Calor, seções longas de cada modalidade, navegação difícil e muitas desistências. Assim foi a terceira e última etapa do Try On Adventure Meeting - Kaluanã Amazônia Extrema. A corrida aconteceu entre os dias 09 e 11 de dezembro na região de Almeirim e Monte Dourado, no Pará, e contou com a presença de 15 quartetos, que enfrentaram as modalidades de orientação, trekking, mountain bike, canoagem e técnicas verticais. A prova foi bastante exigente e apenas 4 equipes completaram a prova.
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Inverno - De acordo com moradores locais existem duas estações climáticas na região: o verão e o inverno. A diferença entre elas é que no verão faz muito calor e no inverno faz muito calor e chove à tarde. Neste ano o começo do inverno chegou mais cedo em Monte Dourado, que se encontra a cerca de 95km ao sul da linha do Equador e às margens do Rio Jari, que faz divisa com o estado do Amapá.
A cidade é conhecida por abrigar um dos maiores programa agro-industriais do mundo, o Projeto Jari, sonho do empresário norte-americano Daniel Ludwig de produzir celulose na região. Toda a fábrica e uma usina termelétrica foram construídas sobre navios e vieram do Japão, cruzando 3 oceanos durante 3 meses até chegar em Monte Dourado.
A corrida - Antes de começar a prova as equipes de Belém tiveram que enfrentar uma longa viagem até o local. Foram pouco mais de dois dias de barco até a chegada em Almeirim, cidade localizada às margens do Rio Amazonas, e mais 3 horas de ônibus até Monte Dourado, onde aconteceu todo o preparativo pré-prova, como entrega dos kits e camisetas de prova. A quebra do barco e de um ônibus de transporte, além da chuva que caiu durante a tarde, atrasou o cronograma da organização, que foi obrigada a fazer algumas alterações na largada.
A principio as equipes seriam deslocadas até uma antiga área de extração de bauxita, mas devido ao atraso, elas seguiram com suas bicicletas pela cidade, lideradas por um carro-madrinha. As buzinas das motos que acompanhavam os atletas chamavam a atenção dos moradores, que saíam de suas casas para ver o que estava acontecendo naquela noite de sexta feira.
No limite da área urbana foi dada a largada. Algumas equipes ainda tiveram que parar e confirmar no mapa aonde estavam para decidir por qual caminho seguir e a distância entre a primeira e a última equipe já era grande, mesmo dentro da cidade. Foram cerca de 70 km de estradas de terra durante toda a madrugada e logos nos primeiros quilômetros já começaram a acontecer as primeiras baixas. Encontramos atletas voltando para a cidade e equipes tentando consertar a marcha da bicicleta.
A primeira área de transição se encontrava no PC5 e o local tinha o sugestivo nome de Arrependido. Neste ponto as equipes deixaram suas bicicletas e começaram um dos trechos mais difíceis da prova: trekking pela mata amazônica, com muita navegação e em algums locais sem trilhas marcadas. A primeira equipe a entrar na mata foi a Mitsubishi QuasarLontra, única equipe não-paraense, e que tinha entre seus integrantes o apresentador da Sportv, Tiago Falcão. Em segundo lugar estava a equipe Kasar Oficina, cerca de uma hora atrás da líder.
O começo do caminho era formado por trilhas de burro, muito esburacadas e utilizadas para a extração de castanhas, e que exigia bastante atenção dos atletas para não torcer o pé. Foi nesse trekking que a maioria das equipes acabou se perdendo e desistindo da prova. Outras, mesmo incompletas, decidiram seguir adiante. "Pegamos no amanhecer uma paisagem muito bonita do PC4 para o PC5, onde um atleta da nossa equipe teve uma distensão na coxa e decidiu parar. Mas como nossa equipe estava com muita vontade de prosseguir, decidimos fazer o trekking até o PC8. Foi um trekking muito difícil, que exigia uma navegação perfeita", disse Edney Fernandes, da equipe Omaki. "A partir do PC6 pegamos um trekking mais pesado ainda, atravessando umas 4 planícies até chegar no PC7, antes do corte. Descansamos um pouco e mantivemos a meta de seguir até o PC8. Seguimos na escuridão, tivemos contato com animais selvagens, inclusive com uma onça. Quando chegamos no PC8 tivemos que parar por ordem da organização, devido ao horário de prova", completou.
Onze horas depois a equipe QuasarLontra saiu da mata e iniciou o mountain bike até o início da canoagem, no PC10. Pela frente as equipes tinham o desafio de chegar no PC10 antes do início do dark zone, às 16:30h, estipulado para garantir a segurança dos atletas na canoagem no rio Jari. A equipe QuasarLontra foi a única que conseguiu sair antes do início da parada obrigatória e chegou no rapel no final da tarde sábado.
As equipes tinham que ficar atentas ao local. O baixo nível da água deixou muitas pedras à mostra, tornando o remo bastante difícil. Com cerca de 1:30h de remo elas passavam por uma pequena corredeira e logo depois o rio simplesmente sumia! Era a Cachoeira de Santo Antonio e suas quedas d'água de cerca de 30 metros, formada por processos vulcânicos a milhões de anos atrás, e uma das mais belas paisagens da região. Além de fazer o rapel os atletas tiveram que descer seus caiaques para poder prosseguir até a chegada.
Enquanto isso as equipes Kasar Oficina, Impacto Off Road e Cia Athlética não puderam fazer mais nada, a não ser descansar no PC10 e se preparar para o dia seguinte, quando terminaria o Dark Zone às 05:45h e todas as equipe sairiam juntas.
Pouco antes do amanhecer as equipes já estavam prontas e com seus caiaques na água e logo que o terminou o Dark Zone elas já estavam remando pelo Rio Jari. Alguns atletas chegaram a cair na primeira corredeira, mas nada de grave aconteceu, permitindo que todos continuassem até o final. Para a maioria o rapel na cachoeira foi o ponto alto da corrida.
"A pior parte da corrida foi o trekking. Quando chegou no Arrependido (PC5), pelo nome nós já estávamos preocupados, e chegando lá a gente estava arrependido de ter entrado. Mas não tinha como sair e para sair tínhamos que continuar. Quando chegamos no PC6 achávamos que tinha terminado e que ia melhorar, mas a tendência era piorar e quando chegamos no PC7 a tendência era piorar ainda mais. A pior parte foi chegar no PC8", disse Rubens Campos Filho, integrante da Kasar Oficina. "A prova foi sofrimento do ínicio ao fim. Muita subida e muita descida também. Mas pela primeira vez não erramos nada na navegação, tanto na bike quanto no trekking. Nossos navegadores estão de parabéns", completou Campos Filho. A equipe manteve a segunda colocação até o final, conquistada no começo da corrida.
Para outros atletas, o visual no final da prova foi um grande diferencial. "A prova foi realmente muito difícil, muito cansativa, por ter elementos que não estamos acostumados como montanhas, com muita subida e muita descida. O trekking foi realmente o que a equipe sentiu bastante. Em termos de beleza da região, o rapel que fizemos naquela cachoeira maravilhosa compensou todo o nosso esforço do dia anterior", disse André Luiz Dias de Freitas, da equipe Impacto Off Road, terceira colocada.
O quarto lugar ficou com a equipe Cia Athlética, que garantiu a vaga paraense na final do Try On Adventure Meeting, que acontecerá em fevereiro no litoral paulista.
Classificação Final
1º - Mitsubishi Quasar Lontra - 25:07:00
2º - Kasar Oficina - 35:42:00
3º - Impacto Off Road - 36:12:00
4º - Cia Athletica - 37:08:00
Mais informações: www.kaluana.com
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