Eco-Medicina, algumas doenças de Fiji

Por Wladimir Togumi - 04 Dez 2002 - 01h09

O Eco-Challenge Fiji foi a edição mais difícil realizada até hoje e, como em Bornéu, os atletas estão enfrentando problemas de saúde pelo esforço e a queda de imunidade do corpo durante o evento. Eleonora Audrá, da equipe AXN Atenah teve que desistir no meio da corrida por ter contraído uma infecção através de um corte no braço e Alexandre Freitas, da equipe EMA Brasil, se encontra hospitalizado em Sidney, na Austrália.

Segue abaixo artigo de Jack Crawford, corredor de aventura e jornalista, com alguns problemas que os atletas enfrentaram após a corrida. O texto foi traduzido e publicado com autorização do autor:

Quando voltei do Eco-Challenge Fiji tive que me tratar de alguns problemas médicos. Nos momentos de agonia eu me perguntava se mais pessoas estavam tendo esses problemas. Telefonei para alguns dos meus Eco-amigos para saber como estavam. Eles também estavam doentes. Então enviei um mensagem para a ARA List (Lista de discussão sobre corridas de aventura) para saber o que os outros estavam dizendo sobre o caso. Eu organizei as respostas e coloquei minhas descobertas neste artigo.

Eu mantive a privacidade das respostas porque não são todos que desejam falar sobre o que estão passando. Eu acabei pegando Giardia, que não sarava, mesmo quando estava tomando Flagyl. Eu achei esse tipo de Giardia muito resistente. Era muito difícil de sarar. Na mensagem original para o ARA List eu o chamei de dieta OG. OG significa "Oh God, eu peguei novamente." Ou também pode significar "Oh Giardia." Alguém da lista disse que poderia ser chamada também de "GO diet." Como uma dieta funciona muito bem, você pode comer qualquer coisa que queira e mesmo assim perder peso.

Voltei também com algumas infecções incomuns. Normalmente meus cortes e arranhões não infeccionam, ou no máximo ficam um pouco vermelho. Essa infecção deixou um material branco em volta. Eu tentei limpar tudo com Betadine, mas um dos cortes se transformou em um furúnculo. Eu tive que abrir o furúnculo cirurgicamente porque ele não se abria e liberava o pus. Eu fiquei com uma buraco do tamanho aproximado de uma moeda de 50 cents, e um quarto de polegada de profundidade. Descobri que não estava sozinho na minha agonia. Descobri que muitos outros tiveram Giardia, furúnculos e doenças mais graves também.

Foram reportados para mim 4 doenças principais. Alguns Eco-Challengers foram hospitalizados com febre como a de Dengue e outros foram hospitalizados por infecção pela bactéria Staph. Os outros problemas foram a Giardia e problemas com os pés. No geral, o trabalho da equipe médica do Eco-Challenge foi muito bom. Eles forneceram aos competidores medicamentos para combater Filariasis, ou vermes que se alojam no sistema linfático. Eles trataram vários casos de descamação dos pés, e aplicaram alguns antibióticos em atletas que apresentavam condições de febre. Eu tomei conhecimento de alguns atletas que ficaram bons tomando apenas Tylenol, mesmo apresentando condições extremas de febre. Soube de pelo menos um caso que terminou no hospital. Devido à isso, eu posso dar apenas nota B- para a equipe médica. Fizeram um bom trabalho dentro do possível.

Febre de dengue
Muitos relatos mostraram que alguns casos de febre alta, forte dor de cabeça, dor no músculo e nas juntas, náusea e vômito terminaram no hospital. A primeira análise foi dengue, mas testes de laboratório contaram uma estória diferente. Esse pequeno vírus que muitos de nós conhecemos em Bornéu, está de volta. Lepstospirose é facilmente confundida com a dengue, febre tifóide e algumas vezes com a malária. Saiba que não vem apenas das cavernas de morcegos (Eco Sabah 2000). O CDC diz, "a infecção humana ocorre pela exposição à água ou solo contaminado por animais infectados e pode ser associado com a canoagem e natação em águas abertas sem tratamento e contaminadas." Hmm? Eu não lembro de um dia sequer que não estivemos em contato com água em Fiji.

