Setembro Amarelo é uma campanha brasileira de prevenção ao suicídio, iniciada em 2015 e que tem iniciativa do Centro de Valorização da Vida, do Conselho Federal de Medicina e da Associação Brasileira de Psiquiatria.
Para aproveitar o momento, resgatamos algumas estórias sobre a depressão que alguns trail runners de destaque no mundo enfrentaram.
Rob Krar é um lendário ultrarunner canadense que passou a se destacar no esporte a partir de 2012, com vitória no Western States 100 e conquistando os melhores tempos na travessia simples e dupla do Grand Canyon, além de outros grandes resultados.
Nikki Kimball é também uma ultrarunner altamente condecorada que possui múltiplas vitórias na Western States e outras provas, e que teve sua busca pelo melhor tempo na Long Trail de Vermont transformada em documentário com o título “Finding Traction.” Kimball trabalha como fisioterapeuta em Bozeman, Montada.
Tanto Krar quanto Kimball falam abertamente sobre suas experiências com a depressão clínica e lutam pelo fim do estigma das doenças mentais.
Kim Downson, professor de psicologia do exercício e do esporte na Universidade Wilfrid Laurier em Waterloo, Ontário, e que também possui um consultório particular onde trata clientes que variam de atletas olímpicos a um atleta de 11 anos enfrentando sua primeira prova. “Depressão e ansiedade são muito comuns em meu consultório,” diz Dawson, que por não ser um psicóloga formada, ela indica um psiquiatra esportivo quando suspeita de uma depressão clínica em um cliente. “Temos que desenvolver estratégias efetivas para evitar que essas emoções sabotem objetivos em andamento.
“Se sentir um pouco desanimado após uma grande competição ou uma maratona é normal,” ela continua. Mas o tratamento de depressão clínica normalmente envolve o uso de medicamentos e Dawnson verificou que encontrar o medicamento e dosagem corretas leva cerca de seis meses de experimentação com o profissional da saúde. “É muito tempo de comprometimento para um corredor conseguir uma solução.”
Kimball era um biatleta bastante competitiva treinando para as Olimpíadas de Inverno de 1998 quando sofre a primeira crise de depressão clínica aos 22 anos. Correr tornou-se uma grande parte de sua terapia e algo que ela passou a depender para alívio, juntamente com medicamentos.
Há evidência clínica que correr é mais efetivo que medicamentos ou terapia nas primeiras três semanas após uma depressão. Exercício aeróbico por 40 minutos ao dia é tão efetivo quanto medicamentos.
Nikki Kimball
Mas tanto Kimball quanto Krar disseram que não conseguiam sair da cama nos piores dias, muito menos correr. Havia momentos em que eles simplesmente não conseguiam tirar vantagem dos benefícios que a corrida oferece.
Krar se refere como “tristeza avassaladora” da depressão e crises que podem durar vários dias. Em um curta-metragem intitulado “Depressions”, ele descreve como, no passado, lutou contra eles e tentou negar seu sofrimento, mas agora está consciente e aceitando que pode estar mais ou menos incapacitado até que se erga novamente. “Eu permito que isso aconteça”, diz ele, acrescentando que “realmente gostaria que isso não acontecesse”.
Para Kimball, há uma interessante lado positivo de sua doença. “O sofrimento no pior momento da minha depressão me torna uma melhor trail runner, ” ela diz, destacando que a dor física das competições é muito diferente da causada pela depressão, porque ela sempre tem a opção de parar em uma prova.
Krar expressa algo similar. “Durante uma corrida, eu absorvo a dor que estou sentindo, mentalmente e fisicamente,” ele diz.
Ambos corredores possuem vidas altamente produtivas, trabalhando, treinando, competindo e lutando pela causa enquanto controlam sua saúde mental da melhor maneira possível.
Jim Walmsley
O video “Lighting The Fire: Wrong Turns” conta a estória do início de Im Walmsley nas ultramaratonas. Após ser dispensado da Força Aérea e ter que lidar com crises de depressão severa, Walmsley começou a correr para colocar sua vida em ordem. No estado do Arizona ele se conectou com a comunidade de corredores que o ajudou após o fato de ter pegado o caminho errado na milha 93 da Western States 100 Mile 2016.
No ano seguinte Jim novamente não completou a Western States, mas em compensação terminou o quebrou o recorde da provas em 2018 e 2019.
Depressão e a Badwater ultra marathon
Hannah Roberts é uma militar da marinha norte-americana baseada em Pearl Harbor. Ela se envolveu com os esportes de endurance e treinou para a Badwater 2012 enquanto estava de serviço no destroyer Hopper e se tornou uma das atletas mais jovens na Badwater 135-mile.