A chuva, o frio e a lama marcaram a terceira e última etapa do Circuito Brasil Wild 2006, realizada neste final de semana (16 e 17 de setembro), no Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira - PETAR - e localizado no extremo sul do estado de São Paulo. A corrida teve a participação de 25 equipes vindas de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, dispostos a enfrentar os 117 quilômetros de percurso.
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A disputa pelo título de campeã do circuito estava entre as equipes Mitsubishi Francis Hydratta QuasarLontra e SOS Mata Atlântica, ambas com 187 pontos após duas etapas, tornando a competição ainda mais acirrada. Mas as condições do terreno e do tempo complicou ainda mais a vida dos competidores e além da força física e da técnica em cada uma das modalidades, os participantes tiveram que enfrentar o fator sorte, com muitos pneus furados, correntes quebradas e falta de freio. A oficina móvel montada pela loja Half Dome que realizava reparos nas bicicletas em algumas áreas de transição, teve trabalho durante toda a duração da corrida.
Pouco antes do PC2, no único trecho em que era permitido pedalar no asfalto, as equipes QuasarLontra e Atenah passaram como se fossem uma só, mas com um pouco mais de atenção pudemos contar somente 6 atletas no pelotão. José Reginato, atleta da QuasarLontra, ficou para trás quando sua bicicleta teve uma "chain suck", que é quando a corrente se prende entre o quadro e a roda, e o atleta Rodrigo Martins o esperou para acompanhá-lo.
Outro atleta que também enfrentou dificuldades no começo de prova foi Marcio Franco, da SOS Mata Atlântica, que passou empurrando a bicicleta com a corrente quebrada e fez praticamente todo o primeiro trecho de mountain bike correndo, revezando de vez em quando com outros atletas da equipe. Logo depois passaram as equipes Yak's ALE e Curtlo Lobo Guará.
As primeiras equipe levaram pouco mais de 4 horas de pedal para chegar na primeira transição. Uma bifurcação não foi atualizada no mapa e todas as equipes acabaram seguindo pelo caminho errado, chegando na beira do Rio Ribeira, local sem qualquer trilha marcada, obrigando-os a empurrar suas bicicletas.
Mitsubishi Francis Hydratta QuasarLontra, Atenah, Yaks ALE e SOS Mata Atlântica foram as primeiras a começar a etapa de canoagem que as levaria até a antiga área residencial da mineradora francesa Plumbum. Dezenas de moradores da cidade se aglomeraram na ponte sobre o rio Ribeira que separa as cidades de Ribeira (SP) e Adrianópolis (PR).
Na área residencial, localizada no estado do Paraná, as equipes se dividiram: dois atletas seguiram para a antiga mina e os outros dois foram para a área de recuperação da antmineradora para realizar o plantio de duas mudas de plantas nativas. Para Julio Pieroni, é importante unir o esporte ao meio ambiente. “A questão da sustentabilidade deve estar presente em todas as ações nas próximas provas”.
Além do projeto ambiental da organização, integrantes da equipe SOS Mata Atlântica que não estavam participando da prova realizaram um projeto à parte, que fazem em todos os locais das provas que participam. Na sexta-feira, dia 15/09, os atletas Zé Pupo e Fernando Jesus ministraram a palestra ‘Terra, Planeta Água´, organizada pelo Projeto Rede das Águas, da Fundação SOS Mata Atlântica na escola municipal Vitor Rodrigues da Motta, no Bairro da Serra, em Iporanga, para cerca de 80 alunos de 5ª a 8ª série. A Prefeitura da cidade assinou um convênio de dois anos, que visa o monitoramento das águas do Rio Betari. A equipe doou um mini labotarório com os materiais necessários para que os alunos coletem e analisem mensalmente os dados sobre a qualidade das águas do rio.
Os atletas conheceram apenas uma pequena parte da área de mineração já que são mais de 190 Km de túneis em diversos níveis de altitude em relação ao nível do mar, de onde se extraía chumbo. A região foi a maior produtora do minério do país na década de 50 e além da extração a mineradora também fazia o refino do material extraído. “A cada 1 tonelada de chumbo, produzíamos de 800 a 900 gramas de prata. E a cada tonelada de prata, extraíamos 1,5 kg de ouro”, disse Ezir Mota de Ponte, ex-gerente de produção da mina.
Os atletas se reuniam novamente e voltavam para o rio para continuar o remo até o Porto Velho. A chuva não dava trégua e logo começou a escurecer. Como a primeira etapa de mountain bike não foi tão rápida quanto todos esperavam, as equipes não conseguiram terminar o trecho de canoagem ainda com a luz do dia e com o aumento do volume d'água as corredeiras subiram de nível e o trecho se tornou o mais crítico de toda a prova.
Todas as equipes que chegaram no final da canoagem viraram pelo menos uma das embarcações, perderam remos e mochilas e alguns atletas passaram por apuros na água. A escuridão e o vapor que subia das águas dificultavam a visão dos atletas, que só ouviam o barulhos das águas.
QuasarLontra e SOS Mata Atlântica foram as primeiras a chegar, às 19:40h e 20:01, respectivamente, mantendo a classificação normal do PC anterios. A terceira a chegar foi a Papaventuras, às 21:25h, ultrapassando as equipes Atenah e Yak's. Os atletas falaram das dificuldades da corredeira e da perda de dois remos, e que não tinham passado por outra equipe na água. As duas outras equipes decidiram seguir pela margem depois que caíram na corredeira.
Além dessas dificuldades a Atenah, que correu com formação diferente e foi liderada por Nora Audrá, teve um dos ducks furados e chegou no PC carregando a embarcação murcha e enrolada. Já os integrantes da Curtlo Lobo Guará chegaram a bater com o rosto em uma grande pedra perto de uma da corredeiras.
A chuva e o frio fez com que diversas atividades fossem canceladas, como o rapel de 140 metros na Laje Branca, feito somente pela QuasarLontra, e a ascensão na caverna Água Suja. As equipes fizeram as travessias de cavernas e o bóia cross final no rio Betari, que estava previsto ser cancelado caso as condições do tempo e do rio não estivessem favoráveis, foi substituído pelo mountain bike.
A vitória ficou com a equipe Mitsubishi Francis Hydratta QuasarLontra, conquistando também o título de campeã do Circuito 2006 e que voltou a pouco do tempo do AR World Championship na Suécia/Noruega. Em segundo lugar chegou a Atenah, fazendo uma corrida de recuperação depois das dificuldades e perda de posições na canoagem. E em terceiro chegou a SOS Mata Atlântica, mostrando ser uma equipe forte e conquistando ótimos resultados com menos de um ano de sua formação. A equipe conquistou também o segundo lugar do circuito.
Apenas 6 equipes conseguiram fazer o percurso completo e 3 completaram com cortes. Mesmo sem ter completado essa última etapa, a Sundown Audax conquistou o terceiro lugar no circuito.
A premiação do circuito 2006 acontecerá uma grande festa organizado pela APCA - Associação Paulista de Corrida de Aventura - juntamente com os outros organizadores do estado e em data a ser definida em breve.
Classificação Final
1 - Mitsubishi Francis Hydratta QuasarLontra
2 - Atenah
3 - SOS Mata Atlântica
4 - Papaventuras
5 - Competition Aroeira
6 - Pata da Cobra
Mais informações: www.brasilwild.com.br
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