Relato da Body Imports (PR) no Try On Adventure Meeting

Por Karina Bruning - 29 Mar 2007 - 09h13

O sonho começou após ganharmos a penúltima Etapa do Circuito Paranaense que decidiu a equipe que iria para final, aquela alegria. Assim colocamos na cabeça que iríamos treinar para terminar bem, de maneira algum deixar de atravessar aquele Pórtico do Meeting. Treinamos da maneira que deu, conciliando trabalho, filhos, casa e família, como todo atleta que não vive do esporte.

Malas prontas lá vamos nós, conversamos e vimos que se por uma benção conseguíssemos ganhar iríamos realizar nosso sonho: correr o Ecomotion com nossa própria equipe, mas caso contrário seguiríamos firmes até o fim.

Fomos a primeira equipe fazer a checagem de equipamento e fazer as técnicas verticais, ali já senti aquele medo do Rapel, ui,ui,ui, 150 metros, ninguém me falou que seria alto assim,risos, Mas tudo bem, depois que vi que poderíamos descer amarrados, fiquei mais tranqüila, mas alertei: cuidem de mim!!!!

Na Sexta Feira foi àquela emoção o brifieng, quando mostraram todas as distâncias e modalidades, o tanto que teria de remo, a mão já começa suar, sempre assim, enquanto não larga a ansiedade não passa.Todos em direção á Florânia onde foi á Largada, parada para uma pizza, ali encontramos o pessoal da equipe Xerpa, chegamos pela madrugada na cidade, nossa... a cidade estava nos esperando, eram umas 3 horas e todo mundo acordado, logo arrumamos uma casa para fazermos nossas mochilas e ajeitar todo mapa, dormir nem pensar, deu para erguer as pernas e relaxar uns minutos, com isso as equipes já estavam perdendo uma noite de sono, sem contar o aperto em 6 dentro daquela camionete(risos), tivemos que nos desdobrar antes de descer.

Acho que eram umas 7 horas da manhã, bandeira do seu Estado nas mãos : um, dois, três, quatro.........huruuuuuuuuu peguei minha gaita e toquei, agora é a hora de correr, nossa equipe sempre usa a estratégia de não largar se quebrando, pois eu tenho uma distensão nas coxas, que geralmente incomoda no inicio e principalmente nas descidas, PC 1- bandeira no lugar, agora foi aquela quebradeira descendo até o início da trilha para o PC 2, dali avistava aquelas cabeças lá em baixo, e eu não podia forçar , meus companheiros diziam:vai na sua Karina, e assim fomos até pular uma cerca.

Foi ali que conseguimos pegar várias posições, pois poucas equipes acharam o PC 2 de inicio, após um canyonyn muito legal chegamos no PC 2 embolados com mais 4 equipes, mas assinamos em Segundo, lembro-me do rapaz do PC tentando organizar a fila.

Agora em direção ao PC 3 o calor começou á pegar, mais seguimos em um ritmo confortável para nós e sempre bebendo e comendo, após uma longa subida com a equipe Xerpa, pegamos a tal informação errada para a descida da Serra para o PC 3, a mulher gritou:” no pé de manga é a direita”, ninguém discordou,risos. Lá fomos nós descemos muito, gerou uma dúvida, mas subir tudo novamente nem pensar, para básica para o banheiro”, seguimos já escutando vozes de várias equipes, de repente, num enorme descampado olho para trás e vejo várias equipes, nosso navegador diz:”tamo muito errado”, ui,ui,ui,ui, dá até medo quando escuto isso, começou aquela bagunça, cada equipe para um lado, varando lagoa, varando mato e até nós que fomos direto varar o asfalto, foi ali que nos ajudou, agimos rápido, a corrida no asfalto foi uma maravilha, acho que a sensação térmica tava uns 50 graus,risos. Cruzamos o PC 4 antes de pegar o 3, como nenhuma equipe ainda havia passado, foi aquela alegria do pessoal da cidade, peguei minha gaita e comecei á tocar, nossa deu um ânimo novamente na equipe, mas passamos direto para buscar o PC 3, retornando do PC 3 já cruzamos com várias equipes, mas ainda assinamos o PC 4 em Segundo lugar, foi mais uma alegria, fizemos uma transição rápida, trocamos os calçados , pegamos comida e pedalamos.

