Na véspera do feriado, literalmente, arrumamos a programação: vamos correr a prova de aventura da Faap! Foi difícil compor uma equipe já que todos deveriam ser "faapianos", estar com nada programado para o feriado e ainda saber, um pouco que fosse, do esporte. Missão não cumprida, embarcamos no ônibus da FAAP rumo à Angra dos Reis com apenas 3 elementos oficiais na equipe; o Rafa, um amigo que estudou com ele, Vitor, e eu. Ou seja, estávamos largando desclassificados.
A prova de aventura de FAAP para quem está acostumado com provas tradicionais de aventura é um paraíso; as mulheres não correm, desfilam. São todas lindas! Bikes recém compradas e embaladas para o transporte no caminhão da organização. Hotel Meliá em Angra, quartos luxuosos, bem diferentes dos tradicionais pulgueiros. O evento é uma somatória de pontos da prova de aventura e outras provinhas programadas ao longo do feriado.
A PRIMEIRA PROVA- na quinta feira era revezamento de canoagem; dar duas voltas de 3 km numa pequena ilha que tinha na frente do nosso hotel. Já saí do quarto com o Alceu (minha bóia de alce) na cintura, num ambiente onde pouquíssimas pessoas conheciam a gente e foi engraçado! O Alceu estava feliz, afinal numa equipe aonde ele é sempre o quinto elemento, virar o quarto é uma promoção e tanto! Decidimos que o Rafa remaria duas vezes, uma com o Vitor e a outra comigo. Foi dada a largada. Quem ficou na praia compartilhava a ansiedade e adrenalina de esperar a dupla. Olhares ficavam fixos na curva para saber quem seriam os primeiros a aparecer no horizonte. Os meninos embicaram na areia em segundo, pulei no caiaque e saímos num remo forte e ritmado. Logo passamos os primeiros e conseguimos abrir um pouco das duplas que vinham atrás; miramos no pórtico, arrastamos o caiaque e cruzamos a linha de chegada! Primeirão!! Agora todos já conheciam oficialmente o Alceu..rs.
SEGUNDA PROVA- cabo de guerra. Nem com uma incrível aula teórica dos Skaf conseguimos segurar a corda mais que alguns segundos. Perdemos para uma equipe atrás da outra, não tínhamos peso e nem pessoas suficientes na equipe para vencer nossos concorrentes.
No segundo dia a TERCEIRA PROVA, um trekking bate e volta num trecho da trilha do ouro. As equipes largavam de 2 em 2 minutos, subiam a trilha beirando o rio e desciam à toda. Largamos! Eu congestionada e com a garganta seca, à base de antinflamatórios, fui ficando para trás. O Rafa rapidamente sacou o reboque, coloquei na cintura e aceleramos. A equipe do Gui Mattos (uma das nossas “rivais”) tinha largado na nossa frente. Cruzamos com eles voltando, foi o suficiente para a gente querer acelerar mais e chegamos juntos, três equipes emboladas. O nosso tempo de 25min e 15’ foi o melhor de todas as equipes.
QUARTA PROVA- rafting e trekking. Toda a equipe tinha um guia. A gente entrou no bote já colocando pressão no nosso guia para ajudar a gente, reminho duro. Mais uma vez chegamos embolados na saída da água com as duas equipes que largaram na nossa frente, mas não tinha acabado ainda, tínhamos que voltar o trecho correndo pela estrada e tome reboque de novo. Nossa equipe estava mais cansada e a gente via a equipe do Gui, mas não conseguíamos chegar nela, e ainda fomos pegos pela equipe do André (um triatleta de 17 anos que promete!). No final não conseguimos descobrir a nossa classificação, mas achamos que ficamos entre o terceiro e o quarto lugar.
Depois de dois dias, as equipe com chances de ganhar já despontavam entre as outras. Apostas já rolavam e todos já faziam cálculos e somatórias de pontos acumulados. Nossa equipe, desclassificada, só se divertia com a história. Tinham os que estavam tristes por nós e tinham os que não estavam tão tristes assim...rs.
Entre uma prova e outra descobrimos a Carmen, uma lenda viva das corridas de aventura que correu entre outras prova, o (Eco-Challenge) Fiji com Alexandre Freitas, um ícone do esporte. Campeã de canoagem, caiçara de Angra, morena de beleza bem brasileira, ajudante do Said na logística de Ecomotions e ali na prova da Faap. Sua humildade era até gritante ali no meio de tantos egos... E com ela, seu filho de 15 anos, um menino de sorriso tímido, muita disposição e um grande sonho: correr uma prova de aventura. Nessa hora tive a certeza do porque estarmos ali. Tudo parecia fazer sentido, a gente não tinha ido para a prova da FAAP em três sem nenhum motivo, ele estava ali: o nome dele era Wagner!
