Atleta brasileiro participa do Explore California Series - Etapa Lake Tahoe
Nas facilidades do Kirkwood Resort, em South Lake Tahoe, o sol aos poucos anunciava que o calor seria um dos elementos a serem vencidos durante o trajeto em meio aos pinhos, rochas e, no topo das inumeras montanhas, neve!
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Esta era a cena na largada da primeira etapa da serie Explore California (www.exploreca.com) realizada no final de semana dos dias 16-17 de junho. Apenas 16 equipes (das 19 inscritas) compareceram ao check-in no sabado às 5 da manhã, preparadas para encarar o percurso de 110 km, divido em etapas, nas modalidades orientação, treking, mountain bike, canoagem e técnicas verticais, logisticamente estruturadas no formato europeu de corridas de aventura.
Formato - As equipes eram compostas por até 4 atletas – 3 na prova e 1 no apoio, e os tempos foram cronometrados apenas quando as equipes estavam na prova – cronômetro parado nas transições! Das 8 etapas da prova (2 trek, 3 canoagem e 3 mtb), minimo de 5 deveriam ser realizadas pela mulher da equipe (para que a equipe estivesse apta a concorrer pelos 5 mil dólares de premiação)
Um breve briefing foi realizado, atletas sentados no chão, bem casual. Foram discutidas as regras e rotas, e como sempre houve trechos polêmicos. Enfim, largamos às 9 horas da manhã do sábado para um longo dia que nos reservou quase 3 mil metros de ganho em altitude - esta é uma referencia comum usada por aqui como parâmetro de classificar a dificuldade de um trecho ou uma prova!
Subimos 600m de piramba para achar o prisma do PC 1 - outra diferença: em locais remotos, os PCs são apenas prismas de orientação. Completamos 12 km de trekking com as pernas já' doendo... Remamos 7km no segundo trecho e partimos para 30 km de bike altamente técnica (1.500m de subida). Muitas equipes "quebraram" psicologicamente neste trecho, devido ao calor extremo, as grandes subidas e os single treks em meio a muitas rochas (muitos fizeram hike a bike!). Outros 8km de canoagem e 25km de bike (800m de subida - 1.500 de downhill!) nos conduziram ate a dark zone estabelecida nas margens da represa do rio Bear.
As equipes, antes da largada, receberam as horas de partida (mínima e máxima) de cada transição. Então, com tempo de transição livre, cada equipe optava por permanecer o quanto necessário no AT. Grande parte das equipes contou apenas com os 4 competidores (sem pessoa extra no apoio). Tinhamos que fazer todo o apoio entre as etapas, o que às vezes incluia manipular dois caiaques oceânicos que levamos pra prova, colocando-o e tirando-o do teto do carro. Isto fez com que a estratégia de realizar transições rápidas, pelo máximo proveito da luz, nem sempre funcionasse. Era também opcional a participação da equipe em cada uma das 8 etapas da prova. Caso estrategicamente a equipe decidisse não participar de determinada etapa, a esta lhe seria atribuida o tempo da pior equipe no trecho, adicionado de 1 hora.
Ao final do dia, cerca de 10 equipes haviam decidido "pular" alguma etapa do dia, e os lideres, Silly Rabbits, uma das mais experiêntes da California, acumularam cerca de 75 minutos sobre a segunda colocada - Shooting Star. Com problemas na navegação noturna, minha equipe, Big Bear AR (www.bigbearadventureracing.com) caiu da segunda para a quarta colocação geral.
A qualquer momento entre as horas de 6 e 7 da manhã, as equipes poderiam voltar ao percurso da prova para as 3 últimas etapas cronometradas. Outros 8 km de canoagem, 20 km de bike, sendo grande parte em ascenção (1.200m) e finalmente 8km de treking, com ascenção de 700m, para a realização do rappel no topo das montanhas do resort de ski de Kirkwood.
Os Silly Rabbits se perderam por uma hora no ultimo treking e quase jogam pro espaço a diferença de 83 minutos que tinham sobre a segunda colocada. Levaram US$2500. E comendo pelas beiradas, realizando trechos rápidos nas bikes, finalizando com apenas 12 minutos de diferença sobre os terceiros colocados da Shooting Star (US$750), ficou a equipe DART, que veio de Seatle (WA) em busca de diversão... acabaram levando US$1500 pra casa! E em quarto lugar (US$250) ficamos nós, Big Bear AR, garantindo presença tupiniquim na zona das verdinhas!
Foi definitivamente uma experiência completamente nova, diferente, que reafirmou novamente a riqueza e grandeza da modalidade, um esporte que possibilita uma grande variedade de combinações, modalidades, formatos... enfim, cada prova reserva seus próprios segredos e mistérios!
Pessoalmente devo afirmar que o modelo europeu nao é o que mais me agrada, uma vez que as transições com tempos parados alteram a percepção de competição, favorecem equipes menos ágeis e faz com que o corpo esfrie, dificultando a continuidade da prova. Quero aqui agradecer e valorizar o trabalho das equipes de apoio. É uma dificuldade imensa correr e fazer o apoio ao mesmo tempo, o que me fez novamente perceber a importância destes nossos parceiros na prova.
Sobre a organizacao, devo dizer: os mapas estavam bons, produzidos em material à prova d'agua e atualizados com precisão. (Escala - 1:24 mil). Houve apenas um grande erro de comunicação sobre a localização de um PC, que fez com que muitas equipes perdessem tempo extra na busca pelo prisma.
Apesar de termos recebido uma boa quantidade de produtos dos patrocinadores, a ambientalizacao da largada e chegada, bem como a cerimônia de premiação deixaram muito a desejar (comparando com o que rola nas provas do Brasil). Não teve trofeu, nem medalha, nem pódio, nem som e nem microfone... enfim, prova pura e rústica.
Depois do sorteio de uma bike Ellsworth (US$3500), fomos pra casa com a sensação de dever cumprido, felizes com a experiência e já planejando os passos pra próxima etapa que acontece dentro de duas semanas, nos dias 6 a 8 de agosto.
Em breve mando as próximas novidades. Para esta prova terei a grata compania do Zolino, que vem até' a Califórnia conferir o que tem rolado nas provas daqui, além de realizar negócios pessoais.
Boas provas.
Jorge Elage
www.espiritolivre.net
01 Ago 2005 - 20h05 | geral |
