histórico esportivo?
Eu sempre fui uma criança com problemas de peso e isso se estendeu até a adolescência. Praticava lutas, musculação, mas era difícil atingir o peso ideal. Tentei vários esportes até descobrir a corrida. Em 2012 comecei a correr na esteira da academia e depois fui fazer provas curtas de rua. Com a corrida além de conseguir controlar o peso, consegui abstrair outros problemas.
Quando iniciou nas provas fora do asfalto?
Iniciei nas provas fora do asfalto em 2015 a convite de um amigo que treinava na The North Face (antiga assessoria esportiva). Fiz a XTERRA Costa Verde 21 km. Achei terrível, terminei dizendo que amava o asfalto e nunca mais faria de novo.
E como foi o retorno para as trilhas?
Logo após essa prova eu fiz a APTR 27 Km e continuei achando bem difícil. Retornei ao asfalto. Por isso recomendo iniciar no trail nas distâncias menores. Acredito que seja uma forma mais saudável de conhecer o terreno, ganhar confiança nas subidas/descidas. Iniciei logo em provas médias por isso esse desgaste mental de achar que não era pra mim, pois eu não tinha base alguma. No ano seguinte (2016) comecei a treinar com Leo Torres e recomecei em provas curtas.
Prefere as provas mais ‘corríveis’ ou as mais técnicas e travadas? Ou não tem preferência?
Eu gosto muito de provas travadas e técnicas, mas também das mais roladas. Dependendo do momento do ano e da programação da temporada, consigo encaixar os 2 tipos de prova, porém esse ano as mais “travadas” prevaleceram.
Quais os resultados mais importantes que conquistou no trail?
Todos são de muita importância, mas existem provas com disputas que me fizeram crescer muito como atleta como a Patagonia Run 2017, onde fiz os 21 Km e fui recordista no percurso; a disputa esse ano do Araçatuba Trail onde fui 3ª colocada; e o título da La Mision Brasil 35 km que foi muito especial.
Se recorda de alguma vitória que tenha sido bastante sofrida e/ou bastante disputada?
Uma das mais disputadas foi a Ultra Trail Brasil Ride ano passado, também nos 70 km, em que eu e a Lucia Magalhães brigamos pelo primeiro lugar praticamente lado a lado até o km 65, trocando posições e sem trocar uma palavra. Foi uma disputa linda, que exigiu muito psicológico. Ela venceu brilhantemente a prova e cresci muito ali como atleta.
Com quem treina e qual sua rotina de treino?
Treino na Torres Trail Run praticamente 6 dias por semana. O volume depende das provas que tenho, mas os treinos praticamente variam de fartlek, tiros em pista, repetições de subida e longos.
Como concilia o treino com trabalho?
Eu faço plantões noturnos, então costumo treinar de manhã. Em dias que saio de plantão, treino logo em seguida.
Com foi o seu progresso no trail?
Eu comecei no trail em provas de 21 Km e depois fiz uma de 27 Km. Sofri demais e isso na época gerou um desgaste e uma recusa a esse tipo de prova. Recomecei no ano seguinte (2016) em provas mais curtas (10 Km e no máximo, 15 Km) de trail e fui aumentando gradativamente. Só fiz uma prova de 50 km de trail em 2017.
Qual a distância de provas de sua preferência?
Eu prefiro provas até 50 Km. Mais especificamente, a distância de 50 Km é uma distancia que corro bem, consigo evoluir bem dentro dela. Esse ano fiquei em provas médias 20/35 Km por uma questão de tempo. Plantão, faculdade… E em uma conversa com meu treinador, decidimos por fazer provas médias, dessa maneira eu conseguiria ter o volume necessário e tempo de recuperação eficiente, juntando minhas atividades fora da corrida.
Dessa maneira surgiu a oportunidade de disputar o SkyRace (provas médias do Skyrunning), Araçatuba, KTR Campos, Perdidos e La Misión. E também disputei as provas médias do Rio Trail Ranking (XC Itaipava, Camelbak, Desafio da Serra dos Mascates e WTR Serra do Mar), todas entre 20 e 35 km.
Que critérios usa para escolher as provas?
Eu acho válido disputar provas de ranking e escolho as provas do calendário por esse critério. A disputa fica maior, o atleta tende a ter maior crescimento e amadurecimento dentro do esporte.
Quais seus próximos objetivos?
Continuar treinando e melhorando meus pontos fracos no trail. Conseguir realizar algumas provas que tenho vontade. Tenho como sonho a MCC do UTMB.
Quais suas próxima provas-alvo?
Terei o mundial de Skyrunning em 2020 na Espanha (Buff Mountain Festival 42 km)