Rios, serras, cânions, cachoeiras e muito calor marcaram a terceira etapa do Circuito Kaluanã Amazônia Extrema 2006, realizada na Serra das Andorinhas, no município de São Geraldo do Araguaia, sudeste do Pará, divisa com Tocantins. Foram 200km de superação e adrenalina, disputados por oito equipes que tiveram coragem para enfrentar a bela e selvagem região da serra que fica nas margens do rio Araguaia.
A favorita para levar o título do Circuito Kaluanã 2006 era a Unimed Cia Athlética que já havia vencido as duas primeiras etapas e também foi campeã do circuito em 2005. Para completar a equipe, a Cia convidou a atleta da Selva (SP), Carol Hess, para correr com eles.
“Estou me sentindo muito honrada por ter sido convidada para correr com a Cia. A prova foi linda e apesar dos problemas que tivemos no percurso, a energia da galera e do local fizeram com que essa experiência seja inesquecível”, declarou Carol.
A participação da equipe Try On Oskalunga, de Brasília, primeiros colocados no RBCA – Ranking Brasileiro de Corrida de Aventura, elevou o nível da disputa e exigiu das equipes de Belém muito preparo físico para acompanhar o ritmo intenso dos brasilienses. Para piorar a situação, as condições do terreno acidentado e o calor intenso complicaram a vida dos atletas.
“Nos surpreendemos com o nível da galera local, que está tão longe da maioria dos circuitos nacionais. Adoramos a corrida e queremos muito voltar no ano que vem”, disse Bárbara Bonfim da Oskalunga.
A Try On Oskalunga lideraram a prova do começo ao fim e deixaram uma boa margem de diferença de tempo em relação às outras equipes. Em alguns momentos a Impacto, Unimed Cia Athlética e Kasar Oficina do Corpo conseguiram diminuir essa diferença, mas não chegaram a alcançar os primeiros do ranking que acabaram vencendo com folga o Try On Kaluanã Amazônia Extrema. Mais de uma hora depois chegou a equipe Impacto, seguida pela Kaiowa.
A Unimed Cia Athlética não teve muita sorte. Além de ter quebrado o câmbio traseiro da bike, se perderam na navegação e acabaram perdendo um tempo precioso. Mas mesmo com o quarto lugar da terceira etapa, sagraram-se campeões do Circuito Kaluanã 2006 e garantiram a vaga para o Try On Adventure Meeting deste ano, devido à ótima pontuação obtida nas duas primeiras etapas.
“Foi muito bom correr com Carol, ela é tranqüila, companheira, super positiva, um astral ótimo. Adoramos essa troca de experiência”, falou Brício Gaurão, capitão da Unimed Cia Athlética.
As equipes Açaí Power Banco da Amazônia; Kayapó Adventure e a Igapó correram praticamente juntas a Kaluanã. Não conseguiram manter o ritmo das primeiras equipes, mas nem por isso desistiram, muito pelo contrário, continuaram firmes e fortes até o fim e mostraram a todos que o importante é competir.
“Nunca me diverti tanto numa prova, como nesta etapa da Kaluanã. O lugar é tão bonito e selvagem que apesar de todo o calor e cansaço não conseguíamos parar, ansiosos para ver o que tinha pela frente”, declarou Paulo Junior da equipe Açaí Power Banco da Amazônia.
A prova
Primeiro Dia
Para esquentar os “motores”, as equipes largaram com uma pequena corrida de 3km em direção a Praça Beira Rio, onde pegaram os caiaques e seguiram remando pelo belo e misterioso rio Araguaia. O percurso foi incrível. Enquanto as mulheres ribeirinhas lavavam suas roupas na beira do rio, caiaques coloridos mudavam o cenário descendo corredeira abaixo até o PC 1, um local de rara beleza e harmonia chamado Remanso dos Botos, local preferido desses mamíferos que só são encontrados na Amazônia.
“Remamos boa parte do percurso junto com os botos, dois deles nos acompanharam durante um bom tempo. Foi um momento muito especial! Ficamos muito contentes por correr em um lugar que nos permitiu interagir tanto com a mãe natureza”, conta Marcio Levy, capitão da equipe Kaiowa.