Agora em busca do PC 5, logo no inicio demos uma errada mas logo retornamos, na nossa frente estava a equipe Mãos de Pedra/RJ, pensamos.......vamos tentar encostar nos caras, mas como o horário não estava muito propício para apertar o ritmo, resolvemos seguir firmes mas sem forçar demais, eram umas 14 horas mais ou menos, aquele trecho foi sobe e desce até encostarmos na outra equipe, logo á frente fomos para um lado e eles para outro, HURUUUUUUUUUUUUUU PC 5 em primeiro, ali seria nosso único PC em primeiro, mas valeu á emoção, recebemos água geladinha, aquela loucura, minha sapatilha estava detonada, pedalava com os dedos para fora, o sonho de ganhar tava ficando mais próximo, mas a corrida não estava nem na metade.

PC 6, para chegar neste PC não estava muito difícil, acho que foi por isso que erramos(risos), quase nele lembro-me de estar ao lado da Montanha Linda do Rapel, passamos direto e fizemos á volta pelo asfalto, mas tudo bem, falei para eles não vamos desanimar não, chegamos embolados com as três equipes que por fim foram as campeãs da corrida, ali pegamos todo equipamento de Rapel, natação e comida, senti um ar de tristeza neles, mas continuei á dizer, vamos que tem muito ainda.

PC 7 – logo no começo da subida para o Rapel encontramos o fotógrafo da organização, que nos acompanhou até o PC, mas como ele não sabia nem nós, coitado se empenhou junto, demos umas erradinhas, mas chegamos,avistávamos de longe uma equipe perdida do lado contrário, gritamos para que eles nos vissem e assim pudessem se achar, nossa que visual, que lugar mais lindo, o fotógrafo conseguiu até fazer um book nosso de tantas fotos(risos), colocamos o equipamento para fazer a bela descida, nunca havia feito um rapel tão longo, além do mais com pé de pato e colete pendurado na mochila, chegamos em baixo já noite.

PC 8- agora estávamos em Quinto Lugar, mau sabíamos que as posições já estavam ali definidas, logo no inicio da estrada encontramos a PapaVenturas/RS a equipe que ficou em Quarto Lugar, nossa pegamos muita informação por ali enquanto tinha casa, depois que entramos no mato e naqueles alagados foi um suplicio só, os nossos pés estavam com aquelas rachaduras pela umidade, e isso dói muito, mas nada que pudesse nos abalar, em momento após andar uma hora e meia mais ou menos pegamos uma informação com dois homens da região, dali á PapaVenturas seguiu para um lado e nós para outro, antes tivéssemos seguido com eles,risos. Achamos uma casinha onde saiu um Senhor de shortinhos que nos ajudou muito dando as coordenadas onde passava a rede elétrica que havia marcada no mapa, mas perdidos novamente, escutamos uma voz:”o que vocês querem aí”puts, pensei comigo, o cara acha que estamos roubando nas terras dele, mas logo vejo aquele shortinho azul e uma havaina nos pés, dizendo”ocês não tem jeito mesmo, sabia que iam se perder, vo acompanha ocês um pedaço”, e assim foi, aquele barulho de chinelo escorregando nos pés molhados e o Sr. seguia puxando nossa equipe, até que ficou mais fundo á água, e o Rodrigo disse para ele ficar e nós fomos sozinhos, ele levou uma barrinha de cereal que dei para ele como agradecimento, mas você acham o que, nos perdemos novamente, mas agora avistávamos a rede elétrica, fomos varando mato, até que os meninos subiram no poste, mas cada um tinha uma tese de onde poderíamos estar, o meu irmão navegador já estava com pés muito doloridos, eu e Felipe resolvemos seguir um trecho para buscar mais visual, em um instante me separei do Felipe e desci mais e mais, foi quando avistei dois ducks muito distantes, mas com back lights ligados, ufaaaaaaaaa, corri achar o Felipe e chamar o pessoal, por incrível que pareça, estávamos muito próximos do PC sem saber, que alivio, colocamos as coisas nos sacos e atravessamos para o PC 9.

