A ultramaratona Gobi March, organizada pela Racing The Planet no deserto de Gobi, China, está funcionando como uma ferramenta de reabilitação de jovens viciados. Desde 2015, o Esquel Group, uma das maiores empresas de tecidos do país e do mundo, têm patrocinado alguns integrantes da escola de reabilitação Christian Zheng Sheng Association nos 250 quilômetros da prova.
A experiência tem provocado um efeito positivo na recuperação dos jovens e os ajudando a dar uma nova direção nas suas vidas.
“Quando os encontro agora, não vejo qualquer traço de mal comportamento juvenil. Eles falam abertamente que a dependência era grande e não faziam nada,” disse Agnes Cheng Ming-Wai, que participou da Gobi March pela primeira vez em 2013 e agora é a responsável pela Fundação Esquel Yang de Educação.
“Mas eles possuem habilidades de sobrevivência nas ruas, não são bobos. São espertos de uma maneira diferente. E por isso é um pouco mais fácil para eles e assim que encontram o caminho certo, fazem o melhor.”
Normalmente os adolescentes tem duas opções – cadeia ou a associação. Mas o projeto não se encaixa em qualquer definição do governo, por isso não recebe incentivos e há 20 anos é sustentado pela empresa.
Ultrarunning como complemento escolar
Cheng diz que o ultra running foi um complemento perfeito para as atividades escolares. “É praticamente uma vida em miniatura – você tem que lidar com dor, encontrar seu ritmo e se sentir bem.”
A empresa sempre mandou uma equipe própria na corrida até que Cheng encontrou um dos pupilos (participantes do programa) na prova do Sahara e a partir desse encontro ela convenceu os funcionários a deixar uma das vagas para os adolescentes. A Esquel cobre todos os custos e compra os equipamentos necessários.
“Os adolescentes sabem das responsabilidades de serem representantes e modelos a serem seguidos na escola. Mas lhes falta confiança, é muito intimidador.”
“Todo mundo sofre, mas especialmente para eles é um grande contraste. Eles moram em casas pequenas e de uma hora para outra estão na imensidão do deserto e precisam cuidar uns dos outros.”
“Mesmo para um adulto é muita coisa para se pensar, imagine para uma adolescente,” ela diz. “Mas depois da corrida eles mudam suas vidas.”
Cheng não era corredora até 2012. Ela se voluntariou na Gobi March porque viajava bastante para a região à trabalho. Ver os participantes passando a inspirou a começar no esporte.
“Fiquei impressionada por toda experiência e decidi treinar por um ano e voltar como competidora.”
Autor: Mark Agnew