As equipes se concentraram a partir de 9h00 da manhã no município de São Francisco do Conde, a aproximadamente 55km de salvador, no Mercado Cultural, um espaço novo para eventos da comunidade local.
Um café da manhã com frutas, pão, sucos, leite, bolos e água para os competidores e logo depois veio o briefing, com a entrega do material de prova: coletes de prova, race book, road book, mapa colorido, carta de maré com foto digital de satélite.
Realizado o briefing, as equipes se alongavam para a largada, onde estava montado o pórtico de largada da Try On. Minutos antes da largada dava para ver a energia fluindo pelos olhos dos competidores... mescla de nervosismo, ansiedade, esperança, força, coragem... muitos ali estavam correndo sua primeira prova de 24 horas e os que não estavam sabiam o quanto iriam competir ali e estavam enérgicos pelo start do desafio da Paletada: mais de 100km de competição em uma prova de 24 horas.
Dada a largada, os competidores partiram disputando cada centímetro de chão e depois de mangue, até as canoas, numa corrida frenética, pois as canoas é de quem chegar primeiro. Não houve confusão porque antes de mais nada as equipes de corrida de aventura são amigas entre si e todas se compreendem bem. De canoagem, percorrem aproximadamente 15km na Baía de Todos os Santos, saindo de São Francisco do Conde para o vilarejo de Itapema, numa praia calma e tranqüila. A primeira equipe chega neste PC (posto de controle) às 13hrs e logo parte para seu apoio para repôr energias e prosseguir na modalidade seguinte: Ride´n Run (modalidade onde 1 monta cavalo e os outros 3 correm a pé).
De Ride´n Run percorreram por uma trilha que fica na beira da praia, por uns 5km, até a cidade de Saubara, onde fizeram mais uma transição (Área de Transição – onde se troca de modalidades), mudando para Trekking. Dali, partem para as serras que separam a Baía de Todos os Santos da Baía de Iguape, passando por um trecho de mata atlântica. Seriam mais 12km entre trilhas sob morros e mato, e ao final, uma descida com um visual belíssimo da baía de Iguape, descendo para o PC04, onde eles pegariam os remos e os coletes salva-vidas para encarar mais água pela frente.
Do PC04, o trekking muda de solo, saindo de barro e mato, para muito massapé e mangue. É o desafio de saber lidar com a paciência de andar em lama e não perder o melhor ponto de entrada da água, pois há uma natação e a canoa situa-se na água, à espera dos competidores. Esta natação tem entre 400 e 700 metros, a depender do ponto em que o competidor entra na água.
Dali fez-se a segunda canoagem da competição, 3,5km e os competidores encontraram terra firme e seus apoios atiçados para lhes dar suporte, trocar roupas, tênis secos, renovar a água dos reservatórios pessoais, alimentação da equipe, plotar os próximos pontos, e partir a mil para o restante da prova, dessa vez de mountain bike.
Nesta hora, a prova já passa das 18hrs e tudo muda: lanternas entram em ação e só se enxerga os competidores porque há pontinhos acesos na noite, nos morros, nas pistas, nas canoas....
De mountain bike os competidores percorreram quase 20km atrás de um PC Virtual (um ponto fixo de passagem onde há um dado a ser coletado, e informado para o próximo PC que, somente com este, pode comprovar que o competidor passou lá no Virtual.) no começo do Canal de Água. Dali ele parte para outro PC Virtual, um telefone público específico o espera para que o mesmo faça uma ligação, passando a senha para a organização e a mesma entregando-lhe a senha que fará o competidor prosseguir. Mais 3km ele passa por outro PC, e mais 10,5km ele encontrou sua equipe de apoio, no PC11/AT5, esperando para o abastecimento, colocar equipamento de rappel, trocar alguma roupa do corpo, e partir para o PC12, onde foi feito o vertical da competição. Visual diferente, vendo lanternas acesas andando ao infinito no meio do canavial, em busca de aventura...
Fizeram o rappel na ponte do trilho do trem (Santo Amaro possui ligações comerciais que utilizam-se de vias ferroviárias), local enobrecido pela paisagem que, em outra hora, os competidores poderiam deslumbrar-se com o vale por onde o trem passa. Feito o rappel, partiram a mil pelos trilhos, à leste, em busca de um PC virtual, e perfazem um trekking de 4,5km até o PC14/AT7, onde encontraram suas bikes, que foram lá deixadas pelo apoio de cada equipe, para mais um braço de Mountain Bike até o final da prova. Percorreram por pistas que levam à tradicional e cultural cidade de Santo Amaro da purificação, cidade famosa pela Dona Canô, mãe de pessoas únicas como Caetano Veloso e Gilberto Gil. Após percorrerem algumas pistas em aproximadamente 12km, partiram de Mountain Bike para a última trilha da prova. Num sobe e desce pelo denso massapé, um dos trechos mais desgastantes da prova, percorreram 6km de pura lama e paciência. Não há dúvidas que houve carrega-bike e empurra-bike neste pedaço. E, em grande alegria, ao ver estrada de barro que leva à parte urbana da cidade de São Francisco do Conde, o competidor reconhecia que o final estava próximo, e suas energias desgastadas explodem e enriquecem a alma, dando a energia suficiente ao competidor de percorrer as pistas finais até o Mercado Cultural, final da competição, onde é lavrado e comprovado que o mesmo percorreu, pelo menos, 110km de prova, isto, claro, se o mesmo não tiver se perdido em momento algum.
