Tire da sua cabeça todos os estereótipos sobre corrida de aventura. Principalmente os que enfatizam a questão de que todos os participantes desse tipo de esporte são “super-homens” e “super-mulheres”, malhados, viciados em academia e que treinam muitas horas por dia. Ou seja, uma missão impossível para um simples mortal, como eu e você. Claro, que existem as equipes de ponta e os super-campeões, mas assim como eu, você também pode participar. No último sábado, na Grande João Pessoa, entre os municípios de Lucena, Cabedelo e a capital paraibana, uma equipe potiguar, formada por um jornalista (eu), uma empresária – Rose Guilen; um universitário – Diego Bueno; e por um empresário e esportista, Ronaldo Bueno disputou uma corrida de aventura, terminou a prova e garantiu o quarto lugar, na categoria Expedição – com nove equipes inscritas.
Ronaldo é o mais experiente. Além de organizar provas, já disputou muitas corridas, inclusive o Ecomotion, umas das mais difíceis e importantes do Brasil. Contudo, na corrida de aventura, o ritmo é sempre o do mais fraco e a união do time é fundamental. “Nós vamos e iremos terminar. Esse é o nosso objetivo”, dizia Ronaldo, desde o dia que me convidou pela primeira vez.
A competição foi a Neblina Adventure 2005, válida pela segunda etapa do Circuito Try On Adventure Meeting da Paraíba. Foram 50 quilômetros de prova, com trekking, mountain bike, orientação e remo – para finalizar. A organização preparou 9 Postos de Controle – PC’s, sendo quatro deles, de transição, no qual mudávamos de modalidade. A equipe ainda contou com o apoio de Sandra Melo, a bordo de uma L200 da Top Car Mitsubishi. Ela foi fundamental, pois a cada transição, ela nos fornecia água e transportava os nossos equipamentos. Sozinha, teve que planilhar e percorrer vários desafios para chegar a tempo nos Postos de Controle de Transição. De última hora, outra pessoa que faria o apoio com Sandra não pôde ir conosco. Foi uma batalha para toda a equipe.
A largada aconteceu às 8h30 no complexo turístico da Praia de Lucena, cerca de 50 quilômetros de João Pessoa. A primeira modalidade foi o trekking. As equipes definiram suas estratégias no dia anterior, separam os equipamentos para cada etapa e discutiram com o apoio quais as medidas e necessidades em cada PC. Todos iniciaram o trekking correndo na beira-mar, ficamos em último, mas todos tranqüilos e no nosso ritmo.
Após cerca de 6 quilômetros, chegamos no Posto de Controle 2, onde pegamos as bicicletas e partimos em busca dos PC’s 3 e 4 – esse foi um dos trechos mais difíceis. Graças a excelente navegação de Ronaldo, conseguimos ficar entre os primeiros, várias vezes. O psicológico é fundamental na corrida de aventura, assim como a determinação e a superação de limites e de todos os estereótipos, como disse no primeiro parágrafo.
Eu retornei aos treinos de natação há umas duas semanas (quatro vezes por semana), alternando com caminhadas e pedaladas com uma turma de amigos, empresários e parceiros, mais duas vezes por semana. Diego Bueno estava parado e há tempo não pratica nenhum esporte. Rose também retornou a prática desportiva há menos de 3 semanas. Contudo, apesar do esforço excessivo e das dificuldades, seguimos em frente.
Ronaldo é o atleta e aventureiro da equipe. Ele é o nosso capitão, navegador e maior incentivador. Chegamos ao PC 3, em quarto lugar e partimos para o PC4, ainda de bicicleta, precisávamos chegar até às 13h, ponto de corte da prova. O trecho tinha muitas subidas, num estradão que beirava uma plantação de cana-de-açúcar. Essa foi uma das partes mais críticas, na qual, Diego sentiu bastante, mas não desanimou. Todos nós aproveitamos para diminuir o ritmo, se hidratar e comer alguma coisa, mesmo que fosse uma barra de cereal. “O importante é não desidratar. A cada 10 minutos é preciso beber água e se manter hidratado, sempre. Vamos no nosso ritmo. Não adianta forçar a gora e ficar fora da prova, como várias equipes”, comentou Ronaldo, entre o PC 3 e o 4.
