Uma prova tão esperada; e uma aventura inesperada.
Ânimos à flor da pele e às 19hs da quarta feira estávamos todos na raia da USP, ponto de encontro da saída do ônibus com destino final à Chapada dos Veadeiros. Algumas equipes já inteiras presentes, outras iam chegando e descarregando toda tralha; bikes, caixas e malas.
Trópicos, Apoena, Guaranis I e II, Selva, Pata da cobra, Togumi com sua máquina e seu incansável bom humor, Djalma. Estávamos em família! A previsão de saída do ônibus era 21hs, e com um pouco de sorte logo estaríamos embalados à nossa sina.
Sorte. Acho que deixamos em casa.
O ônibus ficou com as luzes ligadas fazendo o check-in de todas as equipes e ficou sem bateria e nós tivemos que esperar a companhia mandar outra. Depois de um lanchinho e muita espera, finalmente tomamos nosso rumo.
Foi uma viagem cheia de paradas. Paradas para pegar a Metrilhas e equipe médica no meio do trajeto, para troca de motoristas, para almoço e para lavar o ônibus!!! Pois é, em Brasília fizemos uma parada surreal, para lavagem do ônibus. Eles tiraram todos do ônibus e falaram que poderíamos esperar na sala vip. Sala vip – um contêiner cheio de cadeiras parecido com um ônibus de linha debaixo daquele sol, uma estufa que fez com que todos ficassem aguardando na sarjeta.
Resumindo as 20 horas que demoramos para chegar; foram com direito à filmes infames, brincadeiras de roda lideradas pelo Togumi II, agitos e provocações da dona Rose, muitos salgadinhos, uma palhinha de um filme pornô, é né Togumi quem te viu e quem te vê, com essa cara de santo...
Apesar de cansados, com humor inabalado e excitados com o que estava por vir!
...
A volta
“Trocamos de ônibus, esse está novinho não teremos os mesmos problemas que tivemos na vinda” – foram as primeiras palavras do motorista que traria a gente de volta da Chapada.
A saída do ônibus estava marcada para as 22hs do sábado, mas com atrasos de prova e de atletas saímos de lá às duas da manhã. Todos absolutamente chapados... Literalmente.
Uma parada logo cedo para o café da manhã, nossa! Estava tão cansada que nem desci do ônibus. A gente tinha combinado com o motorista que faríamos paradas rápidas, afinal estavam todos ansiosos para voltar para casa.
Por volta das 16h da tarde, perto de Ribeirão Preto, o ônibus deu problema e começou a vazar diesel e logo estávamos no acostamento.
Um ônibus encostou e a Rose, que mora em Ribeirão Preto e estava a poucos quilômetros de casa, embarcou.
O motorista tratou rapidinho de ligar para Itapemirim para pedir que solucionassem o problema.
Ficaram de retornar a ligação e duas horas depois ainda esperávamos no meio da estrada. Começaram a parar mais ônibus amarelos para ver se precisávamos de ajuda. Com alguns lugares vagos, logo foram despachados os atletlas que tinham mais urgência em voltar; as prioridades foram definidas. Djalma já se tornou líder do grupo e coordenava atletas e bagagens.
O grupo, agora menor ainda aguardava no acostamento. As piadas ainda eram as brincadeiras, com direito a um descascador de cana oficial; o Xiquito dava dicas sábias da arte de chupar cana.
Sentados no guard rail ficamos esperando o pôr do sol e o resgate que estava por vir.
Quando alguns mais inquietos resolveram ligar para a Itapemirim para que tomassem uma providência, foram muito mal tratados.
Mandaram um ônibus de Uberaba, e depois de mais de cinco horas esperando no acostamento tivemos o desprazer de entrar num ônibus de qualidade inferior, sem ar condicionado e que ao sair já dava sinais de que algo em seu eixo ou rolamento já não estava lá essas coisas.
Uns 80 quilômetros depois o pneu furou, o barulho de fora do ônibus era bizarro, e o de dentro eram apenas gargalhadas desacreditadas do que estava acontecendo; o famoso “rir para não chorar.”
A rebeldia já se instalara nos últimos sobreviventes. Alguns queriam pôr fogo no ônibus, outros queriam linchar o motorista, o mais esperto ligou para a mulher e pediu resgate caseiro.
O motorista, que também não estava nem um pouco satisfeito com a situação, tentou ainda por uns bons metros conduzir o bumba naquele estado mesmo, em vão, o barulho se agravava e a situação era cada vez pior.
O Rafa ligou para a concessionária da estrada e pediu socorro, e em menos de meia hora o resgate estava lá e ajudou a trocar o pneu do ônibus para que a gente pudesse chegar pelo menos até o próximo posto.
E mais uma vez a Itapemiriim, uma empresa que deveria ter o maior respeito pelos seus clientes, nos deixou na mão. A solução dessa vez foi mandarem arrumar o outro ônibus que a gente havia abandonado para que esse pudesse vir quatro horas mais tarde resgatar a gente.
Duas da manhã, depois de trocar nossas tralhas de bagageiro pela segunda vez, viemos embora para São Paulo... chegamos na USP às 6.30hs da manhã de segunda feira, após 30 horas da parte dois da nossa aventura.
E como disse o Xiquito; daqui uns anos, quem é que vai lembrar, que o Selva chegou em terceiro na prova, do calor que judiou dos atletas, ou do remo (para quem remou) que foi lindo! Nossa aventura foi mesmo é outra!