Como sempre, na véspera da viagem ainda faltavam lanternas, ferramentas, câmeras... mas, é isso mesmo! Os salvadores apareceram e os agradecemos: Navarro, Mateus e cia. Valeu!
Vamos nessa!
Desta vez equipe com uma nova formação (na verdade em quase todas as provas este ano corremos com formações diferentes). Eu (o narrador desta Odisséia, Pedro), minha nega linda Sana, Alan e Clovis (Extreme).
Aeroporto de Recife e toca para Tamandaré. Cana, cana, cana, muito canavial pela estrada que seguíamos. Fiquei pensando em como a Zona da Mata tinha sido destruída e virou a Zona da Cana. Mais uma prova em canavial...
Chegamos na pequena e gostosa Tamandaré. Rever os amigos das outras equipes, colocar a prosa em dia, dar risada.
Briefing e como sempre as apresentações e toda aquela conversa que só me deixa mais ansioso para receber o mapa e partir. Naquela hora não me importa quem foi o Almirante Tamandaré, quem são as equipes que vão correr... quero o mapa! Logo!
Pronto, mapa na mão!
Pensando nas estratégias, roteiros, dividindo a quantidade de comida por trecho, os equipamentos necessários, plotagem, calculando as distâncias e... 1 da manhã!! Vamos dormir galera!!!
Pré largada
Equipamentos reunidos, no local da largada e estratégia montada. A largada atrasou um pouco devido à falta de jangadas no local (acho que os pescadores estavam de ressaca...) O vento estava muito forte e soprando contrário ao ponto que deveríamos alcançar (vento de proa).
Como nunca havíamos brincado de jangada, resolvemos enviar um emissário ao local dos jangadeiros para se informar qual seria a melhor jangada, a mais rápida, o melhor jangadeiro e este tipo de informação. Vai Alan! Alan foi.
- Iaí? Tudo certo?
-Quase...
-Porque?
- Ah, o cara não disse muito não, falou que não se conheciam e que não sabia informar qual era a melhor, mas, tô ligado qual eu vou pegar!!
- Beleza!!
Pronto, beleza! Vamos lascar!!! A largada seria a uns 100 mts de corrida até alcançarmos as jangadas na beirinha da praia. Vai Alan!! Lasca boneca!! Larga Alan sem peso a mil por hora e chega junto com um d’Oskaba. Escolhe a jangada e vamos nessa!!
Linda a nossa jangada: 2 bancos, toda pintadinha de azul, ótima flutuação... beleza!! Largamos bem mas quando fomos trocar a direção, o mastro soltou. Bora! Ajeita o mastro!
Beleza! Vamos nessa!! Mas a jangada não andava mesmo com a gente remando forte e constante (quem já viu o Clovis remar sabe o que estou falando). A toda hora o mastro soltava e perdíamos mais tempo ainda.
Alan queria que abaixássemos a vela e fossemos remando na direção do PC. Eu e o Clovis fomos contra e continuamos remando e velejando... Resultado: perda de tempo. Abaixamos a vela, remamos até o PC (que estava em mar aberto e deveria ser um PC submarino mas como o mar estava muito mexido, resolveram cortar o mergulho).
O enjôo começou a bater e vi uma cena chocante, com todo respeito: na jangada da frente, um tripulante simplesmente arreia as calças e lança jatos de merda ao mar... (quem souber o autor da façanha morre...).
O mar não "tava" pra peixe não, ou melhor, não "tava" pra gente não... vamos nessa! Tá beleza! Vamos brocar.
Estávamos na última posição, passamos 2 equipes na remada de volta à praia e chegamos no PC 3 em 18º lugar, 1 hora atrás da Tapuias, Usbão e Oskaba. Caraca...
Vamos nessa! A prova só esta começando!! (Ao final da prova fiquei sabendo que o jangadeiro da Tapuias conduzia a jangada campeã das corridas locais e era justamente o cidadão que Alan conversou antes da largada...)
Precisávamos, para sermos campeões nordestinos, chegar na frente d’Usbão e da Tapuias e a briga tinha começado feia pra nós...