Realmente, beber água, isotônicos ou qualquer líquido é fundamental. Barrinhas de cereais, rapadura, chocolotes e alimentos fáceis de serem transportados também são importantes. Após cerca de 30 quilômetros de pedaladas, chegamos ao PC4, faltando apenas 10 minutos para o ponto de corte. Deixamos as bikes com Sandra, nos hidratamos muito e enchemos as garrafas para partimos a pé, no trekking, para os Postos 5, 6 e 7. Só iríamos encontrar o apoio novamente no PC 8, mas no 7 pegaríamos as bicicletas novamente. “Essa foi a única hora que pensei que vocês não chegariam. Faltavam apenas 10 minutos. Quando vi o pique e a energia de vocês no PC, vi que vocês iriam até o fim”, disse o apoio da equipe BikeSport/Top Car Mitsubishi/Siciliano, Sandra Melo.
O trekking até o PC 5 também foi muito desgastante. A navegação e orientação foram essenciais para o sucesso e continuação da prova. Quando chegamos no PC5, após 1h30, aproximadamente, éramos a 7 equipe na classificação a passar pelos fiscais da prova. Mas, até chegar ao PC 6, aonde estava sendo realizada a prova de arvorismo, muitas equipes se complicaram e se perderam. O nosso time, que contou com o apoio da Siciliano, Bike Sport e Top Car Mitsubishi, chegou nesse PC em quinto lugar.
Ronaldo foi o responsável pela tarefa de subir na árvore por ascensão nas cordas, e atravessar uns 100 metros de rapel. Passamos quase uma hora nesse PC, devido à necessidade de esperar a equipe anterior a finalizar a prova. Nesse momento, a organização avisara que o ponto de corte do PC 8, do remo, havia mudado das 15h para as 16h40. Além disso, a prova de remo ficou 50% menor, antes programada para ser 11 quilômetros.
Com a prova 6 cumprida, e com muita sede, seguimos para o PC 7, um quilômetro distante, após a trilha pela mata. Lá o apoio teria que deixar as bicicletas, bebidas e demais equipamentos necessários (luvas e capacete), entre outras necessidades, e em seguida ir para o PC 8. Nesse instante, já era mais de 16h e ainda tínhamos que percorrer 10 quilômetros de bicicletas até o trapiche da Ribeira. Muitas subidas e descidas em terrenos irregulares. Superação total. Tiramos todas as forças que ainda nos restavam nas pernas e pedalamos forte.
Antes de escurecer, após às 17h, chegamos no PC8 para cumprir a etapa de remo. Foi muita vibração. Eu estava eufórico e extremamente “adrenalizado”. Gritei muito e comemorei bastante o fato de estarmos ali, faltando pouco para concluir aquele desafio, que antes parecia impossível de ser superado. A organização nos permitiu prosseguir, já que ainda estava claro, mesmo com o sol se pondo. Colocamos os coletes, pegamos uma canoa de pescador e iniciamos o remo, seguido de perto pela equipe Suntrek de Pernambuco – experiente e calejada de outras corridas.
Remamos muito forte durante 1h30, até chegar à margem esquerda do rio, já em João Pessoa. Contudo, a maré estava secando, e a correnteza contra estava muito forte. Mesmo restando pouco menos de 1 quilômetro até a chegada, estava difícil remar contra a maré. Já estávamos pensando em ir para a margem e levar a embarcação, empurrando pelo raso, até a chegada. Mas, uma lancha da organização se aproximou, já na escuridão, e nos convenceu a nos rebocar até a chegada, mantendo a colocação das equipes. Devido às condições da maré, os organizadores decidiram por essa atitude. Antes, já havia socorrida a embarcação da Suntrek, presa numa ilha bem antes da margem.
Alegria, euforia, emoção e uma sensação de vitória tomou conta de toda equipe ao chegar na praia do Jacaré. Foi uma estréia vitoriosa, superamos várias equipes experientes, formadas por atletas, praticantes assíduos de atividades físicas e esportivas. Superamos principalmente nossos medos, estereótipos e limites. Assim como na vida e no dia-a-dia, não podemos ter medo dos obstáculos, temos que acreditar até o último instante e manter o foco, a cabeça no lugar, o pensamento positivo e trabalhar forte para nos superarmos. Não acredite em realização e conquista sem esforço. Pratique esportes e venha conhecer o que só a corrida de aventura nos proporciona: contato com a natureza, superação, trabalho em equipe e adrenalina. No mais, só participando para conferir. E quem disse que não somos super-heróis? Só depende de nós, acreditar e tentar.
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