Vitor Negrete morre no Everest

Por Redação - 19 Mai 2006 - 11h09

O alpinista Vitor Negrete, 38 anos, que na última segunda-feira, dia 15, havia iniciado o ataque ao cume do Monte Everest, cumpriu um desafio inédito para o montanhismo brasileiro: chegar ao cume do Monte Everest sem os cilindros de oxigênio suplementar, escalando sua face mais difícil, a Norte, no Tibet. Contudo, na sua descida, Negrete solicitou ajuda comunicando-se com Dawa Sherpa – profissional que o auxiliava na escalada, e que o aguardava no acampamento 3. O sherpa o encontrou e prestou socorro ao montanhista ainda vivo, levando-o até o Acampamento 3. Dentro de uma barraca, Negrete não resistiu e às 02 horas da madrugada (horário do Nepal), do dia 19, veio a falecer.

Negrete, em rápida conversa pelo telefone satelital, na última quarta-feira, dia 17, já no Acampamento 3, a 8.300 metros, disse estar bem e confiante, mesmo após as más notícias do dia 16, quando havia verificado que seu depósito de mantimentos no Acampamento 2 havia sido assaltado e que seu amigo de expedição, o montanhista inglês David Sharp, havia falecido. Contando com uma janela de bom tempo para o dia 18, o brasileiro seguiu rumo ao “topo do mundo” sem oxigênio suplementar e sem telefone, pois a bateria do satelital estava no fim. Seu único meio de comunicação era com Dawa Sherpa, através de rádio.

Seu amigo e parceiro de escalada, Rodrigo Raineri, havia ficado no Campo Base, recuperando-se da tentativa da semana passada, e pretendia lançar-se ao cume em torno do dia 25 de maio, quando está prevista outra janela de bom tempo.

Paulista de Campinas, Vitor Negrete deixa a mulher Marina Soler e dois filhos: Leon, de dois anos e o caçula Davi, de apenas sete meses. Esta foi a segunda vez que a dupla Negrete e Raineri tentou escalar o Everest. Ao lado de Rodrigo Raineri, Vitor Negrete, foi um dos mais destacados e experientes alpinistas do país. Os dois foram os primeiros brasileiros a vencer os 6.962 metros da mais alta montanha das Américas, o Monte Aconcágua, nos Andes Argentinos, pela face sul, em janeiro de 2002. Esta é considerada uma das mais difíceis e perigosas escaladas, superando o próprio Everest em dificuldade técnica.

Com o Try On Expedition I, voltaram ao Aconcágua, em agosto de 2004, liderando um grupo que se propôs a chegar ao cume no inverno, estação em que a magnitude do desafio se multiplica, por causa das nevascas e temperaturas de até 50 graus abaixo de zero. Ano passado, na Try On Expedition II, a dupla enfrentou a pior temporada no Everest. Mesmo com o objetivo de escalar a montanha mais alta do mundo sem oxigênio suplementar, por medida de segurança, os alpinistas mudaram de estratégia e decidiram utilizar os cilindros. No dia 02 de junho, Negrete conquistou o ponto mais alto do planeta. Rodrigo Raineri chegou aos 8.800 metros, mas como já era tarde e estava sozinho, resolveu voltar ao Acampamento 3, preservando sua segurança.

Vitor Negrete era também corredor de aventura e integrante da equipe Try On Landscape.

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19 Mai 2006 - 11h09 | General |
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