Dividimos a equipe em duas. Eu e Clovis de bike para fazer o trecho maior e com navegação e Alan e Sana direto para a embarcação nos esperar.
Bati cabeça logo no PC 04. Esperava uma entrada na mata uns 500 metros na minha frente e ela apareceu! Massa! Clovis chegou a passar direto por ela mas falei pra ele voltar. Mas, não era a certa. Rodei uma meia hora na companhia de Ângelo, Clovis e Veruska, e o Ângelo concluiu que não era ali mesmo. Vamos nessa! Voltamos, seguimos um pouco mais e a entrada certa apareceu! Beleza! Valeu Angelino!!! A entrada errada era de trator que retirava madeira da mata.
Sei que nesse meio tempo alcançamos a Usbão e chegamos juntos no próximo PC (toda prova é assim, que karma da porra! Nos encontramos a prova toda!! Acho que temos que misturar aí e corrermos uma prova juntos, convite feito alagoanos!! Vem pra cá correr uma etapa com a Gantuá!).
No pedal de volta a bike de Alan quebra o passador e a corrente fica travada na catraca maior (a mais leve) e não teve como consertar (e olha que levamos câmbio, gancheira, extrator...). Gira, gira e gira, empurra bike na areia da praia e PC.
Sana e Alan, agoniados, nos esperavam a 1 hora e não tivemos nem tempo de relaxar. Melhoramos a posição e acho que estávamos em oitavo, décimo, algo assim. No bolo do segundo pelotão.
Bike nas embarcações e rema, rema, rip, rô! rip, rô!!!! Clovis e Alan remando como motores e passamos mais algumas equipes.
Transição e checagem de equipamentos e montamos nas magrelas. Alan estava uma graça montado em sua bike com uma cestinha na frente, parecia uma Cecizinha!
Saímos pedalando bem, encontrando algumas equipes pela frente mas quando a noite caiu, o bicho pegou! Minha bike tinha uma lanterna que não parava de piscar e o head lamp que Clovis me emprestou não dava para iluminar nada além do ciclocomputador. Alan, sem farol, seguia com a head lamp. O ritmo caiu muito e as equipes embolaram.
Navegação simples mas com alguns leves erros, ritmo lento e as equipes sumiam na nossa frente e depois apareciam vindo de trás. O resultado é que chegamos quatro equipes emboladas no PC 11 e lá encontramos a terceira colocada, pagando a meia hora de dark zone. Tapuias e Oskaba já haviam saído a tempo mas, como só termina quando acaba...
Aproveitei para relaxar, comer e beber. Sana também. Alan e Clovis, hiperativos, não pararam.
Nesse meio tempo a Nós4 chega no PC. Fiquei muito amarradão! Massa galera! Parabéns! Léo quando viu a minha situação de iluminação me emprestou a lanterna dele. Valeu Léo!!! O sistema tava bruto mesmo!
Pedalamos embolados até o próximo PC. Transição para trekking mas, trekking com pântano, mangue, “é obrigatório levar o colete”, “ não se afastem da pessoa que está na sua frente”... êta lasqueira! Que nos espera?! Vamos nessa!!
Todos estavam super bem, Sana não nos deixava sem comer e beber e isso manteve a galera bem durante toda a prova.
Seguimos para o próximo PC mas não foi muito fácil não... o azimute que eu queria não aparecia, seguimos um pedaço com a Usbão, discutimos o que fazer juntos mas cada um foi para um lado. Estávamos andando forte, subindo um morrote e quando olhamos pra trás, cadê Sana??? Êta p...! Vimos uma luz numa trilha embaixo e conseguimos nos comunicar gritando. Ela voltou para pegar a trilha certa mas demorou. Gritávamos e nada. Ela gritava e nada! Nos encontramos com todos agoniados e seguimos adiante. Não sabia e não conseguia identificar onde nós estavamos no mapa. É ruim demais isso!
