A maioria dos atletas nunca subiu ao podium, mas eles continuam a participar das corridas de aventura por inúmeros outros motivos.
Dias desses, a proprietária de uma marca de roupas para aventura me perguntou: “por que as pessoas fazem corridas de aventura?” Em princípio, ocorreram-me as respostas de sempre: trabalhar em equipe, superar os desafios, alcançar o próprio limite físico e psicológico. Depois, pensei melhor e achei que deveriam existir outros motivos. Acabei respondendo que não sabia o verdadeiro porquê.
Fiz a mesma pergunta a algumas pessoas e as respostas acima foram as mais escolhidas. Claro que concordo que há superação dos desafios, mas não acredito que seja só isso. Basta conferir boa parte das equipes durante o percurso. Formam-se grupos onde os participantes conversam entre si, dão risadas, fazem caretas para as fotos. E completam a prova num ritmo tranqüilo, sem chegar ao limite do corpo.
Já as equipes que andam na frente têm a motivação da premiação e a chance de conquistar o título de campeã. São as que obtêm os melhores patrocínios. Porém, elas precisam oferecer um retorno, que motiva-nas a conseguir bons resultados. Mas quantas equipes estão nesta condição? Cinco ou seis? Podemos contar nas mãos, ou numa mão.
Já as equipes iniciantes participam pela curiosidade. O que é afinal essa tal da corrida de aventura que elas viram na mídia? O aprendizado inclui saber ler mapas e usar a bússola, estar junto aos seus companheiros, pedalar, remar, andar durante horas ou dias ininterruptamente, saber o que levar na mochila e muitos outros fatores de logística e estratégia.
O maior grupo é formado pelos os que já possuem uma experiência razoável, mas não estão aptos a vencer uma Lontra ou Oskalunga. Sãs as equipes presentes “firmes e fortes” na maioria dos pórticos de largada. Elas procuram patrocínio e apoio para participarem do maior número de provas.
A minha pergunta é: qual é a principal motivação desse grupo? Por que eles estão dispostos a desembolsar um dinheiro razoável em inscrições e equipamentos; passar dias arrumando suas caixas; perceber, na última hora, que faltou a manta térmica obrigatória; fazer o supermercado à noite, depois do trabalho; dirigir por horas a fio após uma sexta-feira estafante; dormir quase nada, pois, ficou encapando o mapa até tarde; madrugar no dia da largada; fazer a prova, tomar um banho e voltar para casa contente da vida?
A resposta talvez seja poder fazer parte de um esporte novo; conhecer lugares que nunca ouviu falar - ou nunca pensou em ir; conhecer gente nova; conversar com o navegador da outra equipe e descobrir que a trilha estava ali do lado (e ele não viu); contar com orgulho aos amigos e parentes as aventuras do final de semana, exibindo a distância percorrida e as modalidades praticadas.
Ou ainda narrar aos amigos do escritório que você se perdeu (mas depois se achou) e gastar 40 minutos explicando o que é corrida de aventura e, no final, dizer, contrariado, que é igual a um triatlon, mas no mato.
Há inúmeros outros motivos. O importante é que todos se sintam bem com o esporte e que isso se torne, além da competição, uma diversão. Nos vemos nas provas e mantenham suas motivações, independente de quais sejam.
* Texto publicado na Adventure Camp Magazine. Para mais informações sobre a revista, www.adventurecamp.com.br
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