A saída era de caiaque com todos já na praia à postos. E foi dada a largada... epa epa volta! Algum engraçadinho começou uma contagem regressiva de brincadeira. Na oficial saímos forte, eu remava com o Wagner, e o Rafa e o Vitor vinham atrás. A gente seguia a equipe do Hadi e do Pedrão (nossos amigos de treino Selva) e chegamos rápido no PC1. Tiramos os coletes, deixamos os remos e pegamos as bikes e assim fomos com equipes na nossa cola. Logo chegamos no PC2. Largamos as bikes e subimos outro trecho da estrada real até uma cachoeira; ali a brincadeira era falar da prova da FAAP; “Caraca! Os caras mandam até “asfaltar” a trilha para a gente passar”; “Tem ponto de hidratação no PC!”; “E o sol então, apareceu no dia da prova, até a conta corrente de São Pedro a FAAP tem!”; “Tem foto da entrada do PC no race book para você não se perder..!” e por aí a fora. Depois de bater o PC3 descemos pelo mesmo caminho de volta para as bikes, incentivando as equipes que subiam e sendo incentivados por elas “Vamos, vamos os primeiros estão logo aí!”
Bikes de novo e todos num ritmo bem parecido e assim fomos até o PC7. Largamos as bikes com o Said no caminhão e partimos para o trekking. Uma bobeadinha e ops... passamos a entrada. Volta rapidinho sem perder tempo e vamos que vamos! O trekking foi duro porque tinha muita subida e o Rafa, ora rebocava o Vitor, ora rebocava o Wagner. O Wagner tinha câimbras e volta e meia a gente tinha que parar e massagear. Chegamos numa descida e fomos com tudo, correndo feito uns animais quando de repente damos de cara com o asfalto... balde de água gelada “Erramos Ah nããão!!” e não fomos só nós, a equipe do Hadi estava voltando também!
Juntamos as duas equipes Selva de coração e começamos a “escalar” o morro que a gente tinha descido à milhão. Nessa hora o ânimo da equipe deu aquela caída. “Não desanima não! Tem bastante prova ainda pela frente!” Descobrimos o erro e passamos pelo PC8 ainda em segundo lugar, ufa não perdemos colocação, isso foi importante para reestabelecer a alegria da equipe, mas os minutos perdidos fariam diferença; as equipes vinham atrás babando.
O Rafa rebocava o Wager “Vamos equipe! Pelo menos mais um PC na frente!” Às vezes a gente trotava, às vezes andava e o Wagner já estava bem cansado. Por sorte as equipes que vinham atrás de nós também estavam com um ritmo parecido com o nosso. A gente já estava sem água. A equipe 18 vinha atrás - Obrigada Marcelinho - que cedeu um pouco de sua água para os desidratados!! Nessa hora eu tentava a todo custo incentivar o Wagner, que já estava no limite “Vambora muleque que a sua modalidade tá chegando, e aí não tem para ninguém!” E assim ia, na contagem regressiva para o trecho final que era remo!
Assinamos o PC11 totalmente embolados com a equipe 18 do Gui e Marcelinho e a equipe dos Skaf, agora era tirar a diferença no braço! Saímos atrás deles e em questão de tempo eu e o Wagner já despontávamos na frente. A dupla de irmãos colaram no nosso caiaque e foram o tempo inteiro na esteira. Volta e meia a gente sentia o tranco do caiaque deles batendo no nosso. Seguimos incentivados pela Carmem, que seguia com o Said num barco da organização!
Abrimos das outras equipes e chegamos na ilha aonde era o rapel, o mesmo do ecomotion 2005. Eu e o Rafa saímos ventando e deixamos os meninos com a missão de arrumar Coca-Cola para a gente e patrocinados por uma mesa animada de senhores, fomos abençoados com latinhas geladas na chegada do rapel! Último trecho de remo rumo ao Frade com destino ao pórtico. Chegamos em segundo lugar e junto com a primeira equipe pagamos as tradicionais 10 flexões Selva no pórtico!
Um sonho de um “tourinho” de 15 anos mais do que realizado! Fizemos parte de sua primeira prova de aventura com direito a um segundo lugar. Desclassificados. Mas com uma premiação que ninguém mais teve: um sorriso iluminado de agradecimento!
Obrigada Carmem e FAAP pela oportunidade. Obrigada equipe, vocês foram bravos. E deixo aqui os parabéns à todas as equipes que foram guerreiras, principalmente as que nunca tinham feito uma prova na vida e enfrentaram o desafio sem medo! Que venha a próxima!
Luli Cox
Equipe Uirapuru
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