Por: Renato Gurgel

Correr as primeiras 100 milhas (cerca de 173km) não foi uma escolha difícil, já que sempre gostei das longas provas de aventura. Escolher uma prova do Circuito UTMB foi uma ótima oportunidade para unir uma longa prova com organização confiável e uma boa possibilidade de conseguir pontos para tentar uma vaga na tão sonhada Final UTMB.

No entanto, sabia que não seria fácil e teria que lidar com vários desafios, como idade, tempo, trabalho, recuperação dos longos treinos, condições climáticas e possíveis lesões. Por isso, busquei o conselho do meu amigo CID, que me encorajou e disse que eu tinha uma cabeça forte para encarar essa prova.

Durante meus treinos, percebi que precisava de uma ajuda nutricional e, por recomendação de CID, marquei uma consulta com a competente nutricionista Amanda Nascimento. Modifiquei minha alimentação e meus treinos, o que fez com que os longos treinos de 3 horas e dias com treino dobrado se tornassem mais confortáveis.

Quando finalmente chegou o dia da prova, tive a sorte de contar com o apoio logístico do meu amigo de trabalho, Yannik, que conhecia bem a região. Ainda assim, a largada com 500 pessoas foi desafiadora, mas aprendi a não largar em ritmo acelerado e consegui controlar bem o meu ritmo.

Tive que lidar com problemas nas subidas em single track, mas com muita negociação e ultrapassagens, cheguei no primeiro castelo em 73º lugar. Em seguida, aproveitei para acelerar nas descidas e não ficar preso nos congestionamentos. No km 21, fiz o primeiro apoio com Yannik, que achou que eu estava indo rápido demais, mas consegui trocar minhas meias e tratar bolhas nos pés para não piorar a situação.

Durante a prova, fiquei muito confortável nos planos e subidas e cheguei a ultrapassar vários corredores, passando de 52º para 28º lugar. Quando chegou a hora da longa subida com descidas técnicas, resisti à tentação de forçar demais e optei por seguir um plano de administração de corrida.

Mas, ao visualizar a quantidade de mensagens que minha esposa me mandou, vi que estava em quinto lugar na categoria por idade e isso me deu uma força extra para seguir em frente. Com a frase de CID na cabeça, acionei o modo competição e dei o meu melhor em todas as subidas, planos e descidas, conseguindo o melhor pace da prova no km 162 e 163.

A emoção foi tomando conta de mim e no km 168, quando passamos por outras pessoas na trilha aplaudindo os atletas, não consegui conter as lágrimas e agradeci por tudo. Completar minha primeira prova de 175km com sucesso foi resultado de muitas horas de treino, seguir um bom plano alimentar e apoio familiar. Embora saiba que cometi alguns erros e ainda tenha pontos a melhorar, fiz sempre o meu melhor dentro de minha realidade.

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