Segui no rumo que queria até encontrar um córrego e relaxar. Logo após o PC apareceu. Sergio estava lá para nos abençoar para o último trecho. “Cuidado, vocês vão afundar”. PQP! Não gosto de trechos de água e preferi buscar um caminho que contornasse o pântano ao invés de seguir por ele. E fomos, novamente por uma trilha aberta para pegar madeira na mata.
Seguimos muito e após um tempo na direção desejada, a trilha começa a mudar... segue para o Sul, Oeste, Norte! PQP!!! Eu quero LESTE! Quero ir para a praia!!! A agonia que só quem navega sabe o que é, bateu forte. O pior é que a equipe não tem noção nem dimensão do que está acontecendo e a última coisa que o navegador quer é dizer “- galera, tá errado, vamos voltar tudo até aquele lugar lá atras...”
Seguimos num trekking forte e após um longo tempo sentimos a brisa marinha, o cheiro da maresia, vamos nessa!! Não sabia em que ponto da praia chegaria, mas de onde fosse estaria legal.
hegamos no PC do remo. Beleza! Vamos nessa! Trekking pela praia e vamos atacar o PC 14. Seguimos num ritmo lento, de final de prova, e quando olhamos para trás, as lanternas!!! E várias!! Vamos nessa!! Nos dividimos para atacar o 14 e Alan achou. Estávamos em segundo!! Hã? E OSKABA? Perdidos. Beleza!! Vamos nessa!!
Mas, o Karma não nos abandona assim.. não, não! É preciso lutar para vencer seu Karma. Usbão na cola!!! Corre!! Etâ pega da p...!!! Corremos alguns quilômetros juntos.
A esta altura eu estava de havaianas. Tinha chutado um toco, furado o tornozelo e o tênis estava incomodando muito. Mas pernas pra que te quero. Sana, Alan, Clovis, todos correndo bem, porém pesados devido às mochilas. Usbão estavam mais leves e isso fez diferença. O pega estava massa! Corremos até chegar na periferia da cidade.
Tomar decisão na correria: fazer o mesmo caminho que eles e ver quem está mais forte ou tentar um caminho melhor e ganhar na navegação? Eles seguiram direto por um beco e eu resolvi correr na direção da praia e pegar algum caminho que nos levasse direto para a chegada. Beleza! Mas, que nada... O fim da rua era o fim da rua! E tivemos que correr por um coqueiral. Aí lascou-se! O ritmo caiu e não deu mais para a gente. A Osbão chegou uns 3 minutos na nossa frente. Lutaram muito até o fim e foram os melhores no Circuito Nordestino! Parabéns!!
Logo depois da nossa chegada, vem a Nós4, caraca, parabéns!!! Dedicação e comprometimento é a receita para chegar! Parabéns!
PARABÉNS aos Tapuias, os caras estão muito bem!! Brocaram as provas que correram. Tem um fã Bahia! Gil, beijão!!!
Gantuá terceira colocada no Circuito nordestino. Que venha 2008!!
Pernambuco tem 10 letras e nenhuma se repete, realmente um estado plural. A Odisséia foi uma prova disso. Dinâmica, muita transição de modalidades e de ambientes. Me senti numa aventura mesmo! Assino embaixo os comentários de Fernando.
Clovis – mermão, o cara é um monstro! Um perfeito parceiro para se correr. Muito tranqüilo, sempre disposto, boas idéias, muito forte. Valeu Clovis! Faz parte da equipe!
Alan- como sempre um touro, empolgado e sempre doido pra chegar na frente. Lasca!!!
Sana – Ativa, disposta e participativa. Muito bom vivenciar TUDO isso com você!
Agradecer aos que correram conosco neste CNA neste ano: Navarro, Narinho, Ângelo, Diana e Cacau. Com cada um deste tivemos muitos aprendizados e vivenciamos experiências inesquecíveis. Valeu galera!!! Vão pegar o troféu na mão de Clovis! É de vocês também!!
Agradecer especialmente à Curtlo e a Integralmédica, apoios fundamentais à nossa caminhada.
Agradecer a todos que nos apoiaram e torceram por nós.
Em dobro tudo o que nos desejam!!
“Os cães ladram e a caravana não pára”
Até a Paletada!!!
Pedro Martins
Gantuá