A cada mês uma nova equipe será apresentada neste espaço para que você conheça sua história e sua evolução dentro do esporte. A escolhida para iniciar essa série foi a equipe Life Guard (SP), que surpreendeu muita gente com a conquista do 5° lugar no Brasil Wild Extreme.
Leia abaixo a entrevista com Thiago Bagnolesi, capitão da equipe.
Qual a formação atual da Life Guard?
A equipe atual é composta por:
Thiago Bonini Bagnolesi – 23 anos - Soldado do Corpo de Bombeiros;
Thais Cláudio – 28 anos – Cirurgiã de Cabeça e Pescoço;
Darcio Alves – 33 anos – Analista de Sistemas;
Marco Berguvite - 43 anos – Protético
O porque do nome?
O nome surgiu devido aos primeiros integrantes serem guarda-vidas. Eles apenas passaram a profissão para o inglês.
Como surgiu a equipe?
A equipe surgiu em março de 2005, quando o Lucas (Chauás) organizou uma prova em Itanhaém (Chauás Night). Montamos duas equipes: Life Guard I – Thiago Bonini Bagnolesi e Helio Bagnolesi – e Life Guard II – Abelardo Vale de Souza Neto e Marlison José. Fato importante: foi o próprio Lucas quem nos ensinou a navegar, em uma hora.
Um dia antes da prova o Lucas estava acertando conosco o apoio que o Corpo de Bombeiros daria durante o evento na parte de prevenção. Ele aproveitou que estava no nosso "Posto de Bombeiros de Itanhaém (PB 23)" e nos deu algumas dicas de como funcionava a navegação. Como eu já tinha feito um curso de embarcação, que ensinava navegação marítima, fui o escolhido para navegar. Resultado: ficamos perdidos a noite inteira. Não que o professor não fosse bom, mas só uma hora para aprender a navegar numa Chauás não dá.
Nossa escala de serviço funcionava em regime de 12 horas de trabalho por 36 horas de folga. Como era uma prova noturna, começamos no sábado (nosso dia de folga como bombeiros) e terminaríamos no domingo (dia de serviço). Como subestimamos a corrida de aventura, achamos que seria coisa fácil e terminaríamos bem cedo, antes do horário de trabalho.
Só que, devido à nossa navegação apuradíssima... (risos), nos perdemos e fomos parar fora do mapa. Eram 9 horas da manhã e ainda estávamos terminando a prova. A nossa sorte é que estávamos com nosso comandante, Sargento Valle. Como estávamos no meio do mato e não tínhamos como sair, ele falou: “Agora temos que tentar terminar o mais rápido possível para entrarmos em serviço”.
Acabamos a prova e fomos do jeito que estávamos trabalhar. Acho que foi o dia mais duro de serviço que tivemos, pois não conseguíamos andar de tanta dor no corpo. Mesmo assim fizemos alguns salvamentos na praia em que trabalhamos. Foi difícil, muito difícil.
Aprendemos a não subestimar mais nenhum esporte que não conhecemos e foi assim que nos apaixonamos pela corrida de aventura.
Como é o treinamento de cada atleta? Como conciliar com o trabalho?
O treinamento é muito difícil para o Darcio e a Thais, pois o trabalho deles é muito estressante, principalmente a Thais, que tem dias que não tem tempo de treinar. Ela treina entre uma cirurgia e outra.
Já para mim e para o Marco é mais fácil, pois moramos na Baixada Santista e lá o treino pode ser realizado em qualquer horário, mas mesmo assim passamos por dificuldades. A maior delas é o fator grana ($$$$). Gostaríamos de poder estar em todas as provas do Brasil, mas temos que ser muito seletivos, pois o dinheiro é nosso maior problema. A nossa sorte é que alguns organizadores sempre nos dão alguma ajuda e com isso conseguimos estar em algumas provas importantes. No Brasil Wild Extreme recebemos apoio também da Bike Stop e da empresa de soluções em negócios Fast Search.
Basicamente, corremos e fazemos musculação a semana inteira, todos os dias possíveis. No final de semana pedalamos e remamos. Não seguimos planilhas, somente o Darcio segue uma e que está dando ótimos resultados. Só não seguimos planilha porque nunca sabemos o que vamos poder fazer no dia-a-dia. Além disso, planilha prende muito o atleta. Fazemos Corrida de Aventura porque nela nos divertimos e não é para ser um sacrifício estressante.
No final de semana marcamos treinos juntos e se não for possível, cada atleta rema e pedala sozinho. Como todos os finais de semana estou com a Thais – namoramos há quase 2 anos - sempre treinamos juntos.
Quais os pontos fortes de cada atleta e qual a função de cada um na equipe?
Thiago Bonini – 1º Navegador e Capitão;
Darcio Alves – 2º Navegador;
Thais Cláudio – Logística e marca passo;
Marco Berguvite – Logística
Acredito que os pontos fortes de cada um seja que todos têm muita força de vontade e muita garra, mas cada um com algumas peculiaridades. Quando alguém se machuca a Thais sempre está em cima, já cuidando. O Darcio está sempre calmo e passa isso a todos. Nunca vimos ele nervoso. O Marco é muito calmo também, sempre carrega algo quando alguém está cansado e sempre aparece com alguma experiência que já passou para nos mostrar a solução mais cabível. Eu sou meio estressado fora da prova, mas durante a corrida me transformo em uma pessoa muito calma, sempre puxando e acelerando a equipe e carregando as coisas de quem está cansado.
Quais as competições que participa normalmente?
Adventure Camp, Chauás, Brasil Wild. Pretendemos começar a correr provas fora do Estado.
Quais os objetivos da equipe nas Corridas de Aventura?
Nos divertirmos e conhecermos novas pessoas, deixando o estresse do dia-a-dia para trás e vivendo minutos que nunca teríamos se não praticássemos este tipo de esporte.
Quais os melhores resultados?
5º colocação no Brasil Wild Extreme – Nordeste - 2008.
5ª colocação no Adventure Camp – Parati/RJ – 2007;
8º colocação no Circuito Adventure Camp 2007;
2º colocação no Circuito Expedição Chauás 2006;
1º colocação quarteto masculino na Expedição Chauás - Serra do Mar/SP - 2006;
2º colocação na Expedição Chauás – Guaratinguetá/SP - 2006;
2º colocação Expedição Chauás – Itanhaém/SP - 2006;
4º colocação na Trilha Brazil Adventure Races - Embu /SP - 2006;
1º colocação na Trilha Brazil Adventure Races - Maresias/SP - 2006;
1ª colocação geral na Chauás Night – Juquiá/SP - 2006;
2ª colocação geral na Chauás Race – Riviera de São Lourenço/SP - 2006;
4ª colocação masculina no Circuito Chauás Race 2006.
Episódio: Conte um fato que tenha ocorrido numa prova que marcou a equipe?
Acredito que o fato que mais marcou a equipe foi em nossa última prova, Brasil Wild Extreme 2008, no pior trecho da prova: o “Raso da Catarina”.
Nossa equipe, após mais de 90 horas de prova, passou por esse trecho ao sol do meio dia. A Thais desmaiou duas vezes, o Darcio, uma, e mesmo assim continuamos. Os pés estavam com bolhas e tão inchados que nem cabiam no tênis e a água já se esgotando. Fomos no nosso limite. Mas o espírito de equipe e a união que temos, nos levaram até o fim. Acredito que este trecho foi uma superação para todos nós.
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