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Para quem conhece a região central de São Paulo durante o dia, lotada de pessoas indo e vindo para o trabalho, disputando espaço com camelôs e artistas de rua e se esquivando dos trombadinhas, esse provavelmente seria o último lugar a ser escolhido como destino em uma corrida de aventura. A proposta de uma corrida urbana dentro da maior cidade da América do Sul teve inicialmente um impacto negativo entre os competidores, que questionavam as questões de segurança e de não haver o contato com a natureza, a principal característica dos eventos outdoor.
Mas o fato de contar pontos para um circuito que já havia começado foi um dos fatores que estimulou a inscrição das equipes. Outros fatores foi o custo menor e a facilidade de participar em relação à outras etapas.
Por ser uma prova urbana e a navegação favorecer os moradores locais, a preocupação era muito maior das equipes de fora da cidade, que tinham pouco ou quase nenhum conhecimento dos pontos turísticos escolhidos pela organização como passagem das equipes, e muito menos de como chegar neles. Mas mesmo assim equipes como a Tribus Adventure, do Rio de Janeiro, e ARS São Francisco, de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, decidiram se arriscar. A principal baixa do evento foi a Oskalunga, do Distrito Federal, uma das maiores vencedoras do circuito.
Mas para as equipes que costumam apenas participar do Adventure Camp, houve mais novidades do que simplesmente correr no asfalto. Elas enfrentariam pela primeira vez uma prova noturna e teriam a ajuda da equipe de apoio. Para os atletas mais experientes isso pode não significar muita coisa pois o fator escuridão realmente não existiu, mas ficar praticando atividade física até de madrugada é novidade para muitas pessoas.
No final o evento se mostrou muito mais agradável e divertido que o esperado e muitas das preocupações existentes antes da prova foram deixadas um pouco de lado após a largada, mas como corredores de aventura as pessoas querem sair da cidade, conhecer lugares novos e fugir um pouco do concreto e asfalto que os rodeia durante toda a semana.
A prova - Todo o preparativo pré-prova aconteceu no Shopping Eldorado, localizado na zona oeste de São Paulo, às margens do Rio Pinheiros e bem próximo à USP (Universidade de São Paulo), local onde aconteceram a clínica e a corrida dos Teens e que à noite serviu de transição para os adultos.
Logo ao entrar no estabelecimento era possível ver que alguma coisa ali não estava certa, com algumas centenas de pessoas vestindo a mesma camisa azul com o logotipo laranja na frente, carregando mochilas nas costas e usando calças legging, tanto homens como mulheres, e que circulavam livremente pelo local. Na Praça de Eventos, localizado no primeiro andar do shopping, aconteceu o secretariado como a conferência das inscrições e a passagem das informações da corrida.
O ambiente era de descontração e a atitude dos participantes era como se estivessem em qualquer outro lugar aonde aconteceria uma corrida de aventura, exceto dentro de um shopping center. As pessoas passavam curiosas, mas eram poucas as que se arriscavam a perguntar do que se tratava.
Mantendo a tradição do evento, pouco antes do briefing todos puderam assistir ao vídeo da etapa anterior. Briefing realizado, instruções de prova recebidas, informações sobre a segurança no meio da cidade anotadas e logo todos puderam se dispersar para os preparativos. A largada estava prevista para as 23h00, então os atletas tiveram tempo suficiente para arrumar seus equipamentos e também jantar. A rotatividade das mesas da praça de alimentação diminiu porque as equipes aproveitavam para comer e também estudar os mapas e traçar suas estratégias.
Pouco antes do horário da largada era possível ver alguns atletas utilizando as “ruas” internas para se aquecer, dando trotes ao redor das lojas e se apoiando nas paredes para alongar.
E o que parece estar se tornando uma outra tradição do Adventure Camp, poucos minutos antes da largada começou a chover, tornando a noite muito mais gelada que o esperado pelos participantes.
O uso de outros mapas além dos fornecidos pela organização era liberado, e somente navegou quem não conhecia alguns dos pontos turísticos de passagem obrigatória. Resumidamente as equipes sairiam do Shopping Eldorado em direção ao centro de São Paulo, aonde fariam o Rogaine (um tipo de corrida de orientação mas sem uma ordem específica dos postos de controle), em um tempo máximo de 20 minutos, e depois se dirigiriam a pé para a USP, onde pegariam as bicicletas, fariam outro rogaine, desta vez sem controle de tempo, e depois se deslocariam de carro até a Represa de Guarapiranga para a etapa final de canoagem.
A etapa de trekking passou por locais como a Igreja Nossa Senhora do Brasil, nas esquinas das Avenidas Europa e Brasil, o Viaduto do Chá, a Praça da Sé, o Teatro Municipal e a Biblioteca Mário de Andrade.