Com muita emoção no final, algumas equipes chegaram chorando, pois só puderam terminar a prova devido à alta solidariedade de outras equipes rivais (rivais na prova, amigas na vida real), que fornecendo água e comida, permitiram que uma equipe que estava entre as 3 primeiras continuasse a batalha até o fim, ao invés de desistir da prova. Chegada triunfante, com os apoios de equipes aplaudindo e gritando, junto com moradores locais e algumas outras equipes de outros esportes (enduro a pé) que foram prestigiar o evento.
Alguns atletas chegaram chorando ao final, pois mesmo sem brigar pela vitória, foram vitoriosos pois superaram-se em uma competição de mais de 100km e 24h de duração, superaram suas dores, cãibras, cansaço, desânimo, tendinites, tudo. Emoção de ter vencido e chegado onde nunca tinham chegado, tão distante, tão certos de que continuarão buscando melhorar para que ao invés de apenas terminar, brigar pelas primeiras colocações.
13 equipes completaram a prova toda, 3 equipes completaram a prova com componentes a menos ou com PC a menos, e 8 equipes desistiram / abandonaram a competição.
As equipes que desistiram e não continuaram, são vitoriosas. Poucos loucos encaram desafios tão diferentes: encarar um mato fechado a qualquer hora do dia, podendo não sair dele antes de escurecer, encarar um braço de água (canoagem) de 15km (é maior que a distância da travessia Mar Grande – Salvador a nado), encarar uma subida de ladeira de 10km por trilhas enlameadas e sinuosas pela noite adentro, com apenas um mapa na mão, bússola, e lanternas nas bikes...
A desistência na prova é, além de tudo, muito mais sensatez dos competidores, mostrando que os mesmos assumem o não total-preparo de si mesmos, evitando assim, que algum componente possa se prejudicar fisicamente de forma irreversível. A consciência do atleta sempre fala mais alto.
Muitas equipes se desfazem logo, pois chegam, e querem um banho, dormir um pouco. Alguns competidores estão tão cansados que dormem ao relento, nos bancos da praça, cobertos apenas com a manta térmica que usaram na prova. Alguns procuram alguma pousada perto e outros usaram a casa de um morador que gentilmente cedeu o banheiro para tomar banho.
Às 10h da manhã do domingo, dia 7 de Agosto, ao final de tudo, aconteceu o encerramento, onde foram citadas as colocações finais da direção de prova e os agradecimentos a todos, lembrando os que vieram de fora e investiram pesado, aquelas que ganharam, pelo esforço excomunal na competição e o brilhantismo das 2 primeiras terem mais de 2h30 em cima das restantes.
Categoria Quarteto Expedição
POS |
NOME DA EQUIPE |
Tempo Final |
|
1 |
Oskaba – AL |
18:39:00 |
|
2 |
Gantuá D´Aventura – BA |
19:07:00 |
|
3 |
Extreme – BA |
21:53:00 |
|
4 |
Makaira – BA |
22:55:00 |
|
5 |
Espírito Selvagem – BA |
23:43:00 |
|
6 |
Caboclos de Lança – PE |
22:30:00 |
Percurso Alternativo 2 |
7 |
Muriqui – BA |
23:04:00 |
Percurso Alternativo 2 |
8 |
Aventureiros do Agreste – BA |
23:40:00 |
Percurso Alternativo 2 |
9 |
Carcará – PE |
22:13:00 |
Percurso Alternativo 3 |
10 |
Makota Adventure Team – BA |
23:19:00 |
Percurso Alternativo 3 |
11 |
Companheiros de Aventura - BA |
22:40:00 |
Percurso Alternativo 1 |
12 |
Rumo Certo – BA |
PC10 |
|
13 |
Jaguar – BA |
PC07 |
|
14 |
12º Latitude Sul – BA |
PC07 |
|
15 |
Ultima Hora – BA |
PV06 |
|
16 |
Pé de Rocha – BA |
PC06 |
|
17 |
ETA - EcoTrekking Adventure – BA |
PC06 |
|
18 |
Insanos Adventure – BA |
PC04 |
|
19 |
AG2 – Aventureiros do Agreste 2 – BA |
PC04 |
|
20 |
R2 – BA |
PC03 |
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21 |
Assum Preto - BA |
PC03 |
|
Categoria Dupla - Expedição
POS |
NOME DA EQUIPE |
Tempo Total |
|
1 |
Insanos Adventure – BA |
21:04:00 |
Percurso Alternativo 2 |
2 |
Caiporas Trekking – BA |
21:04:00 |
Percurso Alternativo 1 |
3 |
AoExtremo - AL |
PC15 |
|
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