Relato da equipe Unimed Rio Ecolabore na corrida Xtremo 6000

Por Philipe Campello Costa Brondi da Silva - 11 Fev 2008 - 07h50

No final de 2007, após criar a Equipe Ecolabore, começamos a pensar em correr alguma prova internacional logo no começo do ano. Por um capricho do destino João (Bandeira) conheceu aqui no Rio, através do seu primo, o organizador de provas de aventura Daniel, responsável pelo Xtremo 6000. Como a logística de correr a Patagônia Expedition Race cada vez se distanciava mais, resolvemos apostar nessa prova. Infelizmente não conseguimos juntar os demais membros da equipe por questões profissionais e pessoais de cada um, porém não hesitamos em fazê-la, até por ser um ano de experiências e ajustes.

Depois de 24 horas de viagem chegamos (Mariana Bordallo e Philipe Campello) em Barreal, província de San Juan, já na Argentina. A cidade fica na base das Cordilheiras dos Andes, a apenas 200km do Aconcágua, a uma atitude de 1700 metros e com umidade baixíssima. No cheque de equipes uma surpresa: só havia três duplas, duas masculinas e nós, a única mista. Foi quando a organização indagou se todos gostariam de fazer o percurso completo, num total de 250 km, o que foi aprovado e aceito por todos. Enquanto conhecíamos as equipes ‘adversárias’, começamos a nos sentir no filme Jamaica abaixo de zero, pois uma boa parte dos atletas residia em locais de altas altitudes e/ou com temperaturas bem mais baixas em relação as Rio de Janeiro. Outra surpresa para o time carioca foi a quantidade de equipes masculinas (duplas e trios) presentes, e conseqüentemente a ausência das mulheres, totalizando apenas seis (6) em toda prova.

O mapa
Quando recebemos o mapa, logo percebemos dois problemas: a orientação era muito simples, isso quer dizer prova rápida, somadas a grandes altitudes, largando a 1700 metros e com pernadas de trekking chegando até 3600 metros. Mas os problemas seriam maiores ainda ...

A prova
Largamos em um lago seco (inacreditável!!!) próximo ao Parque Nacional El Leoncito. Por causa do vento a favor, percorremos os primeiros 10 km de prova com média de 38 km/h, mas depois veio o troco! Não havia asfalto na região e o piso era arenoso, com muito cascalho e por muitas vezes impedalável. Foram 40 km de muita força até o PPO onde a organização parava as duplas para perguntar se íamos seguir para os 250 km ou fazer 180 km. Todos seguiram mais 20 km até o primeiro AT a 2100 metros. Logo, iniciou-se um bate volta de trekking, de certa forma tranqüilo, pensamos! Tranqüilo até conhecermos o MAM, Mal de Atitude de Montanha. Dores de cabeça, sono, e náuseas, foram os sintomas que apareceram aos 3000 metros.

Naquele momento algumas equipes retornaram. O frio resolveu aparecer também, tornando nossa noite inesquecível, ou melhor, insuportável!!!. Armamos um bivac e esperamos duas horas até o sol chegar. Quando voltamos para a prova, a organização pediu para que todas as equipes que ainda estavam naquele trecho voltassem para dar inicio a pernada de bike. Algumas equipes começaram a desistir. Então pensamos, é hora de ter calma e fazer o resto do percurso com cabeça, para terminar a prova. Sabíamos que o corte era inevitável, então relaxamos o máximo na AT seguinte para fazer o último trecho de bike e cordas o mais rápido possível, porque o quanto antes chegássemos na AT do rafting, mais dormiríamos por causa do Dark Zone.

O último dia de competição foi para premiar um dos cenários mais bonitos que já corremos, um rafting em canoa canadense inflável pelos canions até a cidade de Barreal. Com capacidade para três pessoas, tivemos que recorrer ao Diego, nosso apoio, que desceu conosco e com sua experiência, nos ajudou a fazer uns dos melhores tempos da prova, naquele trecho, aproximadamente 3 horas. Após 41 horas e quarenta minutos de prova, cruzamos a chegada com uma vitória e uma certeza: às vezes o maior adversário é a nossa própria cabeça.

Dicas
Preparamos uma série de dicas para as equipes brasileiras que quiserem correr essa prova (Xtremo 6000) em 2009. Podemos adiantar, que será na mesma cidade (informações dos próprios organizadores). Devido ao câmbio, a viagem acaba saindo por um preço bem acessível.

  1. Como chegar: A cidade fica a uns 220km de San Juan. O melhor é alugar um carro ( 145 pesos dia). Existem locadoras ao lado do aeroporto, como a Rent a Car e também no centro. Caso seu vôo de volta seja pela manhã, que é o mais comum, passe a noite em San Juan, a estrada é muito sinuosa e há muitos deslizamentos. Lembre-se de pegar a estrada com o tanque cheio, não há postos de gasolina no caminho.
  1. Onde ficar: Há várias cabanas, campings e albergues. Tem preços que variam de 10 a 40 reais por pessoa com café da manhã.
  1. Apoio: No Hostal Barreal, você pode encontrar o Pablo, Diego e Sebastian. São guias locais e o Albergue também funciona como empresa de rafting. Os caras são de confiança e conhecem bem o terreno. O carro, gasolina, alimentação e apoio deles, sai aproximadamente por 200 dólares.
  1. Onde comer: O Restaurante Izidoro na rua principal é razoável e com um bom preço. A refeição custa em média, 20 reais por pessoa. O Posto YPF da cidade oferece pizzas e sanduíches por bons preços.
  1. Para a prova:
    . Usar pneus largos e um pouco vazio;
    . Treinar na canoa antes, pq/ é um pouco diferente do duck;
    . A temperatura caí muito a noite e sempre chove nessa época na região;
    . Use filtro solar e manteiga de cacau!!!!
Philipe Campello Costa Brondi da Silva
Por Philipe Campello Costa Brondi da Silva
11 Fev 2008 - 07h50 | geral |
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