A ida e a volta até o centro de São Paulo foi bastante agitado, passando por ruas bastante movimentadas e obrigando os participantes a negociar a travessia das ruas com os carros e as pessoas que começavam a noite em busca das ‘baladas’.
Mas na região central da cidade os únicos espectadores eram os mendigos, porteiros de hotéis, acompanhantes de atletas e algumas poucas pessoas que passavam pelo local. Do alto do Viaduto do Chá era possível ver as pequenas luzes das lanternas se aproximando de todos os lados. As primeiras equipes chegaram pela Rua Direita, mas depois vieram outras pela Rua Xavier de Toledo e pelo Vale do Anhangabaú.
No PC3 as equipe recebiam um novo mapa e deveriam passar pelo maior número de pontos dentre os demarcados em vermelho, sendo que o tempo permitido para marcar na ficha a passagem da equipe era de apenas 20 minutos. Até então a chuva que tinha dado uma trégua voltou a cair e desta vez mais forte. Manter o novo mapa seco e inteiro até o PC seguinte era o mais novo desafio dos navegadores, caso contrário a organização não poderia verificar a passagem pelos pontos.
Decorrido o tempo permitido, a equipe se dirigia ao PC 4, onde entregava o mapa recebido, assinando sua passagem pelo mesmo. A cada ponto que a equipe não passasse dentro do tempo limite seria acrescentado 6 minutos no tempo final.
Em direção à USP era possível ver uma fileira de competidores na principal ligação do centro à região oeste, formado pela subida da rua da Consolação, passando por um dos pontos mais altos da cidade, a Avenida Paulista, e a descida da Avenida Rebouças. A parte ruim para os competidores foi ter que enfrentar as calçadas da capital paulista, que possui mais buracos e irregularidades que qualquer trilha ou estrada de terra, a parte boa foi que a qualquer momento os participantes poderiam parar nas lojas de conveniência para se alimentar e hidratar.
Na USP, dois atletas de cada equipe faziam a etapa de técnicas verticais dentro do Velódromo, um rapel de aproximadamente 40 metros. Depois que a equipe se reunisse novamente, partia de bicicleta para encontrar alguns pontos obrigatórios dentro da Cidade Universitária. Terminada essa seção todos deveriam se dirigir para as margens da Represa de Guarapiranga para a etapa de canoagem, que teria largada apenas às 06h00.
Esse tempo livre para a re-largada poderia ser utilizada da melhor maneira pelas equipes, portanto as mais rápidas tiveram mais tempo para se trocar e se aquecer. Algumas decidiram seguir direto para a sede da ONG Peixe Vivo, onde encontraram chocolate quente e uma fogueira para se aquecer. Tinha até um banda ao vivo tentando animar os atletas, mas naquele momento todos queriam mesmo era dormir. Outras optaram por ficar na cidade, dormir na casa de alguém, mesmo por poucas horas, e sair no meio da madrugada para a etapa seguinte.
Mas o frio e a quebra de ritmo entre as ‘duas provas’ fez com que muitos desistissem após a etapa de ciclismo. A proximidade de casa também foi um fator que influenciou bastante nessas decisões.
A chuva não deu trégua durante toda a noite e às 06h30 da manhã as equipes largaram para a etapa de canoagem com a utilização de apenas um duck para as 4 pessoas. Elas teriam que decidir pela melhor estratégia para encontrar os postos de controle, que também não tinham ordem obrigatória.
Cerca de 1h30 depois as primeiras equipes começaram a despontar no horizonte em direção à chegada. Mas desta vez a ordem de passagem sob o pórtico não significa a classificação final. Deveriam ser verificados a quantidade de postos de controle conquistados durante o rogaine e descontados os tempos de diferença para saber quem foi realmente o vencedor.
Veja abaixo como ficou a classificação parcial:
01 - Team Xpresso
02 - Selva NSK Kailash
03 - Quasar Lontra Mitsubishi
04 - Motorola SOS Mata Atlântica
05 - ARS São Francisco Clínicas / High Tech Imports
06 – Life Guard
07 - Tribus Adventure Team
08 - Curtlo Track&Field Lobo Guará
09 - Pa-Buff Master
10 - Landscape Go Outside
Ao final da premiação Sérgio Zolino anunciou que houve uma alteração no circuito e o EMA Remake será considero como a próxima aventura. Junto com a prova principal que terá percurso de 230 Km, haverá uma prova menor, de 50 Km, e que participar de qualquer uma das duas estará pontuando. A etapa está marcada para acontecer entre os dias 31/07 e 03/08, em Paraibuna e Ilhabela.
Mais informações: www.adventurecamp.com.br
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