Desde o ano passado, quando foi realizado o Ecomotion Pro dentro do Parque Nacional de Itatiaia, os montanhistas passaram a atacar as corridas de aventura com muita mais força. O esporte já não era bem visto entre os montanhistas e a partir do momento em que os atletas conseguiram passar por trilhas que estavam fechadas até mesmo para eles no ano passado e a passagem pelo Parque Nacional da Serra do Órgão e Parque Estadual dos Três Picos neste ano, o assunto passou a ser pauta em sites especializados em meio ambiente e lista de discussões, com destaque para a FEMERJ e FEMESP.
Leia abaixo a carta aberta da Associação de Corrida de Aventura do Rio de Janeiro a respeito das acusações feitas pelos montanhistas no site O Eco. Veja link aqui e aqui.
CARTA ABERTA SOBRE AS DISCUSSÕES EM TORNO DA REALIZAÇÃO DE CORRIDAS DE AVENTURA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Tendo em vista as discussões que vieram à tona com a realização das duas últimas edições do Ecomotion Pró no Rio de Janeiro, a Associação de Corridas de Aventura do Estado do Rio de Janeiro, ACAERJ, tem algumas considerações a fazer.
A mais importante delas é que o episódio seja produtivo para o que parece ser o objetivo comum entre as partes envolvidas – corredores de aventura, montanhistas, defensores do meio-ambiente e autoridades ligadas à defesa da natureza como um todo –, o respeito ao meio-ambiente. Porém, ao longo desse pouco mais de mês em que o assunto tem sido pauta em fóruns de discussão, sites especializados e reuniões entre as partes, pouco se avançou nesse sentido.
O que tem sido visto e acompanhado com atenção é uma discussão em torno de questões que não parecem ser o ponto principal de preocupação de todos os envolvidos, como que grupo tem mais legitimidade frente às áreas verdes do nosso estado, qual está há mais tempo atuando em defesa do meio-ambiente, dentre outros assuntos que não parecem, aos olhos da ACAERJ, terem sido a pauta principal da discussão. A questão principal – impacto ambiental causado pelo esporte corrida de aventura – há muito deixou de ser o tema central dos debates. É por isso que a ACAERJ gostaria que todos os envolvidos se perguntassem qual realmente é o problema; deixassem a paixão de lado e focassem a discussão no que realmente é o “X” da questão para que seja encontrado um denominador comum que esteja de acordo com o que todos desejam.
Conforme foi dito pelo presidente da Fundação Instituto Estadual de Florestas (IEF), André Ilha, em matéria publicada no site O Eco em 30/10/2007, “...o impacto ambiental de um evento como esse (corrida de aventura) não é muito diferente de um dia com visitação intensa...”. A posição do presidente do IEF é a mesma de Walter Behr, chefe do Parque Nacional de Itatiaia, que, na mesma matéria, declarou que “...o impacto da passagem da competição (Ecomotion 2006) pelo parque realmente causou transtorno ambiental menor do que aqueles dias de visitação na alta temporada...”. Ainda segundo o presidente do IEF, a questão que permeou a autorização ou não da passagem do evento por Unidades de Conservação não foi o impacto em si, mas sim o fato de que “...se autorizarmos a entrada de um, temos que autorizar a entrada de todos os outros. E isso sim pode ser bastante nocivo para o meio-ambiente”.
Tendo em vista todo o exposto acima, o que quer a ACAERJ?
A Associação de Corridas de Aventura do Estado do Rio de Janeiro quer que sejam criados parâmetros para a passagem de provas por Unidades de Conservação do estado, uma vez que é de conhecimento de autoridades sérias e de conduta inquestionável no quesito conservação ambiental – como o IEF – que o maior problema é a criação de um precedente, e não o impacto ambiental em si. A ACAERJ quer que sejam estudadas regras para passagem de competições por Unidades de Conservação, que respeitem o plano de manejo de cada uma delas, da mesma forma que há regras para dias de visitação intensa.
Corrida de aventura é um esporte relativamente novo no país e há apenas dois anos começaram a surgir associações e federações para representá-la. A ACAERJ foi criada este ano tendo como objetivo principal a adoção de uma conduta ética na prática do esporte, principalmente no que tange o meio-ambiente. Por isso, não é correto que simplesmente seja proibida a passagem de competições por Unidades de Conservação sem que antes haja uma conversa franca, objetiva e racional sobre quais são os verdadeiros problemas e de que forma a questão pode ser resolvida.
Por mais que haja pontos divergentes entre as partes envolvidas nas discussões – principalmente os esportistas – não podemos discordar que pelo menos uma coisa todos têm em comum: sem a preservação da natureza não há esporte. A ACAERJ têm essa consciência e firma publicamente o compromisso de trabalhar para que a conduta ética na prática do esporte no que tange o meio-ambiente seja uma bandeira permanente no trato com os atletas. E se é de conhecimento público que o problema principal não é o impacto ambiental, vamos tratar do que realmente interessa: regras claras que resolvam de uma vez a questão e façam com que haja respeito entre as partes.
Diretoria da ACAERJ
* João Bandeira, presidente; Philipe Campello, vice-presidente; Miro Mendonça, diretor administrativo; André Sá, diretor financeiro; Cecília Seabra, diretora de comunicação; José Luiz Marins, primeiro secretário; André Medeiros, segundo secretário.
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