Tudo começou no final de 2006. A equipe, que devido a várias intempéries, que todo corredor de aventura sabe que é normal acontecer, teve um ano de resultado medíocres. Vencemos na hora que tínhamos que vencer, e com isso, conseguimos a tão sonhada vaga para a Final Nacional do Circuito Tryon. Passado estes perrengues, a nova Tapuia entrou de cabeça na preparação para esta competição.
Foram cerca de dois meses de preparação, treinamento de madrugada, para não atrapalhar nossas atividades profissionais, simulados de provas todos os sábados, treinamentos de transição com a equipe de apoio e muita, muita conversa para preparar a equipe emocionalmente para uma prova como esta.
Inicialmente, a intenção era ficar entre as cinco primeiras, depois acreditamos que poderíamos ficar entre as três, mas confessamos que no final, entramos na prova para ganhar.
Quando menos esperávamos, estávamos às vésperas da competição e foi num dia desses que a Gilmara chegou desesperada para o Fernando e disse: “Estamos perdidos, vão ser 70 Km de remo”. Foi um baque para todos, mas a resposta do Fernando foi a seguinte: “Beleza! Agora vai ficar mais fácil para a gente”. E óbvio que isso não era verdade, mas a confiança e a experiência do mais velho da equipe, dizia que naquela hora o dever era tranqüilizar nossa caçulinha.
Já na apresentação das equipes, checagem de material e oficina de técnicas verticais, constatamos que a organização da prova ia dar um show. O briefing foi memorável, nós que somos da Terra, ficamos emocionado com a apresentação do grupo de teatro regional, imaginem nossos amigos do Sul e Sudeste do País!? O vídeo de animação do percurso da prova rancou lágrimas de muitos atletas, enquanto outros já não viam hora da largada.
E foi exatamente ás 06:50 de sábado, dia 10 de março que começou as Pelejas de Ojuara, só que agora fora da ficção. O PC 1 foi vencido quase que simultaneamente pelas equipes, um igrejinha no alto de uma cota que só de chegar até ela, já é uma penitência para qualquer devoto.
Atingindo o PC 2, Fábio, nosso grande navegador começou a dar seu show de navegação, e já entre as primeiras equipes e com muitas mutucas a nos acompanhar, a Tapuia surpreendeu a todos que acompanhavam a prova, ao atingir o PC 6 na primeira colocação. Começou então a luta entre Davi e Golias. Atingimos o PC 7, um dos rapeis mais lindos já visto na corrida de aventura dentro e fora do Brasil, junto com as experientes e renomadas equipes Mitsubish Quasar Lontra e Motorola SOS Mata Atlântica, 1ª e 2ª equipes do RBCA, respectivamente.
Entre os PC 8 e 10, dividimos a liderança com a equipe Motorola SOS Mata Atlântica, alternando o prazer de estar junto e sugar um pouco da experiência dos integrantes dessa excepcional equipe, começamos a ver que nossas pretensões estavam por se concretizar, apesar das pedras que nessa hora castigavam as solas dos nossos pés.
Chegamos no PC 10, AT que dava início ao trecho mais difícil da prova, os 70 Km de remo, as três equipes que estavam nas primeiras colocações exatamente juntas.
Refeição quente, moral elevada e VAMOS PARA MORTE, esse é o grito de guerra da Tapuia. Foram quatorze horas ininterruptas de remo. Estávamos em segundo lugar, quando ao pegar um braço de rio errado perdemos cerca de 40 minutos. Ultrapassados pela Mitsubish Quasar Lontra, demos início a uma reação espetacular, chegando no PC 12, final do remo, Graças a Deus, juntos dessa fantástica equipe.
Nesse PC tínhamos também o segundo ponto de corte, que era as 11:50 de domingo e ali chegamos por volta de12:30. Ronaldo Bueno, o organizador da prova, reuniu os dois capitães das equipes e abriu o PC para que continuássemos a prova ou fossemos para o PC 19 e Chegada uma vez que o segundo lugar da prova estava semi garantido para nós.
Depois de uma rápida conversa, a equipe Tapuia decidiu se contentar com o segundo lugar, pois devido ao grande esforço da equipe no remo para chegar antes do corte, nós estávamos bastantes desgastados.
Os últimos 40Km de bike, foi igualmente duro. Assaduras e as solas dos pés bastantes doloridas judiou um pouco mais de nossa equipe, que nessa hora já ignorava qualquer dor, pois a única coisa que tínhamos em mente era cruzar a linha de chegada e coroar com um excepcional resultado, um sonho que nossa equipe vislumbrou, construiu e concretizou.
Ultrapassar o portal da Tryon, já na cidade de Macau, debaixo de uma calorosa salva de palmas do povo local e de muitos amigos da Tapuia que sofreram e torceram por nós durante cerca de 32 horas de prova foi o maior prêmio que podíamos conquistar.
Dividir o podium, com as equipe supra citadas, mais a equipe Papavenenturas-RS, 3ª colocada da Final, foi uma das coisas mais chocantes disso tudo.
Aprendemos demais nesta prova, corremos de igual para igual com equipes mais experientes que a nossa, levamos o nome do nosso querido Estado do Rio Grande do Norte no cenário das Corridas de Aventura do Brasil e tiramos a equipe TAPUIA do anonimato.
Nossas pretensões não acabam por aí. Queremos participar de provas que pontuem para o RBCA. Força de vontade a equipe tem de sobra, só contamos agora é com um patrocínio nos ajude a materializar essas conquistas.
Finalizando, não podemos nos furtar de parabenizar e agradecer a Adventuremania pela melhor prova das quais já participamos. Belezas naturais, qualidade do mapa, organização em geral; pode mostrar para todo o Brasil que o RN tem competência para sediar uma prova dessa magnitude.
Fernando Fregni
Tapuias Platinum
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