Chuva forte, trilhas que viraram rios, referências que desapareceram com as águas e equipes perdidas foram algumas das características da primeira etapa da Expedição Chauás, que mais uma vez sofreu com a força da natureza. Os primeiros quartetos completaram os 120 quilômetros de percurso em aproximadamente 24 horas, que dá uma média de 5 Km/h!! As duplas iniciantes sofreram muito mais porque levaram quase o mesmo tempo para percorrer “apenas” 75 quilômetros.
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Atletas iniciantes e experiêntes largaram juntos do centro de Itanhaém às 14:00h do sábado (25/03). As duplas participantes da Summer Night pedalaram em direção ao seu PC1, a cerca de meia hora do centro da cidade e os quartetos correram em direção à praia para pegar os ducks e começar a primeira perna de remo da prova.
Aos poucos as embarcações foram vencendo a arrebentação e seguindo até a praia do Sonho onde os atletas assinavam o PC e voltavam para a água para subir o rio Itanhaém até o Country Club para pegar as bicicletas. O duck com Francisco Perez Neto e Nelma Raizer, integrantes da equipe Paz na Mata/ Unimes/ Vit Shop e competidores da modalidade desde a primeira corrida de aventura brasileira, foi o primeiro a encostar no posto de controle, mas a dupla teve que esperar pelos outros integrantes e abriu a oportunidade para que a Selva e a Life Guard os ultrapassassem.
As primeiras equipes venceram a seção de mountain bike em aproximadamente uma hora e começaram o que seria o ponto alto da corrida: a subida e descida da Serra do Mar, sendo que o posto de controle no alto da serra já se encontrava em território paulista, no extremo sul da cidade, no bairro de Parelheiros.
Do início do trekking em diante o percurso era exatamente o mesmo para todos os participantes da corrida, tanto os da Expedição quanto os da Summer Night, que era a subida e descida da serra, um trecho de duck em rio e o pedal até a chegada.
A equipe Selva, foi o primeiro quarteto a assinar o PC, começando o trekking às 18:00h. A previsão da organização era que os primeiros colocados terminassem a prova na madrugada de domingo.
Nesse meio tempo a equipe Leekloy Adventure Two, da Summer Night, marcava a primeira desistência da prova. O navegador perdeu o mapa durante o trekking e decidiu não arriscar seguir com outra equipe e a dupla voltou para o PC anterior. Foi provavelmente a melhor decisão que tomaram visto o que veio a seguir.
Às 20:33h de sábado a equipe Seiva assinou o PC5 e foi a última a iniciar a subida da serra. Pouco depois começou a cair um temporal na região. A tenda montada no posto de controle teve que ser desmontada para que não fosse levada pelo vento e até a cidade ficou alagada.
Já imaginávamos a difícil situação das equipes no meio da mata atlântica. Apesar da chuva elas não poderiam parar devido ao frio, mas depois soube que algumas delas encontraram um grande forno onde se abrigaram do tempo ruim. Outras não tiveram tanta sorte e continuaram em frente em busca do caminho correto.
As informações recebidas pelo rádio era de que até aquele momento nenhuma equipe tinha chegado no alto da serra, onde teriam acesso às caixas de reabastecimento e poderiam se alimentar e se trocar antes de começar a descida e já tinha se passado 6 horas desde o começo da subida da primeira equipe, mostrando que haveria atraso na chegada.
A chuva parou e voltou diversas vezes durante a madrugada e a informação da chegada da primeira equipe no PC de reabastecimento aconteceu somente na manhã de domingo. A dupla High Five ficou apenas 20 minutos no local e começou a descida de volta a Itanhaém. A próxima equipe só chegou cerca de 3 horas depois.
Por volta das 10:30h da manhã avistamos o primeiro atleta depois de horas de espera no AT. Ricardo Alexandre Mira, integrante da equipe Mira, voltava para o PC depois de passar a noite no meio da mata. No começo do trekking ele também perdeu o mapa e passou a andar com outra equipe. Eles se perderam e começaram a seguiram o barulho de água para encontrar algumas referências passadas pela organização, mas acabaram se confundindo e pegando o caminho errado.
“Do lado esquerdo da cachoeira tinha uma trilha que a gente subiu e lá na frente encontramos uma bifucarcação. Pensamos: o mato está muito bonito por aqui, será que passou todo mundo? Fomos até um local que tinha uma espécie de um “U’ que era só paredão, tinha que escalar. Não achamos seguro e decidimos voltar e seguir pelo outro lado da bifurcação”, disse Mira. “Batemos de cara com outro paredão e na descida o tempo começou fechar e fomos procurar abrigo porque era só paredão dos lados. Tentamos descer rápido mas chegou uma hora que a água subiu muito e não conseguimos mais caminhar nas pedras e ficamos os quatro ilhados em uma pedra de uns 2 metros quadrados, até 6 horas da manhã.”
