Multisports 2008 - O triatlon das montanhas na ilha da Magia
Cruzar a ilha de Santa Catarina a pé, de bike ou num caiaque pode parecer doidera ou apenas tarefa para super atleta. Errado, uma missão possível para mim e outros 105 participantes do Multisports Brasil 2008, que aconteceu em Florianópolis, dia 02 de março.
A competição, na verdade, é um desafio para pessoas normais que gostam de praticar esporte e tem apelo pela aventura. Entre os atletas profissionais estava eu: um profissional-atleta. Novamente na missão dupla: comandar a equipe X-Press, na categoria revezamento dupla, além de realizar uma cobertura jornalística diferenciada realmente “in loco”.
Meu parceiro na prova foi George Kusterko, de 43 anos, fotógrafo e ciclista experiente. O primeiro evento dele, assim como de muitos amadores que encararam a missão de atravessar do sul ao norte Florianópolis através de modalidades, como: trekking (corrida por praias e trilhas); canoagem (lagoa, rio e mar) e ciclismo, para percorrer um total de 90 quilómetros.
Aos atletas da corrida de aventura e triatletas de ferro, acostumados as competições mais longas, a segunda edição do Multisport Brasil, serviu apenas de aperitivo para uma histórica temporada 2008, no qual o Brasil sediará o Mundial de Corrida de Aventura, no segundo semestre e, consolida Florianópolis como a cidade sede do Ironman Brasil pelo oitavo ano consecutivo, que rola em maio na praia de Jurerê.
O formato das corridas multisports nasceu na Nova Zelândia e no Brasil foi entitulado o “triatlon das montanhas”. “Quem participou ano passado (1ª edição) sabe que dobrou o número de participantes”, disse o organizador Anderson L. Roos no briefing de abertura.
O interesse por eventos multisports é notável, já com nova prova marcada para acontecer em Brasília no mês julho. Em Floripa, a prova consistiu num percurso balizado, dispensando a navegação com mapas.
A largada inicialmente marcada para sair da praia do Morro das Pedras teve que ser alterada por causa das fortes ondas que batiam contra a costeira que serviria como primeiro trecho de trekking da prova.
Num visual alucinante do sol nascente, a largada ocorreu às 6h45 da manhã do “caldeira”, no canto da praia da Armação. A contagem regressiva deu a partida da corrida até o Pantano do Sul, obrigatoriamente passando pelas praias do Matadeiro e Lagoinha do Leste, as mais belas da ilha.
Após 12 quilômetros em 1 hora e18 min, o primeiro a chegar na transição da bike foi Guilherme Pahl, de Brasília, seguido de perto pelos adversários. O primeiro trecho de corrida na praia já deixou vítimas, como a atleta Cinthia, da equipe SOS Mata Atlântica, que sentiu-se mal e foi socorrida pelos atletas Fernando Varella, Diogo Freitas e Silvio Zonato que pararam para dar assistência à atleta e mais tarde vieram a ser cortados na prova.
A segunda etapa foi de 37 km de ciclismo até a sede do Parque Florestal do Rio Vermelho, cruzando cartões postais da capital, como a Praia Mole. Foi então meu momento de entrar em ação para encarar minha especialidade: pedalar. Acelerei forte minha speed para fechar o percurso com 1 hora e 5 minutos. Com isso meu parceiro mal teve tempo para descansar para a canoagem de 11 km pela Lagoa da Conceição. Enquanto isso, Gulherme Pahl e Cristina Carvalho lideravam a prova já do outro lado da lagoa, partindo para o trecho mais longo de trekking com 16km pela trilha da Costa da Lagoa até Ratones.
A melhor atmosfera do evento foi justamente nesta transição em frente ao Open Winds, agência de ecoturismo patrocinadora do evento, em que os atletas chegavam com seus caiaques, as equipes de apoio cuidavam da logistica das embarcações para levar até a próxima etapa e, o público ali só de platéia.
Parti para o trekking exatamente ao meio dia e quinze, sob 33 graus celsius de temperatura. O “cabeçote” ferveu logo nos primeiros quilômetros, mas graças as inúmeras bicas e cachoeiras consegui refrescar minha mente pela trilha da Costa. Senão fosse o forte fluxo de água que escorria em vários momentos do caminho, tenho certeza que eu e muitas outras pessoas desistiriamos ali mesmo.
Mas o caminho úmido logo perdeu espaço para uma estrada empoeirada de chão batido, insuportavelmente quente, até encontrar nova área de transição, desta vez para última canoagem de 9 km pelos mangues e rios dentro da Reserva Ecológica de Carijos. Da corrida parti direto para a remada e, foi então que entendi a gigante diferença entre um caiaque convencional e outro caiaque especial - oceânico ou modelo k1 (caiaque olímpico de velocidade). Como a regra da prova permitia cada atleta utilizar o caiaque próprio, quem não dispunha de embarcação teve que se contentar com os “lentos” caiaques de fibra ou plástico, de uso recreacional. Se existisse uma comparação com bicicleta, pedalei uma “barra-forte” enquanto os adversários “speeds”. O fato é que o vento nordeste que batia na face ajudou a culminar as últimas energias depois de mais de 9 horas de prova.
A penúltima transição na praia da Daniela foi crucial para a decisão da corrida. Muitos atletas não seguiram a referência dada pela organização de seguir em direção a segunda antena da praia e passaram reto pelo PC. Foi o caso da atleta Cristina Carvalho, que tinha mais de 20 minutos de vantagem sobre Camila Nicolau e se perdeu deixando o caminho aberto para “Camy” consagra-se bicampeã do evento com o tempo de 7:32h. No masculino individual, Guilherme Pahl confirmou o favoritismo e sagrou-se também bicampeão, após levar a melhor no sprint final, nos últimos 900 metros de corrida na areia da praia, chegando apenas alguns segundos na frente de Márcio Franco, de São Paulo. Ambos, computaram 6:30hs de tempo de prova.
Outro bicampeão no Multisports foi local Rolf Hillman que venceu na categoria individual master. Já minha dupla X-Press completou os 90km do desafio em 10 horas e 10 minutos, na 45a colocação geral. Bom, nada mal para pessoas normais, afinal, como dizia um amigo” somos apenas pessoas comuns em lugares incomuns”. Até a próxima aventura…
O Multisports Brasil 2008 contou com o patrocínio da Deuter (www.deuter.com.br); Rikol (www.rikol.com.br) e Open Winds (www.openwinds.com.br). Apoios do Bar Taiko; Fundação Municipal de Esportes; Sollys; Portal Unimed e Reebok. Uma realização: Naturesporte - Associação de Esportes na Natureza (www.naturesporte.org.br)
Resultados Parciais
Individual Masculino
1 - Guilherme Pahl, Brasília
2 - Márcio Franco, São Paulo
3 - Alexandre Carrijo, Brasília
Individual Feminino
1 - Camila Nicolau, São Paulo
2 - Manuela Vilaseca, Rio de Janeiro
3 - Fernanda Maciel, Belo Horizonte
Individual Máster
1 - Rolf Hillmann, Florianópolis
Revezamento Dupla
1 - Raçapura, Florianópolis
2 - Manda Brasa, Florianópolis
3 - A2 Mkt de Impacto, Florianópolis
Revezamento Livre
1 - Rikol, Joinville
2 - ONS-B, Florianópolis
3 - ONS-A, Florianópolis
06 Mar 2008 - 19h16 | sul |
