Nossa maior preocupação antes da prova era com o clima da região. Com o atraso na largada, iniciaríamos o percurso com sol a pino e a dúvida era se nos pouparíamos no começo para evitar um desgaste maior ou se puxaríamos nosso ritmo para não nos distanciarmos dos líderes. Felizmente o sol colaborou e não castigou tanto quanto esperávamos.
O trekking até o PC1 foi muito forte e até então ainda divergíamos quanto a atacar ou não o PC Bônus, que daria 2h30 de bonificação. Temíamos perder muito tempo procurando-o e só conseguir alcançar a pista de orientação à noite, o que poderia neutralizar o bônus de tempo conquistado. Após rápidos cálculos para estimar o tempo necessário até o PC da pista, resolvemos ir atrás do bônus. Batemos o PC 1 em primeiro, praticamente juntos com Iguana, Bichos do Mato e Ovelhas Negras. O PC Bônus estava a menos de 3km dali, mas a trilha subia pela Serra do Chapéu e havia muitas pedras soltas, tornando o percurso muito sofrido. Trekking duro, mas navegação bem simples, achamos o ponto, perfuramos os braceletes e voltamos rapidamente. Antes de descer fomos presenteados com a linda vista do alto da serra: de um lado a cidade de Currais Novos, de onde tínhamos largado, do outro o Cânion dos Apertados, para onde iríamos em seguida.
Voltando ao PC1, o saldo do bônus acabou sendo muito positivo. Levamos pouco mais de uma hora para ir e voltar e, pelos nossos cálculos, tínhamos tempo suficiente para alcançar a pista de orientação ainda de dia. Seguimos então para mais trekking pelo Cânion dos Apertados, um belíssimo vale de montanhas por onde corre o rio Picuí. Mais pedras e muita areia faziam a progressão muito pesada e cansativa.
No PC2, transição para o MTB, reabastecemos e partimos juntos com Iguana e Bichos do Mato. A partir daí, as coisas começaram a dar errado e parecia que a prova iria desandar pra nós. Os tênis e as nadadeiras presas em um dos bagageiros caíram e com isso perdemos muito tempo voltando para procurá-los. Quando conseguimos encontrar o material perdido e prendê-lo com mais calma, nosso capitão começou a se queixar de enjôos e o rendimento do nosso pedal caiu muito. Optamos então por fazer uma pausa, tomar um soro, comer alguma coisa. Todos recuperados, voltamos a pedalar forte, rumo ao Povoado Cruz, onde realizaríamos a pista de Orientação. Tínhamos a opção de seguir por uma trilha mais curta, mas optamos por pegar o asfalto para forçarmos o ritmo. Quando chegamos, as primeiras equipes ainda estavam dentro da pista e partimos correndo para aproveitar os últimos raios do sol. Ao sair, estávamos a 1h da primeira equipe, a Arenã (que não pegou o bônus) e a 15 minutos de Iguana e Bichos do Mato.
Na segunda perna de Bike, quando novamente alcançamos os líderes, enfrentamos mais problemas. Pneus furados, algumas quedas e cãibras nos tomaram muito tempo, mas não a motivação para continuar brigando. Trilhas muito acidentadas, alguns downhills e lama marcaram o trajeto até o PC 6, onde realizaríamos a travessia do Açude Dourado. Já do outro lado do açude, partimos para a última perna de trekking e, no PC8 ficamos sabendo que estávamos em segundo lugar, a poucos minutos da Iguana. Forçamos ainda mais o passo a despeito das dores musculares e pés estourados para tentar surpreendê-los no finalzinho, mas não conseguimos alcançá-los.
No balanço final da corrida, consideramos o resultado mais do que excelente. Não tanto pelos problemas enfrentados, uma vez que estes são inerentes ao esporte, mas sim pela dificuldade da prova e pelo alto nível das equipes presentes que, apesar da competitividade, sempre se mostraram muito camaradas.
Nossa equipe gostaria de agradecer à Orient, representante da SsangYong em Natal, na pessoa do Sr Paulo pela confiança e apoio.
Jalon Medeiros
Navegador da Equipe Kayapó SsangYong