PC 10 chegando para pegar o Duck nossa posição se mantinha , foi uma alegria em saber que após de três horas perdidos ainda estávamos na posição, foi aí que gerou algumas brigas na equipe e apoio, não sei direito se briguei por causa do meu irmão estar sentado no duck desanimado por que erramos ou por meu outro irmão do apoio não ter feito macarrão para comer , enfim perdemos um tempinho ali até trocarmos de blusa e comermos.Entramos na represa ainda noite, após um pedaço de remo, já fizemos um portage, e seguimos remamos, foram quase 3 horas e meia até chegarmos na barragem, era aquela briga para manter a equipe acordada, duck na cabeça e fomos até o AT e PC 10, ali não demoramos muito, já eram quase 7 horas da manhã, e a PapaVenturas/RG estava uma hora na nossa frente, a alegria aumentou.

PC 11 já sabíamos que seria impossível não pegar o corte, e que a equipe da frente estava na mesma situação, sendo assim, vamos remar forte, pois até agora não usamos os braços quase nada, tentamos buscar os adversários amigos, paramos umas duas vezes para refrescar e uma vez para comer após amarrar o Duck em uma árvore com extensor , cuidamos com os arames que haviam pelo caminho, e não desanimamos, faltando pouco para o PC após 7 horas remando, começou aquela chuva, mais muita chuva, foi bom para refrescar, mais uma hora e meia chegamos no final deste remo mais longo que já fiz, mas posso dizer que nos superamos, nossa equipe remou muito bem, diminuímos o tempo pata 30 minutos da equipe da frente.

PC 19 pegamos o corte, catamos comidas, bebidas e sentamos nas bikes como se a corrida estivesse iniciando naquele instante, eram umas 16:30hrs e “sebo nas canelas”, eu só perguntei para meu irmão se tinha muita subida, quando ele disse que não, eu falei:então tomei gel, não vamos quebrar que a gente consegue, após uns 30 minutos pedalando furou o pneu da bike do Felipe, bem no meio daquelas Salinas cheias de mutucas, nunca tinha visto trocar pneu pulando, foi muito engraçado, ficamos um bom tempo de um lado para outro até resolvermos pedir informação, Graças á Deus pensei comigo, achamos o tal PC 19, huruuuuuuuuuuuuu, amém.Ali vimos que só havia passado os Tapuias e a PapaVentura, pois as duas primeiras equipes não haviam pegado o corte.

PC 20 agora faltavam somente 24 km para atravessarmos nossas bikes em barcos para o outro lado e assim pegarmos nossa bandeira e irmos de treking até o centro da cidade de Macau, para chegar neste PC não foi muito difícil o Senhor da Brasília Branca ensinou direitinho, depois mais umas informações logo á frente e tudo bem(risos), galetooooooooo, nossa eu não tinha mais pernas que velocidade, final de prova sabe como é que é né, só a capa”, mas sem desânimo, pelo contrário só alegria, ambulância e Policia com sirenes ligadas nos escoltando até o Pórtico no centro de Macau/RN, olhe gente..........esta emoção não conseguirei descrever em palavras, peguei minha gaita e comecei á tocar, pedalava e tocava, ria e pedalava, gritava , sorria e pedalava, enfim chegamos naquela emoção em Quinto Lugar após umas 37 horas de prova, descemos das bikes e atravessamos o Pórtico com a nossa cambalhota oficial!!!!!!!!!!!!!
Foi uma corrida maravilhosa, passou por lugares lindos.

Agradeço á Deus por ter nos guiado e nos iluminado por todos os caminhos, e se assim foi o resultado foi porque assim o Senhor quis, agradeço a todos os meus amigos que emprestaram equipamentos e treinaram junto conosco, ao nosso apoio Paulinho(meu irmão mais novo) e ao Fabiano motorista de RN que foram essenciais para que conseguíssemos chegar onde chegamos, aos meus companheiros de equipe Felipe(meu namorado), Carlos(navegador- meu irmão) e ao Rodrigo(meu amigo) que foram guerreiros o tempo todo e me aturaram como sempre e pela nossa união!

Agora um agradecimento em especial a Fabrica da Itambé Cimentos que nos possibilitou correr, nos pagando um carro de apoio com motorista, e a Associação Comercial de São José dos Pinhais/ PR que pagou a passagem do nosso apoio.

 

Karina Bruning
Por Karina Bruning
29 Mar 2007 - 09h13 | nordeste |
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