Do PC1 os atletas ainda na canoagem, seguiram para o PC 2, onde as equipes se dividiram em duas duplas. Enquanto uma seguia para o rapel, a outra remou até a Ilha dos Martírios para procurar as inscrições rupestres, abundantes na serra, que é um dos maiores sítios arqueológicos a céu aberto das Américas. A dupla tinha que fazer um desenho copiando a gravura milenar.
Já a dupla que seguiu para o rapel penou na navegação. A maioria se perdeu bastante, o que deixou os atletas confusos, mas ao chegar na cachoeira do Espana a tensão se dissipou diante da beleza do local. Um rapel técnico de 130 metros fracionado em três partes, permitiu uma visão incrível e privilegiada da floresta amazônica.
No final as duplas se encontraram e seguiram juntas para a Vila de Santa Cruz. Neste local a organização estabeleceu uma dark zone, onde as equipes eram obrigadas a parar durante a noite devido a grande presença de animais selvagens como onças. Foi aqui que aconteceu o projeto social do Try On Kaluanã Amazônia Extrema, com a entrega de material escolar para as crianças da comunidade. E cada olhar tímido se transformou num sorriso aberto de felicidade com os presentes.
Segundo Dia
As 4:30h da madrugada as equipes estavam liberadas para continuar a prova e encararam uma perna de trekking de 80km. Com certeza esse foi o trecho que mais exigiu superação e garra, pois o terreno era acidentado com desníveis de até 600 metros; a navegação difícil; o sol escaldante batendo os 44 graus, sem sombra numa área de cerrado.
Depois de literalmente suar a camisa andando pelo cerrado, uma surpresa: um belo cânion com água cristalina era o próximo obstáculo a ser vencido. Sofrendo com o calor, a visão de toda aquela água foi um deleite para os atletas exauridos pelo sol. Além da água, a visão daquela formação rochosa com uma extensão de 9,5km e desnível de 300m em plena selva amazônica, iluminou os olhares e incentivou os ânimos.
“Eu vinha descendo o cânion quando chegamos num poço com água transparente, e foi aí que dei de cara com uma sucuri que me olhou e graças a Deus resolveu sair do caminho, serpenteando pelo rio ela sumiu de nossas vistas. Ela era bem grande! Foi uma visão incrível que nos mostrou o quanto selvagem é essa região”, contou Bárbara Bonfim da equipe Oskalunga.
Na saída do cânion estava o PC9 e aqui um burro era cedido para cada equipe que escolhia o que fazer: montar ou levar as mochilas para dar um alívio no peso. Então era hora de seguir para a segunda dark zone da prova, na Fazenda Andorinhas, um verdadeiro “oásis” no meio da selva, onde fomos recebidos com um banquete preparado com muito carinho pelos administradores da fazenda. Aqui foi um momento muito especial de confraternização e troca de impressões, já que todos se reuniram lá: atletas, organização e imprensa. O céu estrelado, a deliciosa comida quentinha, a bela infra da fazenda e o carinho dos moradores fizeram deste, um dos pontos altos do evento.
Terceiro Dia
7 horas da manhã os atletas, já um pouco recuperados do desgaste do dia anterior, pegaram as bikes e seguiram de volta para São Geraldo do Araguaia, nosso ponto final. A perna de bike passou por áreas de floresta com muitas subidas e descidas. Foi um pedal bem técnico: 50km com cascalho, muita pedra e trechos de areia.
As mulheres paraenses mostraram toda sua força no pedal, apesar dos tombos, levantaram, sacudiram a poeira e encararam o que veio pela frente. A Atleta da equipe Kaiowa, Elina Fádel, perdeu o controle da bike quando ficou sem visão devido à poeira levantada por quem vinha na frente e caiu de cara no chão, mas não sofreu nada. Já a atleta da equipe Kayapó Adventure, Daniela Araújo, voou por cima da bike no downhill e se machucou um pouco, mas nada sério.
Com certeza essa etapa da Kaluanã será inesquecível para todos que tiveram a oportunidade e o privilégio de participar desta que é a maior corrida de aventura da região norte. Agora é esperar pelas surpresas do Circuito Try On Kaluanã Amazônia Extrema 2007.
1° lugar – Try On Oskalunga
2° lugar - Impacto Off Road
3° lugar – Unimed Cia Athlética
4° lugar – Kasar Oficina do Corpo
5° lugar - Kaiowa
Mais informações: www.kaluana.com
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