Não há vacina contra lepto, mas existem tratamento e medidas preventivas. O CDC (Centro de controle de doenças) recomenda, "ao viajantes que potencialmente podem pegar Leptospirose é recomendado tomar chemoprophylaxis com doxycycline (200 mg por via oral, uma vez por semana), começando 1 a 2 dias antes da exposição e continuar durante o período de contato."

Infecção por Staph
Como sou um competidor resistente normalmente não ligo muito para cortes e arranhões. Acho que existe um lugar na cabeça do corredor médio que diz, "haverá muito tempo para lamber as feridas quando terminarmos." Em Fiji negligenciei o uso de roupas que pudessem proteger a pele de arranhões e cortes da vegetação mais baixa. "O que são alguns arranhões, não seja manhoso", minha voz interior dizia.

Descobri o que um arranhão pode fazer. Não é apenas uma porta de entrada no corpo para pequenos virus como Lepto, mas também para bactérias. Bactérias passeiam pela sua pele todo o tempo. Staphylococcus aureus é uma bactéria muito comum e você pode ter uma em sua pele agora mesmo. Ela pode entrar no seu corpo através de cortes. Pode causar furúnculo, absessos e infeccionar os pêlos.

Eu achei incrível quantos de nós contraíram infecções por staph nesta corrida. Ouvi muitos casos de furúnculos e abscessos. Alguns dos casos por sorte, abriram sozinhos. Outros, como o meu, tiveram que ser tratados cirurgicamente ou por antibióticos. Para as pessoas que normalmente são saudáveis não é comum ficarem doentes devido à infecções por staph. Aqueles que tiveram o sistema imunológico enfraquecido são os que apresentaram riscos maiores.

Minha melhor aposta, e eu não sou médico, é que o percurso de Fiji exigiu tanto fisicamente que nosso sistema imunológico foi enfraquecido. Isso permitiu que o staph entrasse no corpo. O que podemos fazer?

A primeira linha de defesa é a pele. Proteger a pele com roupas ajudará contra os cortes e arranhões. Depois de alguns cortes feitos, tratê-os corretamente. Passe algum daqueles antibióticos e band-ais que você carrega no kit de primeiros socorros. Alimentação adequada pode ajudar no sistema imunológico. Os corredores de aventura podem realmente estressar o corpo e o sistema imunológico então sugiro procurar por um suplemento que ajude no seu fortalecimento.

Jungle Rot (descamação dos pés)
Provavelmente o melhor jeito de ilustrar os detalhes do jungle rot que muitos pegaram e Fiji é mostrando uma foto. (Cortesia da equipe 14, Running Free, do Canada)

Esse pés estão ruins e não precisa dizer que doem muito ao andar. Acredite ou não, alguns pés estavam piores.

Acho que os vários dias de contato com a água causaram um problema grande nos pés este ano. Jungle rot foi um dos maiores contribuidores na desistência de várias equipes durante a corrida. Caso queira saber mais sobre os pés, dê uma olhada no livro: Fixing Your Feet : Prevention & Treatment for Athletes.

Giardia
Esse é um pequeno protozoário que vive na água. Caso você não trate a água que pega de bicas e lagos, você pode ficar estar expondo suas entranhas a esse pequeno organismo. Uma vez dentro do corpo, você tomará conhecimento dele através de alguns sinais como a diarréia. Eu tratei Giardia com Flagyl. Esse é o tratamento normal uma vez que você o pegou. Um pouco de Immodium pode ajudar na luta contra os sintomas.

Caso tenha conhecimentos médicos para contar ou pensamentos para compartilhar, entre em contato: boundaryquest@hotmail.com

Jack Crawford, competidor norte americano, além do Eco-Challenge, já participou do Southern Traverse, Beast of the East e outras corridas menores. Além de atleta já participou como equipe de apoio, trabalhou na organização do Eco-challenge e organizou alguns eventos. Teve também alguns problemas em Fiji e resolveu entrar em contato com outros atletas para saber da situação de cada um e escrever esse artigo sobre os problemas após a corrida. O texto original pode ser encontrado em www.beyondadventuresports.com.

Wladimir Togumi
Por Wladimir Togumi
04 Dez 2002 - 01h09 | General |
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