Relato da equipe TryOn Tapuia sobre sua participação no Desafio CPCA

Por Redação - 07 Nov 2007 - 10h24
A aventura sempre começa no momento em que você sai de casa. Esta prova começou às 6 da manhã, quando todos os componentes finalmente haviam embarcado no "Tapuia Móvel" para viajar para o local do briefing (150km), na Serra de São Bento. Logo no caminho encontramos com nossos parceiros ecológicos, Carbono Zero, que tinham tido problemas em seu "Carbono Móvel". Parece que o carro desidratou. Também o calor daquela região viu! Então foi um monta, desmonta, mexe, vira e aperta para levarmos um pedaço dos companheiros e o outro pedaço ficou tentando resolver a situação. Dada esta situação e algumas outras de caráter logístico de equipes, tanto o briefing quanto a largada foram alterados para algumas horas mais tarde. Para esta prova, a equipe Tapuia investiu em uma formação ousada. Competiríamos com as 2 mulheres da equipe e os dois capitães navegadores. O esquema então deveria ser bem pensado pois esta era uma formação totalmente nova para o grupo. O ritmo de largada deveria ser dosado para respeitar o desempenho feminino e a força dos dois navegadores juntos fora providencial para uma navegação afiada e ágil. Neste ponto todos os componentes se surpreenderam. As mulheres deram um show de agilidade, cooperação, resistência e raça. E os homens, muita força e muita precisão. Primeiro dia A largada foi dada às 03 horas da tarde da sexta-feira (dia de finados), 02 de novembro de 2007, na entrada da cidade de São Bento. Nós partimos, como havia sido combinado, em ritmo lento e constante, embora isso resultasse na perda de algum tempinho a mais de claridade. O importante é respeitar o ritmo do grupo. A primeira perna de trekking já mostrou do que a prova se tratava. Ou estávamos subindo ou descendo. Acho que até os poucos açudes da região eram inclinados! Pegamos as bikes ao anoitecer e foi quando enfrentamos o trecho mais difícil de deslocamento. Era uma trilha single de pedras, onde muitas equipes se amontoaram num passinho amarrado que começava a preocupar os grupos com o horário do primeiro ponto de corte (às 13h no PC19). Ainda antes de alcançar o PC seguinte, com pouco mais de 5h de prova, nós resolvemos parar, sentar e comer. Isso para se afastar um pouco do pelotão de umas 7 equipes que estava amontoado e evitar ser influenciado por ritmo ou estratégia alheia. Alimentados e sozinhos, atacamos o PC seguinte, o qual para nossa surpresa, batemos em 3º. A noite estava apenas começando. Logo tivemos de deixar as bikes no AT da cidade de Japi, em um vale, para uma alça de trekking por cima das Serras, que tomou o resto da noite. Retornamos ao AT das bikes já ao amanhecer. Tomamos um café rápido na porta de um loval e partimos buscando um ritmo agora um pouco mais forte, de acordo com o potencial do grupo. Segundo dia Chegamos à segunda alça de trekking (ponto de corte) por volta das 10 da manhã. Era hora de descer da bike novamente e subir mais um monte, no Monte das Gameleras, de trekking, só que desta vez sob sol a pino, o que sabíamos ser o trecho mais cauteloso da prova, pois qualquer baixa que tivéssemos poderia comprometer o resto da prova, e não queríamos pegar outro dia de sol. Neste trecho alguns atletas da equipe sentiram os primeiros sintomas de uma desidratação e a atleta Gilmara, que havia partido para o trekking com meias molhadas, sentia seus pés “cozindo” na pedra, no que mais tarde viria a ser queimaduras de 1º e 2º graus. O grupo então, tentando ser cauteloso ao descer do cruzeiro, parou em uma casa e pediu comida. A moradora, Dona Ana, preparou com muito carinho um feijão c/ arroz, macarrão e “Quitute”, que dizia ser tudo o que tinha para oferecer e que foi tão providencial para nós ali, naquele momento de fome e calor. Logo após o almoço ainda nos demos o luxo de cochilar por 5 minutos no chão fresco de sua sala. Mas antes mesmo que o sol esfriasse estávamos partindo para o que chamávamos: a segunda metade da prova. Já voltando ao alcance das bicicletas, os pés da atleta Gilmara começavam a preocupar. O consolo que tínhamos é que teríamos um bom descanso sobre duas rodas até chegar aos trechos finais das modalidades “pé no chão” da prova. Mas o que era consolo pra uns, podia ser sacrifício pra outros. Os trechos de bikes sacrificavam bastante a atleta Mara que neste ponto da prova superava seus problemas com assaduras sérias. Acho que o pensamento do grupo era igual: “A gente sabia que ia doer... Mas a gente sabe que consegue cumprir a missão”. Chegamos à Pedra da Boca, PC26 - Casa de Seu Tico, antes das 19 horas. Ali tivemos a noticia de que a segunda colocada estaria há 1h de diferença, o que transformou uma transição tranqüila em uma retomada de estratégia de pressa e agilidade, nos lembrando que a prova ainda não estava concluída. Na verdade, ainda faltava um bocado. Neste ritmo acelerado fizemos o trecho de cavernas, a travessia e o retorno à Seu Tico, onde chegamos e partimos focados em terminar a prova antes do dia amanhecer, mal dando tempo de perceber que a informação anterior fora um trote e que a segunda equipe ainda não havia aportado no AT. Esta perna final de bike era curta, apesar de subir e descer o tempo todo (como em todos os trechos da prova) e logo estávamos na Fazenda de São Bento, vestindo os tênis pela última vez (notícia boa para Gilmara) para fazer a pista de orientação de 5km e rapel que praticamente despediam a prova como um presente. A precisão e agilidade dos dois capitães e navegadores fazia com que a força e resistência das duas mulheres tivesse que agir para alcançá-los, porque mesmo sobre a missão de navegar e fazer “homem ponto”, os mesmo progrediam tão rápido quanto nós correndo sobre calos e assaduras. Terceiro dia Em aproximadamente 3 horas concluímos este belíssimo percurso por entre as gigantescas pedras de São Bento, já com a certeza de que a missão seria cumprida. Nesta hora não importava mais esforço, dor, stress, fome, sede, calor, medo, cólica ou qualquer intempérie, estávamos sobre as bikes, na “banguela”, chegando de volta à Praça das Crianças, às 4 horas da manhã de domingo, para cruzar o pórtico de chegada com um grande orgulho de termos administrado o maior desafio da Tapuia este ano: correr com as duas mulheres, superando o maior desafio do Rio Grande do Norte. O DESAFIO CPCA! Para os homens: precisão e agilidade; Para as mulheres: força e companheirismo; Para a equipe: raça! VAMOS PRA A MORTE! TRYON!!! TAPUIA! TAPUIA! TAPUIA! TAPUIA!!!
Redação
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07 Nov 2007 - 10h24 | nordeste |
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