A atleta Silvia Guimarães, a Shubi, participou do AR World Championship 2006 correndo com a equipe sueca FJS. A equipe conquistou a 8a colocação, completando os 800 quilômetros da prova em 145 horas e 14 minutos. Segue abaixo uma pequena entrevista com a atleta:
O que você achou da prova em geral?
A prova foi incrivel, percurso inovador, dificil, técnico e inteligente, MTB muito difíceis no começo, trechos longos intercalados com trechos curtos e menos exigentes, cavernas, patins, glaciares, canyons. Foi a prova com a maior variedade de modalidades que já fiz, e até o tempo variou muito, de dias com muito vento e chuva até dias lindos de sol, mas as noites foram smepre frias...
Como foi a experiência de correr com a equipe sueca FJS? O ritmo foi muito diferente do que está acostumada?
Eu estava super ansiosa para correr com eles, não os conhecia e não sabia o quão forte eles eram. Mas foi ótimo. Eles são fortes e excelentes navegadores, mas bem menos experiêntes que eu. Me incluíram no time como se eu fosse um deles e pediam a minha opinião pra tudo, todas as decisões.
O ritmo foi bom, mesmo ritmo que corremos provas tipo Brasil Wild, mas por 6 dias.
Nos primeiros dias vocês chegaram a ficar na liderança. Como foi a
estratégia de sono da equipe? Isso influenciou no resultado final?
Pois é, até lideramos a prova... Como eu disse antes, o Johan é um excelente navegador, fiquei impressionada, e isso nos colocou no pelotão da frente. Enquanto todas equipes faziam alguns erros, a gente acertava tudo.
No momento em que ficamos em primeiro as outras 4 equipes estavam dormindo, mas a nossa idéia era dormir antes da primeira etapa de montanha, onde encontraríamos a caixa que tinha roupas quentes e secas. A estratégia de sono foi bem parecida com a que faço com a Atenah. Dormimos uma média de 2 hs por noite e fizemos algumas sonecas de 20 minutos quando os "sleepmonsters" atacavam.
A equipe FJS é desconhecida por nós. Pode falar um pouco da experiência dos atletas e dos objetivos para essa prova?
A equipe era desconhecida por aí (Brasil) e por todos os lugares. Eles fizeram somente duas provas de expedição e um deles estava fazendo uma prova longa pela primeira vez. Desde quando comecei a conversar com eles, diziam que queriam chegar entre os 10 primeiros. Eu não sabia o que pensar, pois não conhecia as capacidades deles, mas sabia que eu daria o meu melhor e que podia colaborar muito.
Um atleta comentou que só encontrou logística mais complicada no Raid
Gauloises Kirguistão (falando sobre a divisão das caixas). Houve algum imprevisto, como falta de comida ou roupas?
Realmente foi complicado, com certeza todas as equipe passaram algumas horas decifrando o que colocar em cada lugar. Eu já tinha feito duas corridas desse tipo: o Raid (Gauloises) no Kirguistão e o Eco Challenge na NZ. Isso ajudou bastante e fizemos tudo certinho. Não faltou nada, nem roupa e nem comida.
Qual foi o estágio (ou estágios) que você achou mais difícil?
Vários estagios foram dificeis. Foi uma prova muito técnica, com escolhas de rotas, todos os trekkings sem trilhas em montanhas com pedras soltas, glaciar com partes bem íngremes que tinha que usar a piqueta e o crampom - de verdade! - senão caía na greta.... Mas pra mim, o mais massacrante foi a canoagem no mar, uma etapa de 90km. Tudo que o "meus meninos" são bons em terra, eles são ruins na água. Tive que remar com o mais fraco pra equilibrar os barcos e essa etapa foi eterna, fomos ultrapassados por várias equipes.
Estar entre os 10 melhores do mundo não é para qualquer um. Você acha que um dia o Brasil possa chegar nesse nível?
Estar entre os 10 melhores é realmente bom demais! Me dedico a esse esporte há muito tempo e vou atrás de oportunidades como essas. E acredito sim que o Brasil tem condições de chegar lá. Hoje temos ótimos atletas mas que estão espalhados em diferentes equipes. Dá para montar uma seleção brasuca muito boa. E fora isso, o Brasil é um dos únicos países do mundo que já tem um trabalho para adolescentes, que já estão treinando com foco e vontade de competir. Essa nova geração vai dar trabalho.
Você sempre conquistou boas colocações no exterior e em outras
equipes (campeã no Terra Incognita 2003 e agora 8° no ARWC 2006). O que diferencia essas equipes das brasileiras?
Acho que a diferença é tudo um pouco. O preparo físico é o que conta menos. Os suecos da minha equipe não são mais fortes do que muitos brasileiros. A parte técnica conta muito. Enquanto nós jogamos futebol na infância, os gringos estão andando nas montanhas, acampando com a familia e correndo provinhas de orientação. Outra diferença é que a maioria dos atletas brasileiros moram em grandes cidades, sem a menor condição de bons treinos. Não temos montanhas, rios e nada parecido pra treinar.
Organização e estratégia se aprende com a experiência. Por exemplo nessa prova essa foi a minha maior ajuda pra equipe. Infelizmente, poucos brasileiros tem a oportunidade de estar correndo grandes provas e começar a aprender logo.
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