Meia hora depois a High Five apareceu remando no rio, que estava muito rápido devido às chuvas da madrugada. A cerca de cinco metros da saída a equipe se enroscou em um árvore e o duck virou, mas eles conseguiram nadar até a margem e seguir na prova. A equipe estava junto com outras no meio da serra e confiou na sua navegação para sair dali em primero lugar. “Tivemos que parar por mais ou menos uma hora por causa da chuva, que estava muito forte. Decidimos então seguir pelo caminho que achávamos que era o certo e as outras equipes não confiaram e chegamos no PC”, disse Frederico Metzler. A dupla foi a vencedora do Chauás Summer Night.
Aos poucos as equipes que não conseguiram seguir adiante ou estavam perdidas durante a noite, foram voltando para a transição. Outras acabaram desistindo no alto da serra e foram levadas de carro de volta para a cidade.
As equipes Sundown Audax (PR) e Life Guard (SP) chegaram juntas para iniciar o trecho de remo e a equipe paranaense foi mais forte na descida do rio e abriu um pouco de distância da Life Guard, guarantindo a vitória na Expedição. “A gente chegou em terceiro nas caixas e as outras equipes estavam 20 minutos à frente e decidimos buscar as outras equipes. Corremos atrás e conseguimos tirar o tempo da Senta a Pua, depois cruzamos com a Life Guard e mantivemos um ritmo junto com eles, também para que não quebrássemos. No final pensamos ‘agora vai ou racha’ e começamos a remar mais forte e fomos passando devagarzinho e quando estávamos saindo de bike eles estavam chegando no PC”, explicou Daiane Souza, integrante da equipe Sundown Audax.
Em terceiro lugar ficou a NSK Selva e em seguida chegou a Senta a Pua. “A gente pensava em terminar por volta das 05:00h da manhã, mas com as chuvas que caíram lá em cima da serra, a coisa ficou feia. Todas as trilhas viraram rios, o rio maior ninguém conseguia encontrar e na chuva não dava para ver nada. Juntaram umas 4 equipes e fomos fazendo a prova até encontrar as referências. A dificuldade de navegação foi muito grande. Em todo lugar tinha que navegar, tinha muito vara mato, trilha que não existia, trilha que estava encharcada.”, disse Caco, navegador da equipe Selva.
Durante toda a noite as equipes líderes andaram juntas para encontrar a saída da trilha e aos poucos foram se dispersando, com cada uma fazendo seu caminho e voltando à competitividade. Em algumas trilhas a quantidade de água era tanta que os atletas andavam com ela no nível do joelho.
“A prova foi muito dura. Acho que desde a prova de Tapiraí (n.e. – Mini Ema, realizada em 2002). Foi muito forte e ainda teve a chuva que foi um agravante violento. A gente tinha que andar dentro do rio, que ficou classe 3. Não tinha como andar dentro e nem na margem. Nós ficamos 12 horas rasgando mato na beira do rio porque não dava para andar dentro dele. Depois que chegamos nas caixas deu uma clareada, as trilhas abriram. Erramos um trecho e perdemos duas horas e acabamos em quinto, mas a prova foi duríssima”, disse Francisco Perez Neto, da equipe Paz na Mata/Unimes/VitShop, que terminou a prova em quinto lugar e chegou na cidade na noite de domingo. Para ele uma das maiores dificuldades foi a progressão, que se tornou muito lenta devido às chuvas e atrasou toda previsão da corrida.
Enquanto a maioria dos atletas voltavam para casa e para os hotéis para descansar, algumas equipes passaram sua segunda noite na mata. O quarteto Guaranis não encontrava um trilho de trem que tinham como referência e que estava embaixo d’água devido às chuvas e só conseguiu terminar o trekking na manhã de segunda feira.
Desde a noite de sábado a organização tinha pessoas varrendo a trilha, mas algumas equipes acabaram saindo bastante do caminho original e não foram vistas no percurso. Foi o caso de duas duplas da Summer Night, Leekloy Adventure One e Leekloy Adventure Team, que sem experiência nas corridas de aventura, quase enfrentaram sua terceira noite na mata.
A Defesa Civil foi acionada e junto com integrantes da organização, fizeram as buscas na serra que se estendeu até o início da noite de segunda feira (27/03), quando os participantes foram encontrados.
Mais informações: www.chauas.com.br
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